Aymê narrando- Não é que eu me acho melhor que os outros, é assim que eu sou obrigada oa ser , eu sou mulher, preta e favelada, e tenho que ser a melhor em tudo, eu tenho que fazer melhor , e ainda assim sou vista como a pior , desde pequena desenho vestidos, roupas e sempre sonhei em ser estilistas, as paredes sem reboco da minha casa não me impedem de sonhar com o mundo lá fora , em viajar e me ver sendo uma estilista famosa, reconhecida e bem conceituada, a única saída para alguém como eu é estudar , mesmo sendo uma saída difícil foi nela que eu me apeguei, estudei para o ENEM e passei com uma nota boa, consegui bolsa integral pelo PROUNI para o curso tão sonhado de moda, achei que meu sonho estava começando , más a realidade é outra ao invés do sonho, o pesadelo estava apenas começando, por vezes eu sai de madrugada de casa para ir andando e juntar o dinheiro da passagem para comprar apostilas, as vezes tenho que esconder a fome e ficar até tarde na biblioteca por não ter o livro que todos conseguem comprar, tentei trabalhar e estudar más minhas notas estavam caindo e o risco de perder meu sonho eu não quiz correr.
Na sala de aula pessoas diferentes de mim , um curso formado por pessoas ricas, que pagam o curso com o próprio dinheiro, bem vestidas que frequentam desfiles famosos pelo mundo, não sou notada ou quando sou me olham de cara feia, amizade apenas com a Isa e a Rafa que são do curso de farmácia, para elas funcionam um pouco diferente já que a Rafa usa o dinheiro do irmão e a Isa é de família rica más vive do dinheiro do LK.
Me achar melhor pode ser feio para você , más para mim é a forma de provar que eu sou e posso ser melhor , odeio bandido com todas as minhas foças, se eu pudesse exterminava todos dessa terra, mataram meu pai na minha frente por engano, eles pagam de ajudadores dos oprimidos , más são os próprios opressores, sonho com o dia que vou sair dessa favela e me livrar disso tudo.
Me senti sem saída ao ter que depender de um deles, o pior de todos eles, que se acha o dono do mundo, o dono do morro, más eu não podia perder meus desenhos, a foto do meu pai, a polícia não ia dar ouvidos então tive que apelar para o Samurai, por mais que isso me provoque raiva, eu não tenho opção, a causa vale o sacrifício.
Falei para os soldados as características do ladrão e fui para o meu quarto orar, pedir a Deus que ajude eles a acharem as minhas coisas, e que se acharem o ladrão que Deus tenha piedade dele, porquê a justiça da favela não quer saber se a fome falou alto, se a vontade de usar a droga que eles mesmo vendem gritou na alma, o tribunal na favela não tem defesa,tem só acusação . Orando e chorando por horas eu fiquei. Bateram na porta de madeira do meu quarto, uma porta quebrada más por trás dela eu escondo meus medos e minha tristeza e também o sonho de um dia sair daqui.
Abri a porta é o Jeff.
Jeff- Aymê o Samurai tá te chamando na boca para reconhecer o ladrão.
Senti meu estômago revirar, de medo por terem achado ele e não só as coisas. Subi o morro na intenção de falar que não conheço, que não é ele, fiquei imaginando uma vida sendo levada como levaram a do meu pai.
Entrei na boca, pela segunda vez estou aqui , e a sensação é a mesma, de que o diabo mora aqui dentro , é possível sentir a distancia do céu mesmo que ele esteja mais próximo, entrei na sala do dono do mundo, ele estava concentrado mexendo no celular e olhou por cima quando me viu.
Samurai- bora reconhecer o rato, que meu tempo é curto.
Ele parece cansado, o homem mais bonito que eu já vi, más não adianta uma embalagem bonita com o coração feio. Segui ele em passos lentos até uma parte da mata, onde o cara estava sentado em uma cadeira de ferro enferrujada, amarrado os braços e as pernas, um pano dentro da boca, de cabeça baixa, em volta três soldados seguravam seus fuzis , entre cigarros de maconha com as expressões fechadas, como se possuíssem a própria face da morte, eu não posso carregar a culpa da morte de uma pessoa , eu não posso fazer isso, eu cheguei perto e olhei o homem, é ele! foi ele que me roubou, ele me olhou com um olhar de misericórdia, lembrei do olhar do meu pai.
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Turano
RomanceEle é Samurai dono do morro do Turano, amado pela comunidade, odiado pela irmã Rafaela , ele finge não se importar , más fica bolado. Ela é Aymê uma moradora do Turano , ela carrega na alma a dor de ter visto o pai morrer por engano nas mãos dos tra...