Chegamos no complexo próximo do amanhecer.
Todos foram para seus aposentos descansar dos dias exaustivos que antecederam ao casamento.
Mad, Ethan e eu, fomos fazer a vistoria do terreno e das câmeras.
Enquanto Ethan vistoriava os milhares de monitores e dispositivos, eu dava a volta nas guaritas do complexo e Mad falava com os responsáveis pela segurança.
Fomos descansar já passava das oito da manhã.
Percebi que Bailey aguardava Mad na porta de sua casa, juntamente com seu pequeno no colo. Confesso que a inveja de ter o que todos ali tinham me apertou um pouco.
Mad não teve sorte com a primeira mulher, que acabou se mostrando uma traidora, mas agora com Bailey, não tinha dúvidas que ele tinha acertado, afinal aquele caso era antigo.
Todo o complexo parecia estar emparelhado, era irritantemente lindo.
Eu gostava de todos como estavam agora, especialmente Francesco e Pietra.
Pietra estava mais atenta e parava de ficar pulando de aventura em aventura.
E havia Francesco que parecia a serenidade em pessoa. Ele ainda era um mafioso maligno, frio e destemido. Só que agora pensava mais para agir. As pessoas pareciam o temer mais, pois ele havia parado de agir por impulso. Eu sabia que havia um dedo de Mia naquela transformação de personalidade. Um dedo seria eufemismo... uma mão inteira.
Agora que as coisas haviam retornado ao ritmo normal no complexo, até Dom Fernan fingia ser apenas o bom velhinho, que ele sempre aparentava.
Enquanto isso, o ciúmes me corroía.
Luna estava cada dia mais linda e mais confiante. Mais determinada e mais independente. Cada vez mais, ela deixava os homens aos seus pés.
Se antes ela já tinha uma coisa que puxava todos para ela, agora o magnetismo dela era insuperável.
Acredito que foi assim que, Perez caiu aos seus pés. Pelo menos, era isso que eu escutava aos quatro ventos.
Foi assim que eu, caí aos seus pés.
Foi assim que dia após dia, aquele sentimento que no começo era só uma atração, cresceu gigante e agora, quase não cabia no meu peito.
Por isso que, me matava ver a atenção que ela dá a todos, menos a mim.
Não que ela não me dava atenção, ela fazia. Mas é só mais do mesmo, igual a todos. Eu não queria ser igual a todos.
Eu queria ser especial.
Quero que ela me queira com a mesma força e intensidade, com que eu a quero.
Com esses pensamentos, me deixo cair na cama, sem ao menos me trocar e caio de exaustão, num sono profundo.
Acordo assustado com as batidas na minha porta. Peguei a arma debaixo do travesseiro, levanto-me, olho pela câmera e abro a porta.
_ Que merda aconteceu pra você derrubar minha porta? - pergunto a Luigi parado na minha frente.
_ Oi pra você também Rico. Dom Fernan disse que temos 15 minutos para estar na mesa para o almoço. Parece que depois faremos uma reunião. Não ir, não é opção e atraso não será tolerado.
Dito isso ele correu para longe, onde Mad o aguardava.
Me olhei no espelho e estava assustador. Todo desgrenhado, com barba por fazer e suado. Não daria tempo de me barbear, mas ao menos um banho teria que rolar.
Corri para o banheiro, jogando a roupa pelo caminho. Tomei um rápido banho, fiz a higiene bucal, passei um desodorante, me troquei e sai de casa rumo a casa principal.
Passei pela porta e de cara topei com Luna enrolada nos braços de Takeo. Só de ver aquela cena meu humor já azedava.
Cumprimentei a todos no geral e me afastei, peguei meu celular e me sentei no braço de um sofá que havia num canto da sala de estar, enquanto eles terminavam a organização da mesa para o almoço.
_ Ei... tudo bem com você.
Olhei para cima, logo que ouvi, o doce som da sua voz.
_ Luna. Estou bem e você. Descansou?
_ Eu sim. Já você, parece que foi atropelado. – disse passando a mão nos fios dos meus cabelos e ajeitando eles, pois ainda estavam úmidos do banho recém tomado. _ Bem melhor. Sabia que já inventaram escova e pentes para cabelos? Está com barba amanhecida, mas ela te dá um certo charme. Mas puta merda, que meias são essas Enrico? E essa blusa?
Olhei em direção aos meus pés e cada pé tinha uma meia de uma cor. E a camiseta que tinha pegado, além de um pouco amassada, estava do avesso.
_ Merda. – disse enquanto tirava a camiseta e virava do lado certo. _ Eu estava dormindo e acordei meio assustado. Fiz tudo no automático e continuei assim até chegar aqui. – disse enquanto enfiava a camiseta novamente pela cabeça e sentia seus dedos gelados tocarem minha pele, puxando a camiseta pelo meu corpo.
Ela estava muito perto, quase que entre minhas pernas e o seu doce perfume, fazia meu coração acelerar e a rigidez do meu membro aparecer.
Ela sorriu pra mim docemente, colocando meus fios no lugar novamente.
_ Acho que com relação as meias, não podemos fazer nada. – falou ainda com as mãos em meus ombros.
Peguei suas mãos entre as minhas e beijei suas palmas. Esfregando vagarosamente seus pulsos. Subi meus lábios pelos seus dedos e fui puxando lentamente seu corpo em direção a mim.
Até que ela travou.
Do nada, puxou as mãos, me chamou para a mesa e se foi.
Fiquei sem entender.
Nos últimos meses, depois dela ter me visto escondido. Quando estávamos juntos na Survivor. Quando eu pensava que Dom Fernan não sabia, das minhas escapadas. Às vezes, ela me procurava. Trocávamos beijos, carícias leves, mas ela sempre fugia, como uma virgem assustada.
Eu sabia que não era o caso, sabia exatamente qual era o problema.
O que eu não sabia ainda, era como lidar com ela, quais eram os seus limites comigo e os meus para com ela.
Eu ainda, não sabia como fazer essa dinâmica funcionar entre nós. E essa impotência estava me consumindo e aparentemente, abrindo espaço para o Takeo se instalar novamente.
Eu sabia que ela precisava de tempo e de espaço, mas não sabia como fazer isso pra ela, sem acabar comigo no processo.
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Mulheres Poderosas IV - Luna
Roman d'amourEla tem um jeito doce e descontraído, está sempre com um sorriso no rosto, mas carrega marcas em seu coração. Luna viveu uma vida de aparência. Mostrava uma felicidade irreal aos seus irmãos enquanto era obrigada a conviver com monstros... O peso d...