Sobrevivendo ao meu Clichê I

02_ Livro dos livros.

Talvez eu tivesse desmaiado. Ou a comida do almoço estava estragada. Será que tinha álcool no meu refrigerante? Se for, é a cara da April! Mas, álcool faz isso? Será que eu usei alguma droga? Ai, meu Deus!

ㅡ AAAAHHHHH!!! ㅡ Sem saber onde estava ou o que estava acontecendo, eu simplesmente comecei a gritar.

ㅡ OU! ㅡ Uma garota de cabelos cacheados de cor roxa bem volumosos me encarou com os braços abertos, parecendo bem confusa. ㅡ Ta gritando por que? Ta maluca?

ㅡ Quem é você? Onde é que eu to? ㅡ Perguntei apertando os olhos. O lugar onde eu estava era um simples quarto de adolescente. Uma cama de solteiro, pôsteres nas paredes, fotos, desenhos, livros num canto, escrivaninha, umas bolsas penduradas atrás da porta e um urso de pelúcia enorme sobre a cama, na qual eu estava sentada.

ㅡ Eu? Tipo assim... Você não sabe? Não sabe mesmo? ㅡ Ela realmente parecia surpresa, enquanto eu devia estar com a cara mais confusa possível.

ㅡ Não? ㅡ Continuei com a minha careta. Voltei a olhar em volta e só quando olhei para mim, percebi que estava vestindo um uniforme de líder de torcida verde e branco. ㅡ Meu Deus! ㅡ Exclamei ao me assustar e olhei para o lado quando vi meu reflexo no espelho. Eu nunca tinha sido líder de torcida, sempre quis. Gosto muito de ginástica apesar de nunca ter feito e amaria animar os jogos na minha antiga escola, mas as garotas do time nunca me aceitaram.

" Uma orfã que não tem onde cair morta querendo entrar pro nosso time. "

Foi isso que a capitã disse enquanto todos os outros gargalhavam. Desde então, ficou só na minha imaginação mesmo.

ㅡ Você se assusta com tudo assim mesmo? ㅡ A garota continuou me olhando com uma sobrancelha arqueada.

ㅡ Bem, eu não sei quem é você, nem que lugar é esse e nem como eu entrei nessa roupa. Você não se assustaria? ㅡ Cruzei os braços.

ㅡ Uau. Você não sabe mesmo quem sou eu. Ta bom. ㅡ A garota estalou os dedos e uma cadeira giratória apareceu atrás de mim. Meu corpo foi jogado contra ela e eu me sentei.

ㅡ Mas, que... Bruxaria é essa... ㅡ Murmurei com os olhos arregalados encarando a cadeira. ㅡ Sangue de Jesus tem poder.

ㅡ Presta atenção! ㅡ Ela balançou a mão na frente do meu rosto. ㅡ Pode me chamar de... ㅡ Ela pareceu pensar por um momento. ㅡ Moly. ㅡ Sorriu. ㅡ Eu sou a sua autora.

ㅡ Você é minha autora... ㅡ Repeti encarando ela esperando o momento que ela fosse me dizer que era brincadeira, mas ela não disse. ㅡ Ok, eu acho que eu usei alguma tipo de droga. Eu morri? Tive uma overdose? O que aconteceu?

ㅡ Para de criar teorias malucas e me escuta. ㅡ Ela insistiu. ㅡ Lembra do livro que você abriu?

ㅡ Que livro?

ㅡ Como que livro?? O meu livro! Só pode estar aqui porque abriu o meu livro. Garota, da onde você? ㅡ Ela me encarou como se eu fosse uma caipira.

ㅡ De um orfanato em Atlanta.

ㅡ Ah... ㅡ Ela pareceu surpresa de novo. ㅡ E, como encontrou o meu livro?

ㅡ Se fala de um livro super antigo e quase caindo aos pedaços, foi na biblioteca do meu orfanato. Eu o abri depois dele ter caído sozinho de uma das estantes. Pensei que era um dicionário ou registro do orfanato.

ㅡ Caindo aos pedaços?? ㅡ Me encarou com espanto. ㅡ Ai, o que fizeram com meu livro? Ai!! ㅡ Ela começou a dar um tipo de chilique na minha frente enquanto eu continuava pensando que estava drogada. Aposto que tinha maconha naquele pão esquisito que a April me deu. Orégano é uma ova! ㅡ Ta, esquece isso. Já que não sabe mesmo quem sou, vou tentar resumir. O livro que você abriu é um tipo de livro... Mágico.