Capítulo 7: Luta Livre

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Dia de pagamento. Ah, isso sim era dia bom. O único dia que Russel se sentia feliz por completo, quer dizer, ele também se sentia feliz quando ia ao puteiro com Martin, mas essa é uma outra história. O dia de pagamento representa longas filas e funcionários arrogantes querendo ir pra casa ou mandar alguém pro inferno. Ainda assim, Russel sempre estava feliz. Em um dia particular, conseguiu sair mais cedo do trabalho, alegando estar com dor de barriga. Ele queria ir ao banco mais cedo e, como era sexta, ir a Flash Club mais cedo também. O banco ficava próximo ao seu trabalho, quando entrou quase deu um pulo. A fila estava duas vezes menor. Com um sorriso estampado no rosto, atravessou o saguão e entrou na fila.

— Dia bonito, não? — perguntou ao senhor careca. O homem fingiu não escutar. Russel nem ligou, iria a Flash Club mais cedo, era o que importava. Russel tinha cabelos escuros, era alto e usava bigode. Gostava sempre de andar arrumado. — Quem sabe quando vamos encontrar alguma gostosa por aí? — dizia ele sempre quando perguntado de sua vaidade. A pose de Dom Ruan, era só fachada. Tinha sérios problemas com as mulheres, por isso preferia as de vida fácil.

Enquanto alisava seu bigode, não percebeu que quatro homens encapuzados entravam na agência. Outros três, permaneceram na porta do banco. O homem mais alto, anunciou o assalto, enquanto o resto rendeu os guardas. Os homens eram bem treinados, conseguiram render todos os guardas rapidamente, enquanto o que anunciou o roubo, mandava os clientes deitarem no chão e passar todos os seus pertences.

— Realmente muito bonito... — respondeu por fim o homem careca, obedecendo o ladrão. Russel rangeu os dentes.

O objetivo do grupo era roubar o cofre principal do banco. Mais de 4 milhões de dólares. O homem mais alto sorria o tempo todo e dava ordens aos comparsas. Era o líder.

— É. Aqui estão vocês. — disse o líder andando entre os reféns. — A vida é injusta. Uns tem mais, e não deixam outros terem nem o menos. Na frente de vocês, meus amigos, estão vinte quilos de dinamite. Sim, sim. Quando terminarmos de pegar a última nota de dentro do cofre principal, com ajuda do nosso querido: Robson — apontou para o homem —, explodiremos o prédio e imaginem — disse num tom surpreso —, com vocês ainda dentro. — a sala parecia mais fria depois do que disse. — Oh, não. Fiquem sossegados, isto só acontecerá se o nosso querido Robson, não conseguir abrir o cofre até às cinco da tarde ou se a polícia intervir, mas é claro que eles não sabem. E então meu caro Robson, é melhor começar agora, pois já são quatro e meia. Ah...lembrando que Robson é novo no banco e não tem permissão para abrir, porém era o responsável por hora, então, acho que vocês têm um probleminha meio sério.

Assim que o homem terminou seu discurso e Robson correu para tentar abrir o cofre, a polícia apareceu abrindo fogo. Os ladrões, porém tinham munições pesadas, que arrasaram em questões de minutos, com os carros da polícia. Estes não entraram, pois o grupo ameaçou disparar a bomba. Trocavam tiros. A tv já noticiava tudo.

Russel clamava a Deus. Não podia morrer, não agora. Até que uma luz intensa, invadiu o banco. Russel tentou abrir os olhos, que mantivera fechados todo tempo, mas não conseguiu. Ninguém conseguiu, até os bandidos e a própria polícia. Sentiram um tremor e em seguida avistaram uma garota, no meio do tiroteio. Gritavam para ela sair, mas esta não deu ouvidos e caminhou em direção ao banco.  Uma policial agarrou-a pelo braço, mas esta soltou-se e correu até o centro da agência. Foi recebida com uma chuva de balas, que penetravam em sua pele, sem causar qualquer dano.

— Ei, pra que tantas balas? Ninguém me avisou desta festa, ai vim por conta. — disse Alice, sorrindo. — Só achei que estaria mais bem frequentada, ainda bem que também trouxe minha amiga, porque senão iria sobrar, certo? — disse levantando uma espécie de metralhadora giratória rosa, florida e com detalhes em azul que pareciam pirulitos, que aliás, chupava um. Alice estava na fase amarela. Seus olhos tornaram-se azuis, seus cabelos ficaram bem mais longos e loiros. Usava roupas normais, shorts jeans, tênis e uma regata que deixava de fora sua barriga. Alice abriu fogo. Porém, não eram balas convencionais e sim, balas de goma!

— Oops, munição errada.

— Só pode ser brincadeira, atirem nessa vadia. — ordenou o líder, com raiva.

Alice desviava das balas, pulando e girando como balé. O líder ficava cada vez mais com raiva da gozação. Até que ele mesmo, sacou um revólver e atirou. Só que as balas também viraram de goma, assim como as dos outros homens. Alice soltou uma gargalhada enquanto os homens procuravam as balas verdadeiras sem entender, esse foi o tempo que ela os atacou. Pontapés, socos e afins acabaram com o grupo, deixando apenas o líder.

— Eu...n-não sei como fez isso — disse o líder, assustado —, mas atrás de mim, tem vinte quilos de dinamite e...

— Dinamite? — interrompeu Alice — Só to vendo bananas...

— O quê? — o líder virou constatando que as bananas de dinamites, tornaram-se apenas bananas. — Sua pu... — antes que pudesse completar o xingamento, Alice deu um soco em seu rosto que o fez voar três metros. O líder bateu a cabeça na parede e desmaiou

O banco silenciou. Ninguém respirava. Lá fora, os policiais abaixaram as armas e observaram perplexos. Alice, que olhava para o líder, virou-se contemplando todos em silêncio. Até que alguém, entre os reféns, começou a bater palma. E todos aqueles que estavam de queixo caído, o seguiram. Russel era o mais abalado, não conseguia tirar a imagem de Alice batendo nos homens e transformando dinamites em bananas. Não batia palma, não tinha forças. A única coisa que passava em sua cabeça era: Os velhos tinham razão.

Alice correu entre a multidão alvoroçada, apesar de tudo, sentia-se envergonhada. A tv transmitia tudo ao vivo. Saiu do banco e vários policiais vieram ao seu encontro, perguntando quem era é ela, agradecendo ou apenas rindo. Alice pula o bloqueio e muitas pessoas, que assistiam o combate, correram e fizeram as mesmas perguntas dos policiais. Os repórteres também. Alice não deu atenção e fugiu. Até que um menino, puxa sua roupa fazendo-a parar. Não queria responder nenhuma pergunta, mas Alice o identificou como um dos reféns.

— Como eu posso te chamar? — perguntou o jovem. Não tinha mais que quinze anos.

— Pode me chamar como quiser, amor. — respondeu Alice, soprando uma fumaça em forma de coração. — Apenas saiba que meu sobrenome é: Popper.

— A senhorita é muito bonita...

— E você é um paquerador de primeira.

— Você salvou a minha vida, nada mais certo do que te elogiar. 

— Taí, eu gostei. O que acha de: Miss Popper? Até que soa legal... Obrigada garoto. — disse, dando um beijo em seu rosto. — Te vejo por aí. — completou, levantando voô.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora