O maloqueiro se apaixonou

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Aymê narrando- acordei meio desnorteada, a cabeça doendo, o estômago revirando, olhei em volta, não estou em casa, é claro que não, olhei para o lado e vi o samurai dormindo, respirei fundo, sai de cima do peito dele, sentei na cama, minha cabeça girou, estou com uma ressaca dos infernos, no corpo a ressaca de uma noite de sexo com o Samurai, sorri ao lembrar dos detalhes e de como tudo foi tão maravilhoso.

Levantei, fui no banheiro, lavei o rosto, me olhei no espelho, foi tão perfeito, perfeito até demais para ser verdade, agora eu sou mais um rosto para ele colocar no álbum de figurinhas dele, eu e a favela inteira sabe que ele não repete a figurinha,  não vai ser diferente comigo, ele consegue tudo o quer , me quis e me teve, e agora eu vou ser só mais uma que passou, me sinto estranha, com sede do beijo dele, meu coração parece dependente dele, eu não vou esperar ele acordar para me lembrar qual é o meu lugar, e que eu deveria ter ficado lá no meu lugar, me tornei o que eu mais temia, a que caiu no golpe do bandido, mais uma marmita de traficante.

Amarrei o cabelo  em um coque, peguei a minha sandália sem fazer barulho e sai, fui descendo o morro, encontrei o neném parado de moto em frente uma bocada.

Ele pigarreou para chamar minha atenção.

Neném- Bom dia morena!

Aymê- Bom dia neném.

Neném- sobe aí eu te levo.

Eu não tenho a menor condição de descer esse morro a pé, com essa ressaca maldita e com esses saltos que estão me matando.

Aymê- Deus mandou você pra me salvar véi!

Subi na moto, e desci o morro com ele, estou acostumada com as pessoas daqui me olhando torto, más hoje parece que elas resolveram não disfarçar os olhares, pode ser bobeira más tenho a impressão que fui coroada marmita pela comunidade, ainda bem que pelo menos todo mundo sabe que a coroa do samurai é temporária.

Cheguei na porta de casa.

Aymê- obrigada neném você me salvou.

Neném- huuuum e como foi lá com o patrão.?

Porra! Aqui é um lugar  impossível de deixar alguma coisa em off, ainda mais se tratando do dono do morro.

Aymê- não aconteceu nada.

Neném- o chupão aí no pescoço ? eu não vi ontem.

Que chupão? Coloquei a mão me abaixei  para ver no retrovisor da moto.

Aymê- não tem nada aqui.

Neném- circuitou é porque aprontou.

Aymê- idiota!

Neném- morreu? Não né? Pronto ele saciou a vontade dele, matou a obsessão e vai parar de te perturbar, e pela sua cara até que rendeu.

Aymê- me deixa em paz!

Entrei em casa e deixei ele lá falando sozinho. Não basta o neném enchendo o saco, aí tá a minha mãe e o Jeff sentados no sofá me encarando como se eu tivesse cometido um crime.

Cláudia- Bom dia Aymê.

Aymê- Bom dia mãe.

Jeff- fui na padaria do Chicão,  o assunto é você e o samurai.

Fechei os olhos, como eu queria me esconder de mim mesma.

Cláudia- não me avisou que ia dormir fora Aymê,  passei a noite acordada te esperando.

Jeff- ela passou a noite com o dono do morro, pra quem morria mais não caia na lábia de traficante até que foi fácil.

Aymê- cala a boca Jefferson, que merda! Desculpa mãe, eu não vou mentir pra você,  eu tava com o Samurai, bebi demais e acabei cedendo.

TuranoOnde histórias criam vida. Descubra agora