Samantha parece tensa ao falar agora. Suas palavras são cruciais, percebo.
— Nesta profecia, dizia que se aproximavam os tempos sombrios, onde uma guerra alcançaria tudo e todos, dizimando milhares e deixando o mundo sob um poder negro, onde nosso povo seria caçado e usado como armas por seres malignos que seriam confundidos com humanos. Esses seres poderiam nos controlar pela fraqueza do sangue. E a fraqueza no sangue resulta em nada mais do que morte.
— Fraqueza do sangue? — Inquire Chia, com uma careta. — O que isso significa?
— Que um DNA frágil e doente poderia ser tomado e transformado, e isso daria poder aos nossos inimigos.
— O que vocês fizeram? — Pergunto.
Sussurros ecoam em minha cabeça, como se desejando participar da conversa. Fico arrepiada pelo timbre grave de Sam, muito próximo de ser inaudível na sala que absorve o som.
— Eu, Samuel e os mais jovens de nós, nada mais que assistir — explica ela, corando, como se tivesse vergonha. — Mas minha melhor amiga e mais três de nós transformaram seu sangue em mercadoria valiosa e imutável, a chave para encontrar a chave para a cura. Sete de nós fugiram para as Ilhas Oceânicas e lá travaram um acordo de permanência de suas linhagens.
Um intenso tremor me invade, cenas de batalhas num salão dourado brilhando à minha frente, como uma intensa fantasia de meu cérebro fácil de impressionar.
— Quando voltaram, um mês depois, anunciaram que estávamos em guerra com Aliança por conta do último Alfa do Norte. — Ela fala essa parte com ênfase, esperando um surto que não vem. Seria tolice enlouquecermos agora após ver tantas esquisitices. — Eu os vi por menos de dez minutos antes que eles corressem para suas casas. No dia seguinte, todos tinham desaparecido novamente, dessa vez para sempre. Eu nunca mais vi nenhum deles, e nunca mais soube de minha amiga e seu marido. Foi ele quem precedeu Samuel e passou seu governo adiante para proteger a esposa e os filhos, mas não sobreviveu. Alessandra e ele eram como pais para Sammy e eu.
— O que houve com os outros? Por que a guerra? — Indaga Chia.
— O que eles fizeram com o próprio sangue para ele ser diferente? — Sou eu quem pergunta. — E o que isso tem a ver com o enigma?
Sam não parece incomodada em ser bombardeada pelas perguntas. Vejo-a parar por um segundo, como se as filtrando para responder o que sabe. Suas feições estão fechadas quando ela recosta-se na madeira do sofá, prestes a falar o que pode.
— Eles criaram cinco dicas, escondidas nos quatro cantos do mundo para serem procuradas e unidas. A América Perdida, a Antiga Europa, a Ásia e a África. Essas dicas, escondidas em objetos de valor para eles, seriam usadas para descobrir onde está o Segredo de Sophia, onde teriam guardado as respostas para a cura desta doença terrível. Nunca tivemos tempo para perguntar que doença era ou como encontraríamos os objetos. Tudo o que soubemos é que deveríamos achar os pedaços do enigma que seriam passados para os herdeiros de cada um deles, cada pedaço contendo um mapa para encontrar uma das partes da chave para o Segredo de Sophia, cujas palavras jamais vimos e jamais deveriam ter sido conhecidas. Quando os Cae da geração dela leram seu enigma, acharam que, se tornassem seu sangue a parte vital da profecia, não poderiam ser destruídos. O que eles não sabiam é que a resposta de Alessandra à Sophia foi o que tornou a profecia algo real. Essa seria nossa própria maldição. Saber que a profecia jamais teria sido ativada se tivéssemos deixado que permanecesse no passado.
Um pesado silêncio aperta meus ouvidos, num eco inexistente opressivo.
— Como vocês souberam que esse vírus existia? E como eles puderam descobrir sua cura?
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Artefatos de Sangue
Paranormal"Eu nunca quis ser parte disso. Nunca quis fazer parte dessa guerra. Nunca quis ter que escolher um lado. Mas, por eles, e por mim, eu finalmente queria tentar". Embarque nessa aventura, afogue-se nessa história enigmática e envolva-se num mundo de...