Capítulo 45: Paralelo

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A chuva torrencial batia violentamente no vidro da frente do furgão. Os parabrisas não paravam de se mecher. A cada troca de marcha, um bocejo de Ichiro. Alice dormia, sendo a chuva a trilha sonora. O japonês temia não conseguir ajudá-la. Ela é a heroína aqui, mas o país todo a procura.

Pararam na estrada negra e deserta. Ichiro acordou Alice e desceram do carro em seguida.

— Acho que podemos ficar aqui, por enquanto. — disse ele, apontando para a margem da estrada. Alice deu a volta e contemplou o local.

Havia bastante mato, mas ainda assim Popper conseguiu reconhecer uma casa. Os dois se aproximaram, lentamente. Constatando que estavam sozinhos, Ichiro resolveu levar o furgão até o mato, para encondê-lo, enquanto Alice dirigia-se para a cabana. Conjurou uma lanterna e entrou.

Caindo aos pedaços, a cabana de madeira tinha dois comodos pequenos. A porta principal encontrava-se emperrada, Alice fez força para abri-la. As janelas estavam sem vidros e os móveis, velhos e sujos. Próximo a cozinha, havia uma escada.

— Tem um porão, é mais seguro do que aqui. — afirmou Ichiro, aparecendo por trás de Alice. A garota concordou e segui-o, escada abaixo.

Alice iluminava o caminho, as escadas rangiam.

— Não podemos ficar aqui mais que um dia. Vamos para o interior...— disse Ichiro.

— Interior? Não, eu não vou fugir. — disse a garota, tentando enxergar o porão.

— Não vamos fugir. Com o país todo em seu encalço, é impossível. — Alice bufou.

— Eu não sei mais o que está acontecendo. Como a resistência pode fazer algo assim?

— O que interessa para eles é a volta da democracia, não importa como. Além da morte de Sulivan, que agravou tudo.

— Em relação ao Sulivan eles tem razão. — disse, desviando o olhar do rapaz.

— Não começa com isso de novo... Você não tem culpa de nada. Você foi traída! Talvez no calor no momento, mas foi. Miss Popper é a salvação de todos nós, inclusive a sua, Alice. Eles perceberão tarde demais.

Popper provoca um silêncio. Senta no chão empoeirado e olha para Ichiro.

— Chega de esperar as coisas acontecerem. Mesmo sem apoio, vamos acabar com esse governo de uma vez por todas. Começando pela liga Sunchan.

Ichiro sorriu em aprovação e ajudou a garota a levantar.

Os dois continuaram no porão, até anoitecer novamente no fim do dia. Discutiram atalhos e locais onde poderiam ir. O objetivo era novamente a liga Sunchan e seus documentos, mas agora tinham alvos: os velhos inimigos Yvonne Adams, Russel Carter e Octavian Sunchan, extraindo o máximo de informações possíveis.

Pegaram a estrada já a noite, em direção a Valência novamente. O plano era voltar e aguardar mais um dia e aí sim, ir em direção a Los Angeles. Primeiro Ichiro e depois a heroína. Ficaram em uma casa abandonada, já na divisa do distrito e, na madrugada, partiram para o local.

Alice foi voando, já esperando algum equipamento notar sua presença.

O japonês ia com uma moto conjurada por Alice. No meio do caminho, foi parado por um policial, atrasando sua chegada.

Quando se aproximava do prédio, Alice percebeu vários guardas no terraço. Antes que pudessem avisar sua aparição, lançou facas de arremeço, precisamente na cabeça dos homens. Eles atiravam e a garota dançava no ar, desviando.

Ela sacou seu revólver, quando tocou os pés no chão, e atirou na perna de um guarda que vinha em sua direção. Virou-se para trás, dando um chute no rosto do outro e em seguida, um tiro.

As balas perfuravam seu corpo e eram expelidas. Alice atirou em mais alguns, até perceber que era a única viva.

Não deveria ter feito tanto estrago...

Um gemido quebrou o silêncio da madrugada, a garota olha ao redor atá achar o culpado: o soldado ferido apenas na perna. Talvez isso seja algo bom.

Para tornar a missão mais fácil, decidi entrar na mente do homem, fazendo-o avisar o chefe que tudo estava bem no terraço, em seguida silencia-o para sempre.

Desceu as escadas de segurança correndo e parou próximo a porta do décimo terceiro andar. O corredor estava totalmente iluminado. Popper esperou alguém passar. Quando um guarda cruzou a porta da saída de emergência, ela entrou em sua mente, com a fase preta, implantando uma ideia para ele desligar as câmeras daquele andar, o andar do gabinete de Sunchan. Como esperado, o homem deu meia volta e sumiu de vista. Alguns minutos depois, Popper foi até o corredor e observou uma das câmeras. O sinal vermelho que indicava sua ativação estava preto. Pronto, agora é só espe...

— Ei! — gritou um guarda atrás de Alice. Ele pegou rapidamente seu comunicador, mas no mesmo momento, Alice usou seu poder de controle da mente, fazendo-o acreditar que estava vendo outro guarda. — Noite longa, hem! — Completou, sorrindo.

Alice virou seu rosto e sorriu, confirmando. Os dois continuaram andando.

— Ei! Ei! — gritou o homem novamente. A garota bufou e virou para encará-lo.

— É, eu já sei, noite... — ficou sem fala. Sua visão enturvou, ela olhava para o guarda e via duas pessoas. Um apontando uma arma e outro com roupas brancas. Sua cabeça começou a rodar, ela deu dois passos para trás.

— Calma, eu não vou te machucar... — disse o homem de branco. Era o único no corredor agora.

Sua respiração começou a acelerar, suas pupílas dilataram. Não estava mais ali, não era mais Miss Popper.

— Fica longe de MIM! — gritou, saindo correndo do lado oposto.

Os corredores, antes bem iluminados, com paredes amarronzadas, ficaram totalmente brancos. Alice sentia um medo incontrolável, queria fugir, correr o mais rápido possível, mas sabia que era em vão.

Dobrou a esquerda e viu um guarda. A cada piscada, o ambiente mudava. Branco e marrom, mesclavam-se. Guarda e enfermeiro também. Popper sacou sua arma e apontou para o homem.

— Eu não quero te matar, por favor, se AFASTE!

— Me matar com um pente? — Alice olhou para suas mãos. Segurava um pente.

— O que?! — Jogou o objeto no chão e olhou para frente. O guarda falava no microfone em sua bochecha. Tornou seu olhar para o chão, seu revólver estava caído. Pegou-o. Suas mãos começaram a tremer, atirou no braço do homem por engano e saio correndo em seguida.

Sua visão continuava embaçada, outros guardas apareceram, mas ela passou por todos sem atirar, quando olhou para trás, eles corriam em sua direção vestidos de branco.

Quando estava quase chegando no fim do corredor, virou a direita e deu de cara com uma idosa descabelada.

— Para de resistir, menina. Não vê que corres em vão?

— O-o quê... — Popper empurrou a mulher contra a parede — Me diz o que está acontecendo!

— Está chegando a hora. — Alice a largou.

— Horas do quê?

— Da redenção, criança!


//Nota da autora\\

Olá, nota super rápida hoje! Quero agradecer aos 8k *-* Isso é muito incrível, sério :p Espero que vocês tenham gostado realmente deste livro e que eu não tenha os decepcionado! Ai não, para. Tá muito despedida isso kkk Ainda tem história u.u

Votem e comentem, leitores. Até mais!

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora