54_ Eu te amo.

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A noite de Natal se seguiu. Música natalina tocava, conversas soavam, o cheiro de comida pairava e todo aquele clima que eu amava. Kyle tentou continuar conversando comigo, mas evitei ficar sozinha com ele o máximo que pude. É impressionante como tem gente ruim aonde quer que vamos, não é? Um lugar tão calmo e lindo como aquele vilarejo, com pessoas tão boas e gentis, com um clima tão agradável de Natal, ainda tem um ser humano com maldade em sua mente.

Porém, não permiti que isso estragasse a minha noite. Minha primeira véspera de Natal fora do orfanato. 

Após horas conversando, comendo e rindo, todos foram para a sala quando já passava da meia noite para conversar e beber. Eu estava apoiada na parede ao lado de Mason apenas observando e rindo das histórias que eles estavam contando. Houve a troca de presentes, o que me deixou sem graça, já que eu não tinha nada para dar para ninguém, mas ninguém pareceu se incomodar com isso. Para falar a verdade, eles pareciam bem bêbados enquanto cantavam umas músicas que eu não conhecia.

Estava rindo de toda aquela bagunça quando vi Molly parada no corredor. Ele estava apoiada na parede com um sorriso de canto, apenas observando a cena na sala. Uns segundos depois ela virou as costas e seguiu o corredor.

ㅡ Eu já venho. ㅡ Toquei o ombro de Mason e ele concordou com a cabeça. Ele também estava rindo daquela cena.

ㅡ Olha só! Olha só! A dona aranha subiu pela parede... ㅡ Comecei a rir quando ouvi que todos já estavam cantando juntos essa música.

Passei pelo corredor escuro e abri a porta do quarto de Mason. Molly estava parada observando a janela.

ㅡ Feliz natal. ㅡ Disse assim que entrei. Ela continuou olhando a janela. ㅡ Noite ruim?

ㅡ O natal é sempre uma noite difícil. ㅡ Ela sorriu triste tocando seu dedo no vidro embaçado da janela. ㅡ Mas, acho que já estou me acostumando. E você? ㅡ Se virou para mim. ㅡ Gostou da sua noite de Natal?

ㅡ Não foi como eu esperava, mas foi bem legal. ㅡ Ri ouvindo a cantoria que vinha da sala. ㅡ Me sinto em uma família real, que tem aqueles parentes meio esquisitos. ㅡ Ri novamente e me sentei na cama. ㅡ Quer me dar um presente de Natal?

ㅡ O que?

ㅡ Me conta o que aquela frase significa? ㅡ Molly balançou a cabeça rindo e se sentou ao meu lado. ㅡ Ah, por favor. Eu não sou nada boa em enigmas, vou levar uma vida para descobrir o que quer dizer.

ㅡ Eu não posso. Minhas instruções são de apenas dizer essa frase a todos que entram no Montgomery, cabe a cada um interpreta-la e... Fazer a escolha certa. ㅡ Ela explicou.

ㅡ Alguém já conseguiu decifrar essa frase?

ㅡ Sim. ㅡ Ela assentiu. ㅡ Mais de uma pessoa, na verdade. Acho que na hora H... Todos entendem. Só que... Ninguém nunca fez a escolha certa. ㅡ Ela abaixou a cabeça e encarou suas mãos que estavam em seu colo. ㅡ Eu não as culpo, é... É difícil fazer essa escolha. Mas, só uma vez, queria que alguém pensasse em algo além de... ㅡ Ela ficou quieta de repente.

ㅡ O que foi?

ㅡ Eu acho que falei demais. ㅡ Molly se levantou. ㅡ Eu preciso ir, apenas aproveite esses momentos e essas pessoas, ta bom? Feliz Natal.

ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri para ela, porém alguém entrou no quarto atraindo nossa atenção.

ㅡ Ta tudo bem? Você costuma falar sozinha? ㅡ Kyle entrou no quarto, que ainda estava escuro, e observou ao redor, verificando se havia alguém ali.

ㅡ Arg... ㅡ Molly revirou os olhos e estalou os dedos. Kyle simplesmente caiu no chão como um boneco.

ㅡ O que você fez?? ㅡ Arregalei os olhos me colocando de pé.

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora