28_ Stuck with U.

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Eu estava com ciúmes?
Era isso?
Ciúmes?

Porque, se fosse, eu estaria sendo infantil e imaturo. Primeiro porque a Arizona é só a garota que fui contratado para tomar conta, segundo porque mesmo se tivéssemos algo, aquilo era uma peça. Eu não deveria sentir nada.

Parado dentro do carro, em frente ao Central Park, resolvi sair e dar uma volta. Talvez caminhar me faça esquecer um pouco isso.

Caminhando pelo Central Park, encontramos vários tipos de pessoas. Turistas, bem fáceis de identificar. Sempre com roupas escritas: I ❤️ NY, com câmeras, olhares admirados, e falando Sorry para todo mundo que esbarram. Pessoas que ficam correndo e se exercitando, casais que vem passar um tempo juntos, pessoas com cachorros, trabalhadores em seus horários de folga, quase sempre comendo um cachorro quente, estudantes matando aula e as vezes até alguns artistas sendo seguidos por paparazzi. Enfim, o caos.

Me sentei num dos bancos, mas não demorou muito para que um grupo de meninas se aproximassem segurando folhetos.

ㅡ Oi, tudo bem? ㅡ Uma delas disse enquanto todas sorriam. ㅡ Aqui... ㅡ Me estendeu um dos folhetos de tamanho médio cor de rosa. ㅡ Hoje vamos ter a estreia do cine a ceu aberto no Brooklyn Bridge Park. Vai ser bem legal, você pode levar uns amigos. Vão passar uns filmes natalinos bem legal.

Observei o folheto e abri um sorriso involuntário quando vi que o primeiro filme da lista era Esqueceram de mim.

ㅡ Ta bom, obrigado. ㅡ As garotas se afastaram e eu guardei o folheto no bolso do moletom.

[...]

ㅡ A Lisa gostou da minha atuação, eu consegui montar um cenário sozinha, a Amelka me ensinou umas técnicas e a Charlie não foi hoje. Eu tive um dia perfeito! ㅡ Arizona disse empolgada dentro do carro após sair do teatro. ㅡ Só falta agora chegar em casa, tomar um banho, comer alguma coisa e ir assistir a um certo filme natalino que um certo alguém me prometeu. ㅡ Ela sorriu para mim.

ㅡ Foi mal, não vai dar hoje. ㅡ Desci da ponte do Brooklyn e já pude avistar o tal cinema a céu aberto. No Brooklyn Bridge Park, que era um grande gramado com vista para a ponte, a água e a cidade de Nova Iorque, estava com vários tipos de toalhas, como aquelas de piquenique, forradas pelo gramado. Todas as toalhas com estampadas natalinas. Haviam piscas piscas e enfeites. E também, é claro, uma tela enorme onde, no momento, passavam clipes de músicas. Pelo que me lembro do folheto, estava programado para começa às 19h, agora eram 18h22.

ㅡ Por que não? ㅡ A animação de Arizona foi desmanchando aos poucos. Ela não parecia ter notado o tal cinema.

ㅡ Porque vou precisar ir a um lugar e você vai ter que ir comigo. ㅡ Fiz a curva para parar em frente ao local.

ㅡ Ah, ok. ㅡ Ela não reclamou, mas era nítido seu desânimo.

Saí do carro, sem falar com ela, como sempre fazia. Mas, dessa vez, corri e abri a porta para que ela saísse.

ㅡ Você abriu a porta para mim? O que está acontecendo? ㅡ Ela saiu do carro com uma olhar desconfiado.

Eu não a respondi, deixei que ela visse. Arizona deixou de olhar para meu rosto quando fechei a porta do carro e encarou o lugar. Como eu já esperava, ela ficou admirando tudo com aquela cara que ela fazia. Cara que eu achava engraçada, mas agora até assim comecei a perceber que ela ficava bonita.

ㅡ Mason... O que... O que é isso? ㅡ Ela perguntou com um sorriso no rosto. ㅡ Meu Deus, eu amo essa música! I still wouldn't change being stuck with you
Stuck with you, stuck with you... ㅡ Ela cantarolou junto da Ariana Grande que passava no telão.

ㅡ Um cinema a céu aberto. Achei que gostaria se soubesse quais filmes vão passar. ㅡ Lhe entreguei o folheto, que já estava amassado.

ㅡ Esqueceram de mim?? ㅡ Ela sorriu novamente e olhou para o lugar. ㅡ Isso aqui é tão romântico... ㅡ Ela disse, e como sempre acontecia, seu rosto começou a ficar vermelho. ㅡ Digo... É bem legal. Quando o sol se pôr então...

ㅡ Acho melhor comprarmos algo para comer e já nos sentarmos em algum lugar. ㅡ Sugeri para que ela parasse de ficar tão envergonhada.

ㅡ Ta bom. ㅡ Concordou.

Ali em volta também tinham várias barracas de vendedores ambulantes, como pipocas, cachorros quentes e outras comidas. Nós compramos algumas coisas e logo depois nos sentamos numas das toalhas.

Arizona gravou uns storys e pareceu conversar com as amigas por um tempo, já que não parava de rir e as vezes até mandava uns áudios.

Já eu, não sabia nem o que estava pensando. Em momento algum da minha vida me imaginei num evento desse tipo com uma garota. Eu não gosto do Natal, menos ainda de filmes natalinos. Também não gosto muito de pessoas, então assistir a um filme natalino a céu aberto cercado de pessoas era a definição de algo que eu odeio. Mas, ainda assim eu estava ali. E ainda estava sorrindo. Sorrindo e rindo por causa dela.

Eu estava sentado ao seu lado, mas me sentia inquieto. A medida que Arizona sorria, mais bonita ela parecia ficar e mais atraído eu me sentia. E eu nem sabia que me sentia atraído por ela.

O negócio é que eu não tinha nem ideia do que ela pensava sobre mim, a não ser o fato de me achar rabugento.

O lugar começou a encher aos poucos.

ㅡ Parem de me encher o saco... ㅡ Arizona tentou falar um pouco mais baixo enquanto gravava um áudio para suas amigas. ㅡ Não estou num encontro.

Ela enviou o áudio e eu respirei fundo tentando me distrair com qualquer outra coisa. Eu sabia que não era um encontro, afinal, aonde eu for ou ela for, precisamos estar juntos. Então, não, não é um encontro.

Eu só me repreendia por, no fundo, querer que fosse. Por que isso estava acontecendo? É tão difícil assim de seguir o plano de não confiar em ninguém? De não me apegar? Por que Arizona fazia isso ser tão difícil?

Arizona parou de mexer no celular quando a música que ela cantarolou mais cedo voltou a tocar.

So, lock the door and throw out the key
Can't fight this no more, it's just you and me
And there's nothin' I, nothin' I, I can do
I'm stuck with you, stuck with you, stuck with you... ㅡ Engoli em seco quando senti que já não podia mais me segurar. Arizona continuou cantarolando até que percebeu que eu a estava olhando.

Seus lábios pararam de cantar quando seus olhos encontraram os meus. O misto de sentimentos me tomou e eu me aproximei. Certamente não sabia o que estava fazendo ou no que estava me metendo, mas deixei que tudo seguisse.

Quando nossos rostos estavam prestes a se tocar, um som agudo soou pelo lugar. Nós dois olhamos na direção do telão e ouvimos alguém se desculpar e avisar que o filme já iria começar.

•••
Continua...

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora