08_ Nova Iorque.

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Mason resmungou por eu ter dado seu café da manhã ao motorista, o que me deixou extremamente satisfeita. Oras, lembro bem dele me dizendo que o pacote podia ficar comigo, então não tenho culpa.

Também não me senti culpada por sua fome, já que ele comeu no avião. Comeu fazendo careta, mas comeu. Outra coisa que me fez sorrir de forma debochada para ele. Se era deboche que ele me dava, era deboche que ele receberia.

Estava rindo de sua careta após comer um pudim muito esquisito que a aeromoça serviu quando notei a vista pela janela. Sim, só ele comeu pudim porque a aeromoça só serviu para ele enquanto lhe passava uma cantada. Fiquei chocada com os olhares que ela dava para ele, como se ele fosse totalmente irresistível.

Bem, voltando à vista, meus olhos ficaram um pouco embaçados quando vi que estávamos em Nova Iorque. Aquilo realmente era real.

Meu coração acelerou ao mesmo tempo que meus lábios abriram um sorriso imensamente feliz.

Voltei a ajeitar minha postura, olhando para a frente, e fechei os olhos tentando acalmar o meu coração. Era tão difícil de acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Eu vivi minha vida inteira no mesmo lugar, trancada entre as mesmas paredes, cercada pelas mesmas pessoas, sentindo sempre as mesmas coisas. Nunca pensei que novas experiências poderiam me fazer tão bem.

Abri os olhos de novo e avistei a aeromoça passando de novo. Quando passou por nós, ela deixou um papel dobrado cair no colo de Mason.

Mason, que continuava com seu olhar despreocupado, pegou o papel e o abriu. Não me surpreendi quando vi que era o número do celular dela.

ㅡ Você parece fazer muito sucesso. ㅡ Comentei.

ㅡ É, nem todo mundo pensa que sou um bandido. ㅡ Ele amassou o papel e o jogou junto dos outros lixos.

ㅡ Dá para esquecer aquilo? ㅡ Pedi com uma careta. Ele deu com os ombros e eu bufei recostando-me na poltrona. ㅡ Por que jogou fora? Não achou ela bonita? ㅡ Perguntei por curiosidade. A mulher era, de fato, muito bonita. De acordo com o " padrão beleza " que eu conhecia, ela era perfeita. Rosto perfeito, corpo perfeito, altura perfeita, era a mulher padrão das revistas de modelos que eu cresci vendo. É claro que hoje em dia temos a consciência de que não existe padrão e que cada mulher tem sua beleza singular e única. Que cada uma é bela do seu modo. Mas, ainda assim existem aquelas que a gente olha e, involuntariamente, pensa: uau. Aquela mulher era uma.

ㅡ Não reparei. ㅡ Respondeu com sua mesma calma.

ㅡ Não reparou? Como pode não ter reparado?? ㅡ Questionei-o. Sério, a mulher era linda, não tinha como passar despercebida.

ㅡ Só não reparei, ué. Euem. ㅡ Ele sacou o celular e começou a mexer.

Ignorei aquela conversa esquisita e voltei minha atenção para a cidade que nunca dorme. Nova Iorque ainda conseguia ser mais linda e mais mágica do que eu conseguira imaginar um dia.

Quando o avião pousou e nós finalmente saímos de lá, mais uma loucura aconteceu. Como disse, quando eu apareci no Brasil, todos falavam português, mas eu conseguia entender perfeitamente e dialogar, como se aquele fosse mesmo o meu idioma. Agora que eu estava de volta aos Estados Unidos, podia notar que todos falavam inglês, mas entendia da mesma forma. Parece confuso, mas até que era mais fácil para mim.

ㅡ E... Onde eu vou ficar? ㅡ Perguntei curiosa enquanto saíamos do aeroporto já com as malas. Mason procurava por um táxi.

ㅡ Na minha casa. ㅡ Respondeu de maneira breve fazendo um táxi parar na frente da calçada com um aceno.

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora