CAPÍTULO XXXVII - Pedro

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Sai do escritório do meu pai e fui direto para o meu antigo quarto.
Eu estava ainda com a minha cabeça e corpo doendo e não menos importante que tudo isso, meu coração também doía. Doía por ser abandonado nessa manhã, pelo menos era assim que eu me sentia. Doía pelo que aconteceria essa noite, meu noivado, que loucura descabida. Doía por ter essa responsabilidade de ser o sucessor do meu pai na máfia, nas empresas e no comando da família. Essas conquistas sempre foram desejadas por mim, mas no momento meu corpo e mente só deseja uma coisa: Alina.

Por um momento eu desejo ser um homem normal. Um homem que eu tentava ser nos meus últimos fins de semana vividos caminhando na praia, conversando e jogando com gente que não fazia a mínima idéia de quem eu era, e indo ao barzinho de noite jogar um sinuca como qualquer cidadão normal, e claro que eu terminava a noite com alguma mulher em algum hotel da vida, mas tudo isso acontecia tranquilamente, sem muito alarde e as preocupações que eu enfrentava durante os dias de exaustivo trabalho.

Com isso eu estava conseguindo me desviar da bagunças que eram as minhas noites noturnas por um tempo e estava num momento meio tranqüilo. Eu acreditava que dessa forma meu pai desviaria seu olhar da minha vida fora da empresa e com isso não me questionaria mais com relação a me envolver emocionalmente para formar uma família com uma esposa oficial.

Abro a porta do quarto e adentro ao mesmo. Minha mãe manteve quase tudo no mesmo lugar em que deixei. Ate a roupa de cama é a mesma e ele tem um cheiro bom.

Meu quarto tem o cheiro dela.
Que saudades do tempo que eu era uma criança e não tinhas muitas preocupações com a vida. Mas a minha infância também não foi tão tranqüila já que eu tive que começar meu treinamento ainda muito pequeno. Meu pai foi rigoroso e hoje eu agradeço a ele por isso, se eu não tivesse tido esse treinamento com toda certeza eu não conseguiria assumir a organização.

Vou direto para o banheiro. Preciso de outro banho urgente.

Relaxo em baixo do chuveiro um bom tempo. A água cai na minha cabeça e costas massageando o meu corpo e me lavando por inteiro.

Uma massagem da Marcela agora não seria nada mal. Me enxugo e saio do banheiro pelado.

- mamãe - brado tentando tampar meu pau', mas não acho nada na minha frente que possa me ajudar. Porque eu fui deixar a toalha no banheiro? Mas o que ela faz aqui?

Ela me olha sem nenhuma reação, e continua no mesmo lugar e olhando para o meu corpo.

Olho ao redor e percebo um terno pendurado na porta do closet e sapatos que não estavam ali quando eu entrei aqui no meu quarto.

- já passei talco nesse pintinho Pedro - ela sorri - Já cansei de ver, pegar, lavar e beijar... como eu amava beijar as suas dobrinhas quando você era um bebê - ela fala como uma lembrança boa.

Pego o travesseiro da cama e cubro meu pau' e me sento na cabeceira da cama para ela não ver a minha bund@.

- esse quarto está com cheiro de mãe. Seu cheiro mamãe, o senti assim que entrei aqui - digo e ela sorri.

- borrifei meu perfume aqui antes de você entrar. Queria que você notasse, e deu certo. Você reconhece o meu cheiro assim como reconhece que não pode fugir do seu destino, meu filho - ela vai começar o sermão, sinto que vou levar agora vários sermões e tapas sem mão.

- não precisa rodear dona Adela, apenas diga o que quer que eu ouça - fui direto com ela.Eu sei que eu preciso ouvir o que ela tem a dizer, e mais uma vez eu não vou fugir.

- seu passo hoje será grande - ela diz, fazendo- me voltar a lembrar do que tenho que fazer hoje á noite.

- sim, eu sei - respondo sem animo num fio de voz.

Um desconhecido mudou a minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora