Mulheres Poderosas IV - Luna

Capítulo 41 - Enrico

Pela primeira vez em muito tempo, eu estava com medo e me sentindo inseguro.

Total e completamente inseguro.

Nas últimas semanas, Luna e eu entramos em uma bolha só nossa, uma pequena e deliciosa bolha, onde só existia nós dois.

Não transávamos, ainda não. Mas sinceramente falando, esse era apenas um detalhe.

As vezes brincávamos, jogávamos, conversávamos sobre tudo. Muitas vezes brigávamos, discordávamos e depois fazíamos as pazes.

Algumas vezes nos tocávamos apenas com afagos, caricias leves e delicadas. Outras vezes éramos mais afoitos, mas sempre dormíamos juntinhos e conversávamos todas as noites sobre qualquer coisa e nunca, nunca dormíamos chateados um com o outro.

Ela estava cada dia mais solta, mais à vontade comigo e com seu corpo. Cada dia mais, ela apreciava meu toque nela e sempre praticava o toque dela em mim... e agora, isso.

Por mim, eu iria até o filho da puta e o mataria.

Simples e fácil. Um tiro bem no meio da testa.

Eu era um excelente sniper, nós tínhamos excelentes snipers Mia, Donna, Luigi e Mad eram excelentes atiradores.

Mas não, íamos esperar, deixaríamos ela fazer..., eu detestava ficar dando espaço para o inimigo e detestava mais ainda ver ela nessa situação de confronto com alguém que fudeu com ela por dentro e por fora.

Eu odiava esperar... menos por Luna, por ela esperaria uma eternidade.

Infelizmente, as mulheres decidiram que na festa não seria o momento de atacar, a menos que Javier aparecesse, aí sim..., mas para isso, elas ficariam de sobreaviso...

Eu ainda tinha dificuldades para admitir que as mulheres tinham sim, mentes brilhantes e que nosso pequeno mundo, estava literalmente, dominado por elas.

Luna parecia estar tranquila com a situação, depois do jantar ela ficou um pouco comigo e depois sumiu para algum lugar com Helena.

Enquanto espero ela retornar escuto Francesco, Ethan e Lorenzo discutindo os pormenores sobre a captura e ou morte de Javier.

_ Desculpa Francesco, mas não concordo, você está mandando minha irmã para as mãos daquele filho da puta novamente, sendo que é uma coisa que podemos resolver. – Resmunga Lorenzo.

_ Pelo amor de Deus, alguém quer por favor me escutar, nunca foi minha opção número um. – Berra Francesco.

_ Claro, vamos escutar o pau mandado das mulheres. Como se qualquer coisa que Mia falasse, você não fosse fazer.

Eu estava cansado dessa história.

Pra mim Lorenzo tinha razão, vamos atras do safado, damos um belo tiro e finito. O fato era que sim, Francesco faria qualquer coisa que Mia pedisse...

_ Chega!!!!! - Grita o calmo e pacífico Luigi, que eu nem sabia que estava prestando atenção. _ Vocês são crianças ou o quê. Primeiro qualquer um aqui e eu digo qualquer um de nós, faríamos qualquer coisa que nossas mulheres pedissem. Elas são mulheres valorosas e talentosas, só acrescentam em nossas vidas e você não é a melhor pessoa pra julgar Lorenzo, uma vez que lambe o chão que Pietra pisa. Em segundo lugar, nossa família, a máfia Basile, tem regras e elas devem ser seguidas. Nesses casos, ela dá o direito da vida a quem foi agredido. Ou seja, Luna tem todo direito de fazer como ela quiser e com quem quiser e ela já tinha resolvido lá atrás no casamento de vocês, que ela e as outras mulheres pegariam Javier. Caso sua irmã mude de ideia, vamos fazê-lo conforme nosso Dom ordenar. Você está na máfia, deve respeito e obrigação a sua família e ao seu Dom, não se cresça porque é cunhado, porque isso aqui, é secundário. Isso se e quando levamos esse parentesco em conta.

Luigi fez todos os marmanjos da sala se calarem, inclusive eu.

Os semblantes não eram os mais alegres, mas ao menos parecem que entenderam o recado, eu pelo menos entendi.

_ Se eu me exaltei, peço desculpas Francesco, ehhh Dom Basile. Só não quero que minha irmã tenha que passar perto desse filho da puta novamente.

_ Estamos todos exaltados. Aqui, entre nós, continue a me chamar de Francesco, mas nunca ouse levantar a voz comigo fora desse círculo, não será desculpado e arcará com as consequências.

_ Não acontecerá novamente.

_ Temos que pensar que as meninas têm um bom plano. – Ressalta Ethan. _Cobrimos todas as possíveis falhas, teremos homens dentro e fora do evento. Todas nossas mulheres e vale destacar, "superpoderosas assassinas", estão em alerta máximo. A chance de pegarmos ele é de cem por cento. Isso se ele aparecer nesse evento.

_ Tenho certeza de que ele irá. – Falo. _ Se ele está na Itália, ele ligou Luna aos Basile de alguma forma, ele aparecerá pelo menos a título de curiosidade.

_ Pode ser Enrico, mas pode ser também que ele não queira esse tipo de publicidade para ele. Se ele aparecer num evento desse porte, está assinando um atestado de burrice e de óbito. O local estará cheio de câmeras e seguranças e embora ele ache que não sabemos que ele mudou de rosto, ele tem sido até agora bem cuidadoso, não vai querer depois de tudo correr o risco de perder o prêmio.

_ Eu acho que é uma questão de poder Ethan. Além dele ficar com Luna, ele ainda a tira de Francesco. Um prêmio duplo.

_ Seria isso, se ele soubesse a real ligação de Luna com os Basile. Até onde sabemos ele acha que vocês estão "pagando algo" a máfia Basile. – Nos lembra Mad.

_ De qualquer forma, uma invasão desse porte, requer tempo, pessoal e dinheiro. Tempo ele tem de sobra, mas pessoal e dinheiro não. Suas finanças pessoais estão sendo dizimadas, o contingente de homens que ele tinha na clínica e o que ele tem agora é bem inferior. Se ele fizer um ataque desse porte, perde mais do que ganha. – Contrapõe Diego.

_ Eu queria que resolvêssemos logo o problema, mas Luna prefere assim. Se ele aparecer ou der sinal ela sai da van e vai de "encontro" ao destino, se não. A festa continua e faremos nossa própria armadilha. Vamos ver como isso se processa. – Determina Francesco.

_ A menina Luna, melhor do que ninguém sabe o melhor momento. E vocês parem de querer resolver as coisas por ela. Ela é uma mulher de maior e vacinada. Tem todo direito a pensar e resolver as coisas conforme entende ser o melhor para ela. Ele pode pegá-la, mas não pode mantê-la. Somos sua família e estaremos lá como apoio. Precisamos ser mais ágeis, mais inteligentes e pensar além. Se continuarmos brigando e discutindo, acabaremos nos dividindo e falhando. Isso já aconteceu antes e não permitirei que aconteça novamente. E se ela se der mal, farei com que cada um de vocês, sofra o mesmo que permitirem o desgraçado fazer com ela. Simples assim e isso não se discute mais. Se não for na sexta, será nos próximos dias da semana que entra, mas será feito. Esse homem está morto, é só questão de dias para pegarmos seu corpo. – Fala Dom Fernan, dando fim aquele falatório sem nexo e sem final.

Não havia mais o que ser discutido, acabamos nos despedindo e cada um procurou seguir o rumo de suas casas.

Fui o último a sair, após fechar o escritório, caminhei em direção da minha.

Com sorte Helena já teria liberado Luna e aproveitaríamos o restante da noite, mas não sei se sorte ou azar, Lorenzo, Ethan, Pietra e Donna estavam na porta de casa me esperando.