Capítulo 14: Questão de Sobrevivência

891 102 8
                                    

Tiveram que pegar um ônibus para a Floresta Nacional Los Padres. Alice sugeriu que fossem voando, mas logo lembrou que seria impossível com seus poderes sendo anulados por estar perto de Ichiro. Quando chegaram na frente dos grandes portões da entrada, Alice leu a pista novamente, em voz alta:

A segunda, revelei

A bela floresta, indicarei.

Os soldados esquecidos, disse o Frei.

No topo, avistarei.

—  Dá a entender que a próxima pista está no topo de uma árvore — Os soldados esquecidos, seja lá o que for isso. — disse Alice, pensativa.

— Mas qual árvore? Existem zilhões...

— Não sei, mas pode ter alguma coisa a ver com Frei.

— Frei, Frei... não me lembro de nada...

— Algum Frei empenhado em uma causa ambiental? — Ichiro riu. — Ah, sei lá, estamos falando de árvores. — o rosto de Ichiro iluminou-se, quando Alice disse árvores.

— Você é um gênio, Alice. Vamos, temos que procurar uma lista, ou qualquer coisa que tenha a relação de árvores famosas nessa reserva. — disse Ichiro, puxando-a pelo braço. Alice não entendeu de momento o que iam fazer, mas teve que o acompanhar.  

— Tipo isso que está procurando? — disse Alice, apontando para uma placa de metal que indicava justamente o que Ichiro procurava.

— Exatamente. Ah, vamos ver... — disse, descendo o dedo pela placa. — Aqui, aqui...isso — comemorou Ichiro. — Árvore Frei Alexander —   Trilha do catequista. — Ao lado da inscrição, tinha uma seta indicando a direção.

— Tem tudo a ver... — disse Alice, feliz. — Acho que não sou eu o gênio não. — Eles riram e começaram a caminhada.

Não era muito longe. Seguiam a trilha. Apesar do dia estar morno, a caminhada fez com que ficassem cansados. Decidiram parar para descansar.

— Sabe, se eu tivesse desistido dos meus poderes, nada disso teria acontecido — falou Alice.

— Quem disse que não? Ele teria colocado a bomba do mesmo jeito. A única diferença, é que não teríamos você pra nos salvar.

— Claro que não, Ichiro — disse Alice, encostando numa árvore. — O único motivo de ele ter feito isso e ter me atacado ontem é que ele não gosta de mim, o porquê eu não sei...Tudo se resolveria se eu desistisse, tudo mesmo... — seus olhares provocaram-se. Ichiro acariciou o rosto de Alice, suas mãos escorregaram pela cintura dela e ele a beijou. Desta vez, lentamente.

— Se ficarmos juntos, com o tempo você se tornara mortal permanentemente...é difícil, mas —disse Ichiro, encostando sua testa na de Alice — eu não posso deixar que isso aconteça, por mais que eu queira...queira demais.

— Não, não... — disse Alice, desesperada. — Podemos sim, todo mundo viveu muito bem até agora sem mim, podem continuar... eles conseguem, eu acho.

— Talvez por um tempo, mas quando chegar a sua grande batalha, o mal do seu tempo, eles não terão você para os salvar. É por isso, você tem que entender que você é a única que poderá fazer alguma coisa, está destinada a isso — Ichiro apontava, com o dedo indicador, para o peito de Popper.

— Eu não quero isso pra mim, não quero viver pra sempre sozinha.

— Para o bem de todos, é necessário sacrificar algumas coisas.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora