09_ Supermercado.

4.6K 817 499
                                    

Entrei na porta que Mason disse ser o meu quarto encontrando uma cama encostada na janela, um edredom bege a cobria e um travesseiro branco se encostava na parede. Uma cômoda branca de cinco gavetas estava na outra parede, ao lado havia uma pequena lata de lixo. Também tinha uma penteadeira ao lado do que eu imaginei ser o closet. Em cima dela tinha apenas um espelho.

Deixei minhas malas encostadas perto da porta e corri para olhar a janela. Tinham duas janelas, na verdade. Uma sobre a cama e a outra um pouco mais para o lado, e foi para essa que corri.

Abri a mesma e sorri observando a rua. Também era possível ver a ponte dali. O bairro em que estávamos não estava tão movimentado e também não era comercial, era mais residencial. Alguns carros estavam parados perto da calçada e poucas pessoas caminhavam com suas mãos guardadas dentro dos bolsos do casaco. Estava bem frio, me perguntava se nevaria.

Passei boa parte daquele dia apenas arrumando minhas coisas, tanto no closet quanto na cômoda. Na minha realidade, eu não tinha tantas roupas, até porque eu não tinha muito para onde ir, então, quando via uma roupa que eu achava linda e queria comprar, pensava que eu acabaria nem usando e ficaria guardada no fundo do armário. Acaba não comprando nada.

Mas, Molly havia me dado tantas roupas que eu levei um bom tempo para guarda-las. Ok, eu provei a maioria para ver como ficavam em mim — amei todas, obviamente — e por isso demorei um pouco mais.

Dentro da primeira gaveta da cômoda branca encontrei um envelope com o dinheiro que meu pai havia me mandado.

Fiquei chocada com a quantidade, era muito dinheiro.

Guardei o dinheiro junto com as outras coisas, mas peguei parte e deixei separada. Vesti uma roupa mais quente e saí do quarto dando de cara com Mason que passava pelo corredor secando o cabelo com uma toalha. Devo destacar que ele não estava de camisa, o que me fez arregalar os olhos. Estava frio, qual o problema dele??

ㅡ Que? ㅡ Ele me encarou quando percebeu minha careta.

ㅡ Tá congelando! Por que está sem roupas? ㅡ Perguntei assustada e ele apenas encarou sua calça de moletom.

ㅡ Não estou sem roupas. ㅡ Ele seguiu pelo corredor esfregando a toalha em seus cabelos pretos.

ㅡ Você entendeu o que eu quis dizer. ㅡ O segui.

ㅡ Eu acabei de tomar um banho gelado, então não estou com tanto frio assim. Por que? Te incomoda que eu fique sem camisa? ㅡ Ele me olhou de novo.

ㅡ Não. ㅡ Dei com os ombros. Não me incomodava porque eu não ligava para o que ele fazia. Ele poderia andar vestido de pato que eu não estava nem aí.

ㅡ Ótimo, porque mesmo se incomodasse, eu ficaria sem do mesmo jeito. ㅡ Se sentou no sofá.

Juro que se eu tivesse algo em minhas mãos, jogaria na cabeça dele agora.

ㅡ Eu preciso sair. ㅡ Parei em sua frente.

ㅡ Sair pra onde? ㅡ Era impressionante como tudo o que saía de sua boca era dito com indiferença.

ㅡ Comprar comida. Você disse que se eu quisesse comer, teria que cozinhar. Mas não dá para cozinhar sem comida. ㅡ Abracei meus braços observando o homem se levantar contra sua vontade do sofá. ㅡ Lembrando que eu sou maior de idade e posso ir sozinha. ㅡ Sugeri, mas ele não respondeu, apenas seguiu o corredor me ignorando.

Me sentei no sofá após bufar. Depois de poucos minutos ele voltou a sala vestindo um casaco e com um par de tênis dos pés.

ㅡ Tem um mercado aqui perto, se essa coisa toda foi desculpa para ir ao centro de Nova Iorque logo, não funcionou. ㅡ Disse com seu jeito espertão após abrir a porta e aguardar que eu saísse.

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora