Capítulo 23: Jogo Duplo

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Uma semana antes...

Uma estranha calmaria tomava conta da casa do Delegado Norton. Seria normal se naquele dia o homem não tivesse chegado mais cedo da delegacia, antes do jantar. Esperava encontrar sua esposa cozinhando e seus filhos fazendo bagunça, mas a única coisa que viu e ouviu foi escuridão e silêncio. Desconfiado de alguma tramoia de sua família, entrou sorrateiramente pelo saguão, de fininho, e sem acender a luz, subiu as escadas. Foi até seu quarto: ninguém. Entrou no quarto das crianças: nada. Onde é que se meteram? Desceu até a cozinha e foi até o mural de avisos, sempre deixavam recado lá. Também nada. Até que ouviu um barulho vindo da sala.

— Ah, vocês estão aí. Estava fincando preocupado achando que... — parou de falar, quando acendeu a luz da sala e viu quem estava lá.

— Surpresa! — disse um homem que Norton não sabia identificar. Seus dois filhos e sua mulher estavam ajoelhados, amordaçados e amarrados. E três homens apontavam armas para as suas cabeças. O homem que falou, apontava a arma para a esposa do delegado. Quando os familiares de Norton o viram, começaram a chorar e a resmungar o que com certeza, seria um pedido de ajuda.

— M-misericórdia, o que é isto? Deixe minha família em paz. Quem são vocês? Pelo amor de Deus, não façam nada. São ladrões? Eu dou tudo o que vocês quiserem, só...por favor — implorou desesperado

— Quantas perguntas...Não queremos nada de você e não faremos nada a sua família se você cooperar. — disse o líder.

— Tudo bem, eu faço qualquer coisa, só libertem eles...

— Depois que conversarmos... Vocês dois — disse para os comparsas. — cuidem deles. Eu e o Delegado Norton temos assuntos a tratar.

O homem soltou a mulher que ficou na mira dos comparsas. Ele acompanhou Norton até a sala de jantar. Sentou-se na cadeira como quem senta no sofá.

— Só por favor, não façam nada com a minha família, eles não têm culpa...

— Norton, eu já disse que se você cooperar, não farei mal algum a eles.

— O que você quer? Quem é você?

— Não interessa quem sou. Eu só preciso que faça algo, e algumas coisas desaparecerem.... — Norton faz cara de desentendido. Tinha reparado que todos os homens usavam roupas pretas e tinham a cabeça raspada, deixando apenas um símbolo estranho que lembrava um dragão, desenhado na parte de trás da cabeça. — Simples. Quero que solte um prisioneiro e faça com que as provas sejam perdidas.

— Quem? Qual prisioneiro?

— Russel Carter, conhece bem não é?

— Isso só pode ser brincadeira. Aquele homem causou grande terror na cidade ano passado. Feriu e quase matou várias pessoas. Com grande sacrifico e com a ajuda de Miss Popper, o capturamos.

— Eu já sei dessa história, não preciso que me lembre. O que eu não sei é se você irá topar o que eu propus.

— Isso é um absurdo eu...

— Senão, não terei outra escolha a não ser, machucar sua família, e machucar é uma palavra bonita para o que eu realmente irei fazer... — interrompeu o homem. Norton ficou mudo. O que eu faço?

— Só libertá-lo?

— E sumir com algumas provas.

— Se eu fizer, você deixará minha família em paz? Nunca mais irá atacá-los?

— Se fizer tudo direito, e não voltar atrás, não haverá motivos para sua família ficar com medo em relação a mim.

Norton respirou fundo. Sabia que era errado, mas o que poderia fazer? Sua família estava em perigo. E é claro que depois ele iniciaria uma investigação, como tinha memória fotográfica, seria fácil fazer um retrato falado dos homens. E então, concordou em libertar Dominus.

— Colocarei ele em regime semiaberto, com proteção, até não houver provas o suficiente para incriminá-lo e aí, será libertado.

— Se isso não demorar muito.

— Não, no máximo 2 semanas.

— É aceitável, porém não ache que só porque você falou que vamos acreditar. Iremos vigiar você, e qualquer deslize, sua família que pagará o preço.

— Não haverá deslize. Dou minha palavra.

No dia seguinte, Norton começou a se mobilizar. Teve que inventar um plano de argumentação todo contrário do que falou no ano anterior, além de mexer nos documentos do caso e fazer seu jogo duplo, tirando e colocando outros documentos no lugar. Ele fez isso durante a semana e daí sim, pediu para reabrir o caso alegando falta de provas e de uma conclusão satisfatória. Sua argumentação foi tão forte e as provas mentirosas surtiram tal efeito, que foi impossível não deixar um clima de dúvida no ar. Praticamente todos foram a favor de reabrir e deixar o condenado em liberdade provisória.

No dia em que Popper o visitou, seu coração gelou. Nunca havido ido com a cara da garota. E mandá-la ficar uma noite na prisão foi um prato cheio. Mas sabia que ela era esperta demais para deixar isso pra lá, e mais cedo ou mais tarde, descobriria tudo. Mas o que lhe deixava mais nervoso, era o fato de ela ter dito que cuidaria ela mesmo do caso.

//Nota da Autora\\

Mais um capítulo! Votem e cometem, por favor... Quero saber o que vocês estão achando da história. Até mais <3




Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora