Saí às pressas do banheiro pra atender a porta.
Justo hoje que Luna parecia receptiva e sinalizava que estava disposta a conversar, alguma coisa tinha que acontecer.
Nem me preocupei em vestir roupa, afinal a ideia era despachar quem quer que fosse e ligar para Luna antes que ela pegasse no sono.
Por isso o susto quando atendi a porta enrolado na toalha foi tamanho que, sem querer deixei a mesma cair aos meus pés.
Luna abaixou e pegou a toalha no chão, levantou devagar me medindo milimetricamente, suas bochechas estavam vermelhas de vergonha, mas ela tinha um sorrisinho sacana nos lábios.
_ Sempre atende as visitas assim? Isso por acaso é algum rito de boas-vindas? – Ela quis saber me entregando a toalha.
_ Lu... não... desculpa. – falei pegando a toalha de suas mãos e enrolando novamente no corpo. _ Eu achei que fosse Mad ou um dos rapazes, só ia ver o que queriam e despachar, não achei que fosse você. Combinamos que eu ia te mandar uma mensagem e te buscar se você resolvesse vir, lembra.
Disse me afastando da entrada e fazendo sinal para ela entrar também.
_ Eu não lembro de ter combinado nada, só lembro de ter escutado você dizer isso. – Ela disse com seu jeito teimoso e sorrindo.
_ Lu... – pensei em dizer que o silêncio dela era como uma concordância, mas desisti. A muito eu sabia que nem todos que calam consentem. Eles apenas não sabem como agir. _ Minha linda, esquece. Vou me trocar e já volto. Fica à vontade.
Deixei Luna na sala e voltei ao quarto/escritório que eu usava na parte de baixo da casa. A casa era um sobrado, mas eu só utilizava dois cômodos, o banheiro e o escritório que eu fazia de quarto.
Voltei para a sala já de calça de moletom e camiseta. Luna passava os olhos na mesa da sala repleta de gibis e mangás, que eu comprava e devorava sempre que tinha tempo.
_ Um apreciador de animes pelo que vejo.
_ Eu gosto de histórias em quadrinho de um modo geral, então pode-se dizer que sim, aprecio animes também. – disse organizando a pequena bagunça que tinha deixado na sala. _ Eu geralmente sou bem-organizado, mas faz duas semanas que não fico em casa. Não gosto de ninguém mexendo nas minhas coisas sem que eu esteja aqui, então... desculpa pela bagunça.
_ Relaxa. Eu tive que aprender a ser organizada na marra. Quando Ethan veio morar conosco, ainda novinho ele organizava todos os armários, dobrava as calças e camisetas todas enroladinhas e guardava separada por cores, igual a hotel. A Carmem pra não desvalorizar o esforço dele, nos fazia aprender e fazer igual. Hoje fazemos isso com tudo no automático, tipo TOC, mas levou tempo.
_ Sente aqui. - Disse apontando o sofá. _ Aceita um vinho? Whisky? Acho que só tenho esses dois.
_ Um vinho está bom pra mim.
Me dirigi a geladeira de vinho pequena que tinha no canto do bar, torcendo pra que realmente tivesse vinho nela, pois a muito eu não a enchia, muito mesmo sabia seu conteúdo.
Achei uma garrafa de Domaine Georges & Christophe Roumier Musigny - Grand Cru, um vinho bem caro que Francesco me deu numa aposta que perdeu quando eu disse que ele se casaria com Mia.
Era um vinho raro e caro, como a companhia que me esperava ao lado. Servi o vinho nas taças e entreguei uma a ela, que tomou boa parte num único gole, antes mesmo que eu me sentasse.
Ela estava ali, tinha vindo de livre e espontânea vontade..., mas pelas mãos entrelaçadas e pela taca de vinho, agora quase vazia... eu comecei a me preocupar se aquela tinha sido uma boa ideia, pois com certeza ela estava muito nervosa.
_ Lu. Tudo bem se eu me sentar?
_ Claro, você está na sua casa. – Respirou e prosseguiu. _Nossa você é bem minimalista. A estrutura da sua casa é bem parecida com a do Ethan e da Donna, mas eles têm muitos moveis e quadros e um monte de tranqueira eletrônica e plantas, agora a Donna deu de colecionar plantas... – enquanto Luna falava sem parar, levantou e começou a andar de lá pra cá na grande sala, que sim, estava praticamente vazia, tendo somente um grande sofá uma mesinha de centro e uma mesa de mogno que tinha sido dos meus pais, num outro canto da sala.
Ela emendava um assunto no outro, tinha terminado de tomar seu vinho e tinha pegado o meu que estava na mesinha de centro.
O nervosismo dela era visível e palpável, mas ela estava ali, apesar de nervosa e falante não dava sinais de correr porta afora.
Calmamente me levantei e parei na frente dela, tirei a taça de vinho de suas mãos e segurei seu rosto entre as minhas.
_ Luna. Somos somente eu e você aqui. E sim estamos sozinhos. Mas você sabe que nada vai acontecer aqui, que você não queira. – Falo deixando claro que ela está total e completamente no comando da situação. _ Embaixo da mesa, tem uma arma, na lateral do sofá tem uma faca, na gaveta da cozinha tem diversas facas e uma pistola, no meu quarto embaixo do travesseiro tem outra arma. Qualquer lugar que você quiser buscar, tem uma proteção. Mas mais que isso, você é uma arma. Se você quiser você pode me matar com um pé, com um braço, com uma caneta. Claro, que eu não quero que você use nada disso. E eu quero que tenha certeza de que nunca vai precisar se defender de mim. Porque pra mim a sua palavra basta. Pra mim, quando uma mulher diz não, ela realmente quer dizer não. E se eu respeito todas as mulheres de um modo geral, imagine como é grande, o meu respeito por você, de quem eu gosto e valorizo em demasia.
_ Desculpe eu...
_ Não se desculpe. Eu quero que você fique aqui comigo, mas se não quiser, podemos dar uma volta, podemos ir à praia, ou se preferir te levo de volta a casa principal. Como eu disse, aqui é você quem está no comando.
_ Não eu... quero ficar, eu ... – Luna fechou os olhos e respirou fundo.
Eu sabia que, ela ter ido até ali era um grande passo. Luna nunca me procurava, era sempre eu que ia atras dela, era sempre eu que tentava beijá-la, que cortejava, que ia atras daquilo que ela estivesse disposta a dar, qualquer mísera migalha.
Mas ela estava ali e eu achava que estava preparado pra qualquer coisa..., menos para o ataque que veio a seguir.
Luna se jogou nos meus braços e afundou seus lábios nos meus, no começo me assustei um pouco e não reagi, mas no minuto seguinte abri minha boca e aceitei a invasão da sua.
Não sabia bem o que fazer com as mãos, já tinha tentado avançar os sinais antes, mas sempre deu merda, então deixei ela guiar o beijo e mantive minhas mãos em sua cintura, como o bom moço que, ao menos para ela, eu tentava ser.
Ela me jogou no sofá e sentou-se em cima de mim. Logicamente, meu corpo já dava sinais de vida, eu era um homem guiado pela cabeça, pela razão. Mas o corpo não tinha estado com uma mulher tinha quase um ano e apesar de respeitar e não avançar, queria muito brincar.
O beijo foi esquentando e meu pau já doía demais com a esfregação, que Luna nos proporcionava. Se continuássemos assim, eu voltaria a ser um adolescente e gozaria nas calças.
Mesmo contra minha vontade, parei o beijo, afastei o rosto e segurei as mãos pecaminosas e bulinadoras de Luna.
_ Lu... vamos conversar.
_ Agora? Nós estamos quase...
_ Nós não vamos sair disso Lu. Pelo menos não hoje.
_ Por que não. Fiz algo errado?
_ Não fez nada errado, mas eu quero saber o que está acontecendo, quero saber como conseguiu tantos progressos e quero fazer parte de cada etapa. Eu quero estar com você além do corpo. É isso o que eu quero. E você Luna, você sabe o que quer?
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Mulheres Poderosas IV - Luna
RomanceEla tem um jeito doce e descontraído, está sempre com um sorriso no rosto, mas carrega marcas em seu coração. Luna viveu uma vida de aparência. Mostrava uma felicidade irreal aos seus irmãos enquanto era obrigada a conviver com monstros... O peso d...