Capítulo 39 - Parte Um

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Quando Daniel e eu nos separamos em frente ao prédio da mansão, com a promessa de um encontro para o dia seguinte no desjejum, deixo-o sem virar-se para seguir por um lado que não me incomodo em olhar sem mais palavras. O jantar acabou há pouco e os jovens estão indo para os dormitórios e preparando-se para o toque de recolher, que acontecerá em cerca de meia hora.

Evito encontrar-me com eles, ultrapassando as pessoas nos jardins com rapidez.

Aproveito o corredor vazio para correr para meu quarto. Vou ter alguns minutos de privacidade no banheiro e vou usá-los — mesmo que ficar sozinha lá não seja minha melhor ideia.

Meus passos ecoam nos corredor da Ala das meninas. Sou a solitária ocupante desde lugar, ouvindo os ruídos que provêm de dentro dos cômodos ocultos atrás das portas fechadas. Cruzo o espaço, dirigindo-me quase até o início da Ala Oeste, considerando que meu quarto fica na parte mais próxima de tal lado, mesmo que se localize ao Norte, direcionada à mesma posição que o refeitório.

Hesito na porta, quando agarro a maçaneta. Escuto a voz de Chia pela barreira de madeira.

—... Enorme. Nunca vi nada parecido nem na Casa do Governador.

Empurro a porta em silêncio, tentando adiar o momento em que Chia notará minha entrada e interromperá sua fala para lançar-me o olhar afiado que sei que receberei.

— Tem tantos cavalos lá que nem todos os nobres de Aliança poderiam acumular num só lugar!

Noto primeiro a pose de Chia, inclinada em sua cama para acentuar suas exclamações. Depois, visualizo Lorenzo ocupando minha cama, meio deitado de forma muito relaxada em meu colchão, apoiado em meu travesseiro e apoiando-se no lençol que Penny costuma roubar de mim durante a noite. Meu primeiro impulso é grunhir. Quero ordenar a ele que vá embora, saia de meu quarto, mas contenho minhas reações quando vejo os gêmeos se virarem para mim, conforme a porta geme com o empurrão que dou para abri-la.

O erguer de sobrancelhas desafiador de Enzo não me passa batido.

Ele conhece os sinais de meu corpo e já identificou meu desconforto com um único olhar.

— Onde está Penny?

— Frida a levou — rebate Chia, sem expressão, apontando para a porta. — Concordamos que eu deveria ter um tempo a sós com meu irmão, considerando que ele foi afastado de mim por um longo período e não recebeu a melhor das recepções.

A repreensão dada é ignorada por mim.

— Como você insiste — começo, agarrando uma muda de roupas de dormir — vou deixá-los desfrutar da companhia um do outro. Tenho certeza que poderei conseguir uma cama em outro quarto.

Em uma ação involuntária, agarro o casaco de Daniel na prateleira da cômoda ao lado de minha cama, incapaz de deixá-lo ao alcance de Lorenzo, mesmo que o enigma já não esteja abrigado entre suas dobras.

Marcho para o corredor ouvindo os protestos indignados de Chia por minha saída abrupta sem um pedido de desculpa ao gêmeo mais velho, e a voz de Enzo dizendo para ela não se irritar por minha grosseria, que eles sempre souberam como sou.

O banheiro está vazio quando o adentro. A privacidade que ganho com a solidão não é tranquilizante como poderia, considerando que da última vez que estive aqui desacompanhada acabei sendo atacada.

 Chio ao sentir o ar frio tocar minha pele, quando largo minhas roupas no chão fora das cabines com os chuveiros. Estralo os dedos nas paredes, pressionando-os com força contra os azulejos gelados como as gotículas que deslizam por meu tronco; a esta hora da noite, quando todas as garotas devem estar em seus quartos se preparando para o horário de dormir, o aquecedor está desligado.

Artefatos de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora