CAPÍTULO XLI - Pedro

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Uma mulher. A minha noiva. Não consigo ver seu rosto. Só consigo ver a parte de baixo do seu vestido rosa esvoaçante atrás das pernas do senhor Lima.

Percebi que os pés dela estavam descalços e ela estava muito próxima as costas do pai que segurava a sua mão com o braço para trás. Ela provavelmente não desejava ser vista nem tão cedo por nós.

Eles finalmente chegam ao ultimo degrau. Sinto que ela não quer sair de detrás dele, mas o senhor Lima a puxa. E nesse momento meu mundo desaba, meu controle emocional de anos de treinamento cai no fundo do poço.

E eu não posso acreditar no que os meus olhos veem.

Eu só consigo pronunciar uma palavra, ou melhor, um nome, o nome dela...

- Alina – chamo-a em um brado assustado por vê-la ali na minha frente.

Ela levanta o olhar e procura quem a chamou. Quando ela encontra os meus olhos ela desmaia na hora, seu pai a ampara para que não caia.

- mas que porr@ - olho para o meu pai sem entender nada, mas meu pai parece saber de tudo – a Alina é a minha noiva? Não posso acreditar – minha mãe me olha confirmando tudo só no olhar. O quê que esses dois planejaram para minha vida.

- sim! Vocês se conhecem? – meu pai pergunta mas parece mais uma afirmação da sua parte, mas eu não tenho tempo de responder. Meu pai sabia? Claro que sabia, ele deve ter investigado tudo sobre ela após o ocorrido na Boate. Não posso crer.

O alvoroço na sala começa.

- vou levá-la para o quarto.
- papai o escritório fica aqui embaixo e é mais perto – uma das irmãs dela diz.

- vamos colocá-la no sofá do escritório então. Deixe-me passar – ele pede passagem.

Todos entramos no escritório do senhor Lima.

Uma das irmãs da Alina a acomoda no sofá e ergue a sua cabeça em seu colo.

Eu ainda não posso acreditar no que estou vendo.

É ela, a própria menina fujona. A fonte de todas as minhas frustrações nesses últimos dias. E dessa vez ela não vai escapar de mim assim tão fácil, mas não vai mesmo. Nem que eu tenho que colocar essa mansão a baixo. Hoje eu levo essa mulher daqui.

- Ela não vai demorar a acordar, deve ter sido só uma queda de pressão – Alguém diz e confesso que eu não estou muito interessado no que ninguém esta dizendo ou fazendo.

No momento só penso em uma coisa. Alina!

Meu alvo nesse momento é só aquela mulher deitada como uma bela adormecida no sofá.

Minha vontade é de pegá-la agora mesmo e sair daqui rapidamente pra bem longe de tudo e todos.

Meu coração ainda não assimilou o que eu estou vivendo.

Só posso dizer que não farei mais nada sem pensar. Tudo que eu fizer e disser será minimamente calculado. Eu não vou sair daqui sem ela ou eu não me chamo Pedro Franco.

Chamo o senhor Lima, o meu papai, o meu irmão e os anciãos para uma pequena conversa no canto do escritório.

A mãe de Alina parece querer me estrangular com o olhar. Confesso que não me importa nada nesse lugar a não ser Alina e a segurança da minha família.

Digo a eles que levarei a minha noiva daqui hoje e não vou suportar que eles se neguem a obedecer o que eu acabei de decidir.

- minha filha não sai daqui mesmo – o senhor Lima fala – hoje é só um noivado, e não um casamento – ele conclui.

Um desconhecido mudou a minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora