Capítulo 4 Dom Fernan

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Logo depois da minha longa conversa com Luna, pedi a Mad que fosse buscar minha Helena e não comentasse nada com meus filhos, nem com ninguém.

Eu e Helena, passamos duas semanas com Luna. Passávamos os dias conversando com nossa nova filha e com sua psicóloga.

Tínhamos sessões sozinhos e acompanhados dela. E ela também tinha suas sessões privadas, que achamos melhor não assistir mais.

Foram dias de passeios e conversas intensas e cheias de descobertas.

A menina Luna se sentia à vontade comigo e com Helena que a recebera também como uma filha.

A terapia foi boa, inclusive para eu perceber, o pai que vinha sendo.

Sempre muito exigente, frio e firme. Sim, era isso o que a máfia precisava, mas definitivamente não era o homem que eu queria ser, para os meus filhos, muito menos para os meus netos.

Ainda bem que meus filhos tiveram Helena, que com seu jeito doce, sempre amenizava minhas ações, dando o dobro de amor e carinho.

Depois de duas semanas de muita conversa e nenhum treino, a menina Luna se sentia pronta para seguir sozinha.

Ela se comprometeu a conversar com a psicóloga, desde que não houvesse outras pessoas por perto. E eu me comprometi a estar com ela, ao menos a cada quinze dias pra que ela se sentisse segura.

Eu fiz isso, mesmo depois de dois meses quando ela disse que eu não precisaria ir mais, me dediquei a essa menina, como me dediquei a minha filha de sangue e a todos os meus filhos postiços.

Claro que Pietra e Francesco, acharam estranhas minhas constantes viagens e me pressionaram a dizer o que estava acontecendo.

Pela primeira vez, decidi ser somente pai para eles.

Pedi que eles me perdoassem, pelo pai ríspido, frio e exigente que eu tinha sido e que estava tentando ser uma pessoa melhor.

Se eu não conseguisse fazer com eles, faria com meus netos. Ressaltei que tinha começado a tentar ser melhor, com a menina Luna.

Expliquei toda a situação, sem contar sua pesada história, pois não era minha.

Falei que a história era dela para contar e que quando ela estivesse preparada ela falaria.

Contei que eu me sentia compelido a ajudá-la, que eu já tinha carinho e respeito pela força que aquela menina vinha demonstrando, mas que agora eu tinha amor, como eu tinha por eles.

Pietra sempre mais amorosa, mas parecida com Helena, me abraçou e disse que eu era o melhor pai do mundo, que mesmo que eu tivesse um jeito bruto, rústico e sistemático, meu coração era enorme, que ela estava muito orgulhosa de mim e que eu nunca tinha falhado como pai, protetor e chefe.

Depois que Pietra saiu, Francesco me surpreendeu, me abraçando também.

_ Se disser para alguém que te abracei, eu nego Dom Fernan. – Olhou nos meus olhos e disse. _ Eu te amo pai. Você fez o que precisava fazer para nos manter fortes e vivos. Nos amou do seu jeito e escolheu a melhor mulher do mundo para ser nossa mãe. Só posso agradecer.

Depois dessa conversa com meus filhos, me senti mais à vontade para cuidar de minha mais nova, filha caçula.

Pietra já tinha Luna como uma irmã e os outros também. Então, eu me dei o cargo de ser o pai, ou o padrinho, que aquela menina nunca teve.

E ela floresceu, foi lindo e perfeito.

Ela ainda tem episódios de falta de confiança, tem uns medos e outros temores. O que ela sofreu não vai passar como um passe de mágicas. É preciso uma luta diário, aprendizado diário, força diária. Mas nós sempre conversamos e a incentivamos a falar e expor seus sentimentos, seus medos, suas dores e suas fragilidades, fica mais fácil trabalhar assim.

Ela entendeu que esse tipo de sentimento é natural e pode acontecer de ter vergonha quem se expõe, mas essa não é responsabilidade que ela deva carregar e nós estamos aqui pra dividir tudo com ela.

Ela também sabe que tem uma rede muito forte de apoio em sua volta.

Por isso que agora estamos aqui, viajando de volta para a casa, abraçadinhos.

Como pai e filha.

Mulheres Poderosas IV - LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora