Turano

Ser forte

Aymê narrando- ele não pode tá falando sério, ele fez eu me apaixonar, amar ele, e agora diz que não pode me dar o que eu quero? eu não quero nada, eu só quero ele. Tá doendo muito, uma dor que tá me sufocando, tá doendo mais do que os dias que passei no cativeiro, nos dias de terror eu tinha as lembranças de nós dois, elas me faziam fortes, a certeza de estar nos braços dele, quando todo sofrimento acabasse, me fez ficar viva, e agora o que eu vou fazer? sem o meu marrento?

Claudia- Tá na hora de tomar o remédio Aymê.

Aymê- ele terminou comigo mãe, meu coração tá doendo, e não tem remédio pra essa dor.

minha mãe me abraça.

Claudia- ele quer te proteger Aymê, o Samurai vive perigosamente.

Aymê- me proteger? não tem sofrimento maior do que esse, que tá latejando no meu peito, como vou viver sem ele mãe?

Claudia- essa dor vai passar Aymê, você precisa ser forte, o tempo cura tudo.

Ela me abraça enquanto eu choro desesperadamente, me falta o ar, os soluços vão interrompendo o choro . A Isa entra, fala com minha mãe que sai do quarto.

Isa- Amiga, como você tá?

Aymê- acho que preferia ter morrido amiga.

Isa- não fala isso amiga, tá doida?

Aymê- tá doendo muito.

Isa- eu sei, eu ouvi o samurai falando com o LK, ele tá mal amiga, ele fez isso pra te proteger.

Aymê- eu não quero ser protegida desse jeito, eu não quero.

Isa- amiga quem sabe, depois vocês conversam e se acertam.

Eu tinha tanto medo de amar  o Samurai, a ponto de esquecer de correr atrás do que eu mais quero na vida, más amar ele só me fez querer alcançar esse sonho, ele mudou tudo aqui dentro, fez eu ver as coisas de um jeito diferente, me fez quebrar uma rocha que se achava inabalável, ele me fez amar como nunca amei, me fez sentir o que eu nunca senti e agora tá transformando tudo em dor.

A noite é cruel, todos dormem, eu fico olhando o celular esperando uma mensagem, uma ligação, fico esperando ele entrar por aquela porta , não consigo dormir , preciso respirar, preciso sair daqui, esse quarto tá me sufocando, o silencio tá me matando. 

Levanto e vou arrastando o pé até lá fora, apoio a mão que doi muito, sento na escadaria do beco, olho para o céu, me perguntando porquê Deus deixou eu amar ele se não era pra mim? porquê eu passei a vida sendo contra homens como ele, ai a vida me desafia, coloca ele no meu caminho e me tira assim , ele saindo pela porta da frente do meu coração enquanto eu sangro a cada segundo.

A madrugada tá fria, más eu não ligo, soldados passam por mim armados, subindo e descendo a favela, usuários de drogas escondidos atrás de capuz compram drogas, o barulho de moto é constante, uma delas para e alguém se aproxima, tá escuro não dá pra ver quem é.

Samurai- tá fazendo o que aqui nesse frio?

Não tenho voz para responder.

Samurai- vem, vou te levar .

Aymê- não precisa.

Samurai- você ainda tá machucada, é melhor ficar dentro de casa.

Aymê- machucada? acho que vou ficar machucada a vida toda.

Samurai- não fala assim, você é forte, isso vai passar.