Capítulo 11: Fase Preta

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Alice passou as semanas seguintes trancada em seu quarto. Saía apenas para o treino diário e também quando precisavam de sua ajuda na cidade. Tinha cansado de tentar convencer Ichiro da revogação dos poderes, ele sempre mudava de assunto ou dizia simplesmente: não. Sua vida tornava-se cada vez mais monótona, não aguentava aquele suspense todo de Ichiro e se sentia infeliz. Almoçar nos Oota não era tão legal mais. Assistir The Lea's Show agora, parecia fútil e nada divertido e o pior: Ichiro parecia não entender.

Estavam sentados na grama, pela primeira vez em semanas. Ichiro tentava animar Alice.

— Disseram que tem um molho novo lá, tipo mexicano...Seria legal se fossemos...

— Eu não quero ir a lugar nenhum com você, Ichiro...que saco. — respondeu, com raiva.

— Por que diabos você tá assim? Eu não entendo.

— Eu que não entendo essa sua cara de pau... tenta fingir que tá tudo bem, mas não está...NÃO ESTÁ! — gritou Alice. Estava a ponto de chorar. — E quer saber de uma coisa? — disse, olhando nos olhos de Ichiro. Não esperou a resposta. — Pra mim já deu. — antes que pudesse levantar, Ichiro agarra seu braço.

— Por favor, pare de ser tão mimada...

— Mimada? Ah, vá a merda.

— É sim, mimada. Você não vê o que eu to fazendo é pra o nosso próprio bem? O silêncio as vezes é o melhor antídoto.

— E as vezes o pior veneno. — disse, saindo em direção ao portão. Ichiro continuo no mesmo lugar, imóvel.

— Talvez isso seja um indício. — disse, a si mesmo.

Alice andava rápido. Queria ir para qualquer lugar, mas não tinha direção. De repente aquele momento passou em sua mente, como já tivesse vivido.

Déjà vu!

Talvez não fosse um simples Déjà vu. Pela primeira vez, Alice desejou que tudo não passasse de um sonho. Que logo, estaria sendo acordada por sua mãe para ir à escola.

Qual mãe? Qual escola?

Caminhava lentamente agora. Estava em uma rua movimentada de Los Angeles, sua casa ficava nos arredores, mas não estava muito perto. Distraía-se com as roupas glamurosa nas lojas chiques de lá. Pela vitrine impecavelmente brilhosa, notou que todos ao seu redor observavam o céu, apontavam e falavam sem parar, intrigados. Alice levantou a cabeça e fez esforço para enxergar entre os arranha-céus. Suas sobrancelhas arquearam.

Que o espetáculo comece! Lia-se no céu, as letras, formadas por fumaça, agora dissolviam-se. Uma grande seta apontava para o palco principal: o prédio que ficava entre duas ruas, a qual a principal dividia-se. Alice e os pedestres giraram a cabeça quase simultaneamente, todos olhavam o homem no alto do edifício.

Um suicida...perfeito, bufou.

Quando o homem pulou, todos gritaram (menos Alice, é claro). Antes que pudesse se mexer, a última coisa que Alice imaginou acontecer...aconteceu. O suicida, ao invés de se esborrachar no chão, levantou voo. Incrédulos, os pedestres começaram a correr de um lado pro outro em busca de refúgio, pois além de voar, ele também lançava objetos ao chão, contra todos.

Eu não acredito...i-isso só podia acontecer agora...eu vou acabar com a raça desse otário.

O sangue pulsava, Alice sentiu-se ligeiramente mais baixa. Sua cabeça doía e seus músculos se contraíram. De súbito, agarrou o carro, que Dom Dominus lançara contra uma senhorinha. Alice esticara os braços, mas não foram com eles que segurou o carro.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora