Capítulo 28 - Enrico

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Eu estava inquieto.

Helena, Irina, Luna e Donna, ficaram à tarde toda, trancadas no quarto.

Não era raro, as mulheres da família interna se reunirem, mas com Luna era a primeira vez que eu via, pois desde que ela chegou pra nós, sempre aconteceu algo, ou ela estava em algum lugar.

Eu apreciava esses encontros, Helena fazia Dom Fernan nos reunir desde que éramos adolescentes, nos brincávamos e até brigávamos, era um grupo de testosterona, como Pietra costumava dizer.

Elas se reuniam pra fazer coisas de mulher, como pintar unhas, arrumar cabelos e claro fofocar... eram momentos que, tenho certeza, todos a sua maneira apreciavam.

Menos hoje... hoje eu queria que elas parassem de falar ou fazer, seja lá o que estivessem fazendo. Hoje, eu queria muita estar e falar com Luna.

Infelizmente, todas as minhas tentativas de falar com ela foram frustradas, eu estava irritado e determinado a marcar um encontro com a linda Trinity somente para aplacar a minha raiva e minha solidão.

No final do dia, finalmente elas saíram e nos reunimos na mesa de jantar, uma Luna vermelha que me olhava desconfiada e desviava constantemente o olhar.

Tanto eu como ela, remexemos a comida sem comer.

Ao final do jantar todos se dispersaram rapidamente e eu consegui pegá-la antes que ela fugisse novamente.

_ Até quando vai fugir de mim? Achei que tínhamos um combinado e que conversaríamos sobre tudo, sempre Luna. – Não aguentando mais a agonia do dia, deixei tudo sair. _O que há de errado? Mandou a Trinity vir atrás de mim. É isso que quer? Quer que eu vá atras dela, para que você possa me dispensar, sem se sentir pressionada ou culpada? – pergunto rispidamente, tudo de uma vez.

Pela primeira vez durante toda a noite, ela levanta seu olhar na minha direção e o sustenta. Os seus olhos estão lacrimejando e eu me sinto um bosta por pressioná-la dessa forma, mas eu também não posso deixá-la, me tratar assim para sempre.

_ Você tem razão. Eu estou fugindo, porque cada vez que estou com você, quero coisas que não sei se posso, consigo ou devo ter. E mais uma vez você está certo, combinamos que conversaríamos sobre tudo, mas eu não sei realmente sobre como falar disso com você. Eu sou toda errada, confusa, uma bagunça. Me sinto a pessoa errada pra você e joguei Trinity pra você porque percebi o interesse dela, mas sempre achei que seria unilateral. Eu realmente não quero que se envolva com ela, mas não posso te impedir de seguir em frente, porque sei que estou atrasando sua vida e sim passou pela minha cabeça que, se você saísse com ela eu sofreria, mas o problema estaria resolvido. Agora que você sabe, vou te deixar livre para escolher seu caminho.

_ É isso que você quer? Quer que eu me afaste? – pergunto segurando e acariciando sua mão.

_ Não. Não é isso que eu quero. Mas eu quero acima de tudo que seja feliz e no momento, não posso te oferecer isso.

Luna beijou meu rosto e saiu correndo em direção as escadas, me coloquei ao seu encalço, mas Helena me pegou primeiro.

_ Madrinha, eu vou falar com a Luna.

_ Vai sim, mas não agora. Nós tivemos uma tarde bem intensa e creio que esse, não seja o melhor momento para esse tipo de diálogo.

_ Eu preciso saber o que ela quer, eu preciso dar um jeito na minha vida, nas minhas coisas.

_ Ela acabou de dizer o que quer. Se eu ouvi bem, penso que você também ouviu. Agora é você que precisa decidir se, quer esperar pacientemente ou partir pra outra.

_ Eu não tenho feito outra coisa nos últimos meses, além de ter paciência e esperar. E a senhora sabe que esse nunca foi um dos meus talentos. Eu tenho sido amigo, paciente, devoto e quando menos espero, ela me joga pra escanteio, me ignora e manda outra ir atras de mim por que estou livre? Que porra é essa? Eu só quero entender.

_ Primeiro, lembre-se com quem está falando. Você é adulto, mais ainda posso lavar sua boca com sabão, se precisar.

_ Perdão madrinha. – Digo arrependido pelo palavrão que soltei.

_ Ótimo. Agora me responda uma coisa. Esses momentos que teve com ela, foram bons?

_ Claro que sim. Se não fosse assim, não estaria esperando ainda.

_ E se eu te disser que se você tiver um pouco mais de paciência, pode ser bem melhor. Te interessaria?

_ Claro que sim, madrinha. Se a Luna passar mais tempo comigo, se parar de fugir, se conversar comigo, se me deixar entender o que ela precisa... nossa é tudo que eu quero.

_ Bom vocês aparentemente estão em momentos diferentes um do outro, mas no fim chegarão a um consenso, tenho certeza.

_ O que ela quer de mim madrinha. Do que ela precisa. É só ela dizer, se ela quiser vou hoje mesmo e trago a cabeça daquele desgraçado pra ela. Ela sabe que eu faço o que ela pedir.

_ Primeiro, se valorize mais, pare de rastejar, eu não te criei pra ficar implorando sobras. Não precisa estar tão disposto assim. Deixa-a sentir sua falta e vir atrás de você. Ela precisa entender que você é um homem diferenciado, não um menino que ela usa e descarta. Precisa entender o que sente por você e saber que você é confiável. Essa facilidade toda não ajuda, acredite. Isso não quer dizer que você pode ficar por aí galinhando. Se fizer isso, eu mesma dou um jeito em você.

_ Mas ... eu não entendo.

_ É eu sei, a grande maioria dos homens no quesito romance são lentos mesmo. Graças a Deus, todos vocês me têm. Vou apressar as coisas e mandar a concorrência embora, enquanto isso procure algo para fazer longe daqui, se não tiver, tire umas férias. Sem garotas, entendeu, eu vou saber.

_ E depois?

_ Deixe o rio seguir o fluxo, criança. Agora vá para casa descansar e fique longe de encrencas.

Saí da casa principal e segui para minha casa.

Eu não tinha entendido nada do que tinha acontecido, mas confiava cem por cento em Helena e sabia que, se ela estava mexendo os pauzinhos, algo bom sairia dali.

Liguei para Francesco e planejei uma ida para a Escócia, tinha uma nova remessa de carregamento chegando e O'Brien havia nos indicado uns de seus amigos escoceses para adquirir, cortesia das novas alianças que estávamos formando.

Helena estava certa, eu sempre estive presente para Luna, mesmo nos momentos em que eu queria matá-la, eu estava ali.

Estava na hora dela sentir minha falta, isso a traria para mim ou a afastaria de vez, mas na máfia, nada era garantido e o nada eu já tinha, então...

Mulheres Poderosas IV - LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora