47_ Preciso te contar uma coisa...

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Não sei qual reação Mason esperava de mim, mas, com certeza, a que eu tive não chegou nem perto. Eu engasguei com o ar! Comecei a tossir muito e tive que me sentar no sofá para tentar recobrar a respiração.

Mason se sentou também e me encarou preocupado.

ㅡ Ta tudo bem? O que foi? ㅡ Senti sua mão tocar minhas costas e olhei para ele. Senti o meu rosto corar por completo quando olhei-o nos olhos.

ㅡ Sim, eu... ㅡ Tossi mais duas vezes. ㅡ Eu engasguei. ㅡ Cocei a garganta. Mason permaneceu sentado analisando meu rosto. Sua expressão não pareceu mudar com a situação. Ele tocou meu cabelo com seus dedos e logo depois os tocou na minha bochecha. ㅡ Você está falando sério? ㅡ Minhas sobrancelhas estavam franzidas enquanto ele tinha a expressão mais serena do mundo. Como se nada lá fora estivesse dando errado.

ㅡ Estou. ㅡ Respondeu com calma. Seus olhos estavam passeando por meu rosto. ㅡ Eu não quero mais ser só o seu segurança, ou o seu amigo. Estou apaixonado por você e quero muito que seja minha namorada. Que seja minha. ㅡ Olhou nos meus olhos. ㅡ Aceita?

Meu coração acelerou com a proposta. Um choque percorreu a minha espinha e eu só consegui balançar a cabeça positivamente, arrancando um sorriso sereno dos lábios dele.

Minha... ㅡ Sussurrou tocando a palma quente de sua mão na minha bochecha. Seu rosto se aproximou do meu e seus olhos focaram em meus lábios. ㅡ Namorada. ㅡ Finalizou logo antes de tocar seus lábios aos meus.

Mason iniciou um beijo delicado. Tinha paixão ali. Seus lábios tocavam os meus com tanto carinho que senti que poderia derreter ali mesmo.

Foi quando suas mãos passaram para minha cintura. Ele foi inclinando seu corpo para trás até que estivesse deitado. Com as mãos na minha cintura, ele me puxou, fazendo com que eu me deitasse por cima dele com as pernas envolto do seu quadril, com os joelhos apoiados no sofá.

Uma de suas mãos segurou firme as minhas costas enquanto o beijo tomava intensidade.

Quando ficamos sem ar, separamos nossos lábios e observamos um ao outro.

Era impossível não sentir aquele sentimento pulsando dentro de mim. Era quase palpável. Eu tinha certeza absoluta de que meu coração pertencia a ele.

ㅡ Vou te deixar descansar. ㅡ Disse ao me lembrar que ele não havia dormido a noite inteira. Saí de cima do mesmo e me deitei ao seu lado, dessa vez, virado para ele. Mason também se virou para mim, deitando a cabeça de lado no travesseiro. Sua expressão serena era mais pelo sono.

ㅡ Vai estar aqui quando eu acordar? ㅡ Ele perguntou quase fechando os olhos.

ㅡ Por que a pergunta?

ㅡ Parece que eu estou sonhando. ㅡ Sorri, mas ele já estava com os olhos fechados.

Aproximei meu rosto do seu e lhe dei um beijo na ponta do nariz.

ㅡ Vou estar aqui, Mason Ogden. ㅡ Sussurrei. Mason sorriu, mas não demorou a cair no sono.

[...]

ㅡ Quer ajuda? ㅡ Deixei o álbum de fotos de lado e caminhei até a porta para ajudar o pai de Mason que estava entrando pela porta segurando várias bolsas de papel.

ㅡ Obrigado. ㅡ Ele agradeceu quando tirei as bolsas de sua mão e a coloquei na mesinha. Ele fechou a porta para impedir que o vento entrasse. ㅡ A quanto tempo ele está dormindo? ㅡ Olhou para Mason que ainda dormia no sofá.

ㅡ Faz umas horas. Ele dirigiu a noite inteira, estava muito cansado. ㅡ Olhei para o álbum de fotos que deixei sobre a poltrona enquanto o senhor tirava o cachicol. ㅡ Ah, espero que não se importe. Fiquei olhando as fotos do Mason. Estava meio... Entediada.

ㅡ Que isso, pode mexer no que quiser. ㅡ Ele sorriu e andou com seu jeitinho engraçado até as bolsas. ㅡ Eu comprei essas roupas para você não precisar vestir as do Mason enquanto estiver aqui.

ㅡ O senhor... ㅡ Me aproximei das bolsas e vi que eram roupas ali dentro. Calças de moletom, suéters, cachicol, meias, toucas, luvas... ㅡ Não precisava se incomodar, Sr Ogden, eu... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Não é incômodo nenhum, Arizona. Você não podia ficar vestindo essas roupas. Mason disse que gosta de livros e que vai te levar para conhecer a biblioteca. Não vai querer ir assim, não é? ㅡ Apontou para as roupas gigantes que eu estava vestindo. Balancei a cabeça rindo. ㅡ Pois bem. ㅡ Ele tirou a touca de sua cabeça. ㅡ É claro que nem tudo deve ser do tamanho certo, mas algumas devem servir.

ㅡ Muito obrigada. Vou lhe pagar por tudo isso depois.

ㅡ Bobagem! ㅡ Bateu a mão no ar virando as costas para mim e seguindo para o corredor. ㅡ Está me pagando com o bem que faz ao meu filho.

Olhei na direção de Mason que dormia tranquilamente e sorri.

[...]

Faziam uns minutos que eu estava apenas sentada na porta de trás da casa. A porta era da cozinha e dava para um pequeno jardim agora coberto por neve. Ali também era possível ter a visão de várias montanhas brancas. Estávamos bem no alto, na verdade.

A visão dali era linda, mas já estava anoitecendo.

Ainda estava muito frio, na verdade, com a chegada da noite, o frio apenas aumentou, mas eu estava vestida das roupas que o pai de Mason comprou. Elas eram tão quentinhas.

Não sei ao certo o motivo de eu estar tanto tempo ali. Talvez eu só precisava ficar sozinha, em silêncio. Talvez eu só quisesse admirar a vista ou sentisse falta, nem que seja um pouco, de tranquilidade. Nova Iorque era tão movimentada.

Estava abraçada aos meus braços tentando evitar o pensamento mais frequente na minha cabeça: contar a verdade a Mason.

Eu não queria, sabia que corria o risco dele pensar que eu era uma maluca e já não quisesse mais nada comigo, mas me sentia mal escondendo algo assim. Para ele, vivi momentos ao seu lado quando criança. É claro que para todos dessa realidade, isso realmente aconteceu, mas não para mim. Eu queria poder ter a liberdade de falar sobre meu passado com ele, de poder contar sobre tudo o que passei. Queria que ele me conhecesse de verdade.

Ele me trouxe para sua casa! Passei a tarde vendo fotos suas de quando criança. Ele me deu a liberdade de conhece-lo e eu me sentia mal por ele não me conhecer de verdade. Poxa, Mason pensava que eu era garota rica que cresceu na companhia da família e dos amigos! Eu sou o total oposto disso.

Quando me dei conta, uma lágrima escorreu por meu olho. Uma lágrima quente que parecia queimar minha pele fria.

Mason era meu namorado agora, mas nem sabia quem eu era. Não é assim que eu quero que as coisas funcionem. Quero que ele se apaixone por quem sou de verdade.

Me levantei e desci os pequenos degraus da porta, pisando na neve do jardim. Sequei a lágrima e logo sequei outra que escorreu. Caminhei para o meio do jardim e me peguei chorando mais.

Talvez eu fosse apenas uma chorona. Mas, eu realmente gostava de Mason e me doía pensar que o estava " enganando ".

ㅡ Ari? ㅡ Ouvi sua voz e, imediatamente, sequei as lágrimas de minhas bochechas. ㅡ O que está fazendo? ㅡ Ouvi-o respirar com dificuldade. ㅡ Está muito frio aqui fora. ㅡ Respirei fundo e me virei para ele. Não fiz questão de esconder o meu olhar de choro. ㅡ O que foi? ㅡ Ele praticamente correu na minha direção preocupado.

ㅡ Mason, eu... ㅡ Senti as palmas de sua mão tocarem minhas bochechas e sorri em meio ao choro. Só o seu toque já me agradava tanto. ㅡ Eu preciso... ㅡ Suspirei. ㅡ Eu preciso te contar uma coisa. ㅡ Encarei seus olhos. Eu sabia que o estava torturando com o silêncio, mas precisava de um tempo para pensar em como começar a falar.

•••
Continua...

Sobrevivendo ao meu Clichê IOnde histórias criam vida. Descubra agora