51_ De volta ao orfanato.

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Dois dias se passaram. Acabei descobrindo que o vilarejo era um lugar onde eu, com certeza, amaria morar. Além do lugar ser lindo, fofo e aconchegante, as pessoas eram tão gentis e simples. Todos se conheciam e a cada lugar que íamos, todos reconheciam Mason. Sem contar que todos estavam em clima de natal.

Mason me levou para conhecer a tal biblioteca, coisa que ele logo se arrependeu, porque fiquei mais de três horas lá. Era tão linda...

Contudo, a quinta-feira chegou e nós partimos de carro para Atlanta. Não sei dizer ao certo o que estava sentindo com aquilo. Não era literalmente o lugar onde eu cresci, as decorações seriam diferentes, as pessoas, as crianças, mas ainda assim, era a mesma estrutura, as mesmas paredes, o mesmo peso. Com certeza me sentia feliz por levar umas doações, mas, de alguma forma, me sentia nervosa.

Eram 14 horas de viagem, então saímos bem cedo para chegar em Atlanta pela tarde. Ficaríamos um pouco no evento e voltaríamos a noite, em tempo de passar a sexta do dia 24 com seu pai.

Nos despedimos do Sr Ogden e entramos no carro. Mason desceu as ruas do vilarejo enquanto eu apenas observava. No caminho, passamos pelo centro de alguma cidade na Virgínia e paramos numa loja de brinquedos. Eu já não estava com dinheiro, já que deixei tudo no apartamento de Mason em Nova Iorque, então ele pagou tudo. Hoje entendo porque o meu pai não me deu um cartão de crédito ao invés de tantas cédulas.

O caminho até Atlanta foi um pouco tenso para mim. Eu admito que dormi um pouco, havíamos saído muito cedo e era muito tempo dentro do carro, mas nos momentos em que estive acordada tentei focar na boa ação que faríamos, porque só de me imaginar voltando para lá, meu pé começava a batucar no chão do carro.

Eu não sabia se já estávamos chegando, mas já tinham mais de 11 horas que estávamos viajando. Estava encarando a janela quando meu pé voltou a batucar no chão.

Parei quando ouvi uma música começar a tocar na rádio. Olhei para Mason e o vi sorrindo para mim.

Santa, tell me if you're really there
Don't make me fall in love again... ㅡ Mason começou a cantarolar junto com a voz da Ariana Grande.

Acabei sortindo sem nem perceber. Era até estranho ver aquele cara rabugento que eu conheci cantarolando músicas de natal para tentar me distrair.

If he won't be here next year
Santa, tell me if he really cares
'Cause I can't give it all away
If he won't be here next year... ㅡ Cantei junto com ele.

Assim seguimos até chegar em Atlanta: apenas cantando e rindo no carro.

Quando Mason parou em frente aos muros altos e cinzas do orfanato, meu coração acelerou. Os enormes portões de ferro estavam abertos e enfeites de natal estavam pendurados por eles. Várias pessoas entravam e saíam.

ㅡ Se não quiser fazer isso... ㅡ O interrompi.

ㅡ Não te fiz viajar até aqui atoa. ㅡ Abri a porta de uma vez e saí do carro antes que eu perdesse a coragem. Ok, Arizona, não precisa ficar desse jeito. Por mais que esse lugar tenha guardado muita dor sua, você precisa enfrentar isso. Entra lá e faça do Natal dessas crianças um pouco melhor. Concordei com meus pensamentos e ajudei Mason a tirar os presentes do porta malas. Bem... Fui com o intuito de ajudar, mas eram tantos que fiquei perdida.

ㅡ Vocês precisam de ajuda? ㅡ Uma senhora chegou perto de nós. Um sorriso apareceu em seu rosto assim que ela viu o porta malas. ㅡ Óh, meu Deus! Vocês trouxeram tudo isso para as crianças? ㅡ Concordei com a cabeça. ㅡ Elas vão ficar tão felizes! Esperem aqui, vou chamar mais ajuda.

Os presentes não estavam num saco ou algo assim, estavam todos em caixas de presentes, e eram muitos.

ㅡ Será que exageramos? ㅡ Mason perguntou com uma careta.

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora