Capítulo 2- Dom Fernan

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A menina Luna, me apertava muito.

Tenho certeza de que ela, não tinha ideia do que fazia.

Suas pequenas e mortíferas mãos, estavam apertando a manga do meu casaco com tanta força, que seus dedinhos estavam brancos.

Ela estava com os olhos fechados, mas não estava dormindo. Poderia dizer que ela estava tendo, recordações ruins.

Eu amo minha Pietra, amo todas as minhas meninas e os meus meninos, mas quando vi essa menina, foi como um chamado que recebi para ser pai novamente e cuidar dela.

Ela parecia um passarinho ferido, que insistia em voar, ainda que suas asas tivessem sido cortadas.

Ela sorria e brincava, alegrava todos ao seu redor, mas tenho certeza de que quando estava sozinha se enrolava na cama e chorava. Pra piorar, ela vivia caminhando de encontro a morte.

Eu sabia quando alguém queria morrer, mesmo que a pessoa não tivesse consciência disso.

Eu queria entender e cuidar das feridas daquela menina.

Nunca imaginei que os monstros dela, fossem aqueles do tipo que mais ferem a alma.

Nunca pensei que aquele que deveria ter cuidado e dado carinho, era o mesmo que havia destruído sua alma.

Demorou um pouco pra ela confiar em mim, mas nós nos conectamos.

Foi assim desde o primeiro momento em que ficamos sozinhos.

Primeiro ela me ameaçou, me agrediu. E eu me mantive firme, forte, porém receptivo e atenciosos.

Depois que ela se permitiu, me conheceu melhor e confiou em mim. Passou a me enxergar como um amigo, um confidente e possivelmente um pai substituto, do merda de pai que ela teve.

Sempre que lembro dessa história, eu quero que aquele porco ressuscite para que eu possa matá-lo com minhas mãos. Para que eu possa mostrar a ele, o que essa família faz com esse tipo de gente.

Na nossa família, na nossa máfia somos do tipo ruim. Somos ruins de verdade. Com requintes de crueldade, porque não sobreviveríamos se fossemos diferente. Mas nunca, nos mais de quarenta anos que fiquei a frente da organização, ou mesmo depois quando Francesco assumiu, permitimos estupros ou assédios. Mulheres e crianças para nós sempre foram sagradas.

Só machucávamos mulheres, quando ela não nos dava opção, quando não havia outra forma. Quando ela se infiltrava tentando contra nossa vida. Ainda assim, tentávamos de tudo primeiro e nunca, nunca admitimos entre os nossos pedofilia ou estupros.

Quando precisamos usar crianças para afetar seus pais, a tiramos de sua família e damos para outro criar. É cruel também, mas sabemos que ela será bem cuidada. Nós nunca tocamos nelas, numa violamos ou matamos crianças. Esses pequenos seres são nosso futuro.

Cada mulher, ou criança, dentro ou fora da organização, devem e são sempre respeitadas.

Me lembro com precisão de detalhes quando meu apreço e apego, por essa menina aumentou.

"Diego me ligou do centro de treinamento, duas semanas após termos mandado Luna para lá.

Sua treinadora dizia que, ela era perseverante e passaria facilmente, se fossemos trabalhar somente o físico. Mas ela disse também que, o psicológico estava seriamente comprometido e eles estavam com receio de dispensá-la, pois se tratava de alguém encaminhado por mim, pessoalmente.

Eu tinha mantido uma certa distância, até aquele momento.

Mas eu sabia que, teríamos problemas se ela voltasse sem estar pronta. Então, entrei num avião e fui ver o que eu poderia fazer pra resolver o problema, pois a princípio era isso que ela era.

Mulheres Poderosas IV - LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora