( Narrado por Arizona )
A volta para casa foi até que um momento difícil. Não pensei que seria difícil sair de lá, já que minha vida inteira quis sair daquele lugar de alguma forma, mas era impressionante como as pessoas conseguem transformar o ambiente de um local em outro totalmente diferente.
Na minha realidade, vi o orfanato como um lugar cinza e sem vida. Tudo parecia triste e melancólico, mas ver aquela garota brincando com todos, interagindo com todos, enfeitando tudo e rindo o tempo todo, me fez perguntar se o meu orfanato não seria um lugar melhor se eu fosse mais positiva.
Eu era a mais velha, querendo não, era muito influente entre as demais crianças. Me pergunto se não colaborei para que aquele lugar virasse a coisa sombria que era.
Quando Mason e eu saímos de lá, eles ainda estavam no jardim. Oh Santa da Mariah Carey tocava numa caixa de som enquanto todos faziam bonecos de neve, todos, s exceção. Admito que quis ficar um pouco mais, mas precisávamos voltar para chegar em tempo de passar a véspera de Natal com o pai de Mason.
No caminho, Mason deixou novamente a rádio ligada nas músicas natalinas. Não acho que tenha sido para me animar de novo, mas sim porque ele estava gostando, só não queria dizer.
ㅡ O que foi? ㅡ Ele me observou pelo espelho retrovisor. Eu estava nos bancos de trás porque ele me pediu, disse que eu sempre dormia e que dormir no banco da frente poderia me dar dor nas costas e no pescoço. ㅡ No que está pensando?
ㅡ Em muitas coisas, uma delas é que você está cansado e com cara de sono. Nós saímos cedo da casa da seu pai e já já vai escurecer, tem certeza de que consegue dirigir até Nova Iorque?
ㅡ Tenho.
ㅡ São muitas horas de viagem, Mason. Não quero sobrecarregar você, e você ainda ficou correndo e jogando bola de neve nos outros lá, deve estar mais cansado ainda.
ㅡ Eu estou bem, Arizona. A gente vai passar em Greenville já já, eu paro para comprar um café, se você quiser comer algo também, e seguimos. Vamos chegar no meu pai umas oito ou nove da manhã de amanhã.
Fiquei meio com um pé atrás, mas ele parecia decidido a chegar o quanto antes na casa de seu pai. Quando passamos por Greenville, Mason comprou um café para si e uns sanduíches, só para o caso de sentirmos fome no caminho. Não vou mentir que não me lembrei do dia em que nos conhecemos e que ele me levou até o aeroporto me enchendo o saco o caminho inteiro. Espero que o motorista tenha gostado do lanche que era para ser dele.
Horas e horas foram se passando dentro daquele carro, o que me deu muito e muito tempo para refletir. Nesse meio tempo, Mason acabou percebendo.
ㅡ E agora? No que pensa? ㅡ Perguntou curioso.
ㅡ Em como ter entrado no Montgomery mudou meu jeito de ver as coisas. De início, pensei que eu apenas viveria um romance clichê, como os que eu lia. Pensei que eu me apaixonaria por um cara lindo e que teria alguma garota chata para atrapalhar o romance. Pensei que seria algo simples... Mas o Montgomery tem me ensinado muito. Primeiro que, aqui, tive coragem de ir atrás dos meus sonhos. Em Atlanta, eu já sonhava em ser atriz, mas via esse sonho como algo distante e impossível. Tinha uma companhia de teatro na minha cidade, ela era pequena e não tinha tantos recursos, mas eu podia muito bem tentar fazer uma audição, mas as garotas que praticavam bullying comigo na época da escola eram de lá e eu preferi dar adeus ao meu sonho do que enfrentar aquelas garotas de novo. ㅡ Suspirei encarando a janela. ㅡ Aqui, mesmo com um cara rabugento que dizia odiar o natal, eu insisti em poder enfeitar o apartamento, sendo que no orfanato eu nem tentava. Sempre amei o natal, mas era tão fechada que não pedia para enfeitar o lugar. Por isso os natais eram tão tristes. Aqui, vi o quão egoísta e ingrata eu era.
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Sobrevivendo ao meu Clichê I
RomancePRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE MONTGOMERY E se você tivesse a oportunidade de entrar num livro de romance e conhecer sua própria autora? E se essa autora fosse uma garota super indecisa que estaria ali para escrever o SEU romance? E se, como num passe de...