62_ FIM!

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Estar em cima dos palcos atuando, com certeza, era o meu lugar. Eu me divertia, eu sorria, eu chorava, eu sentia um misto de emoções que fazia o nervosismo sumir no mesmo instante.

Ao finalizar a peça, os aplausos soaram e todos agradecemos nos curvando para a plateia. Demorei a enxergar os rostos na plateia por conta da luz, mas quando enxerguei, não consegui esconder o sorriso quando vi parte do pessoal do orfanato. A diretora, o zelador, a cozinheira e até algumas crianças. Todos estavam ali me aplaudindo de pé.

Eu só não chorei, pois havia gasto todas as minhas lágrimas na atuação.

Aquele papel não foi nem um pouco desafiador. Interpretar uma garota que morria de saudades de seu amor era como interpretar a mim mesma.

Ver o pessoal do orfanato me apoiando foi muito bom, mas não posso mentir dizendo que não me lembrei de quando o Mason me aplaudiu de pé após minha primeira peça.

Como eu queria que ele estivesse ali. Que ele visse o quanto eu mudei, o quanto aprendi a viver de maneira mais leve e feliz. Que ele soubesse o quão sinto sua falta e o quanto meu amor por ele não diminuiu nem um pouco.

As cortinas começaram a se fechar e a galera começou a comemorar, pois tudo havia dado certo.

ㅡ Vocês arrasaram, pessoal! ㅡ Mary sorriu contente.

ㅡ Eu fui péssima! ㅡ Tisha resmungou.

ㅡ Ai, você não consegue ficar feliz com nada, não? Não consegue ficar um dia sem reclamar? Você foi ótima, cara! ㅡ Tess cruzou os braços.

ㅡ Não fui! E foi tudo culpa do meu namorado idiota. ㅡ Ela revirou os olhos. ㅡ Falei para ele não vir com aquela camisa laranja ridícula e ele veio com ela. Sem contar o cabelo penteado para trás, já falei para ele usar só pro lado! Entrei no palco e quando vi ele daquele jeito na plateia, me desconcentrei toda.

ㅡ Espera aí... Você controla até as roupas e o cabelo do seu namorado? ㅡ Tess arqueou uma sobrancelha.

ㅡ Alguém tem que controlar. ㅡ Ela deu com os ombros.

ㅡ Ele?? ㅡ Tess fez uma careta.

ㅡ Ai, esquece isso! ㅡ Tisha balançou a cabeça.

ㅡ Esqueçam mesmo, podem ir cumprimentar seus amigos e familiares. ㅡMary anunciou com um sorriso. Estava pronta para ir ver o pessoal do orfanato quando ouvi-a me chamar. ㅡ Arizona? Tisha? Podem vir aqui, por favor?

Eu e Tisha nos entre-olhamos sem saber do que se tratava, mas a seguimos até o auditório, onde um homem negro vestindo um smoking com cara de rico boa pinta veio na nossa direção.

ㅡ Foi um ótimo espetáculo. ㅡ Ele sorriu esbanjando um sorriso de dentes brancos e alinhados.

ㅡ Obrigada, Sr Derry. Essas são Arizona e Tisha. ㅡ Mary apontou para nós duas que apertamos a mão do homem. Mão que tinha um relógio de ouro no pulso. Sabe quando uma pessoa cheira a riqueza? Era isso.

ㅡ É um prazer conhece-las. Me chamo Dick Derry e sou o proprietário do Richard Rodgers Theatre. ㅡ Meus olhos se arregalaram do mesmo instante. Era tipo... Um dos mais reconhecidos teatros da Broadway?? ㅡ Tenho vagado pelos Estados Unidos procurando novos artistas. Preciso de... Algo novo. Algo que eu achei em vocês duas.

ㅡ O senhor está dizendo que... ㅡ Tisha começou a falar.

ㅡ Sim. Quero que vocês duas venham fazer parte do meu teatro em Nova Iorque. Serão pagas a cada espetáculo, terão estudo e cursos disponíveis e, é claro, disponibilizaremos um apartamento no edifício que meus artistas moram. É um prédio só com atores, bem perto do teatro. Bem, é claro que se quiserem morar em outro lugar por conta própria, é com vocês. Tenho artistas que começaram a ser reconhecidos e hoje já tem sua própria casa e tudo mais. Mas, de início disponibilizaremos uma moradia. Então... O que me diz? Aceitam?

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora