Mulheres Poderosas IV - Luna

Capítulo 17 - Luna

Dom Fernan fez a narrativa de tudo que aconteceu até chegarmos a Ivan, todos os pormenores que ele sabia melhor que eu, pois havia planejado cada detalhe.

Desse ponto em diante, era a parte que eu mais tinha frisson em narrar, pois sempre que recordava aqueles dias, era como reviver a mesma expectativa, o mesmo frio na barriga, a mesma ansiedade, antecipação, medo e animação.

Fechei os olhos e passei a narrar, buscando em os menores detalhes, todos os momentos vividos.

_ A partir desse momento, eu estaria tecnicamente sozinha. A voz na minha cabeça seria apenas Yanka. Ela era muito boa, além de ter sido supervisionada e orientada por Ethan, mas ela não era ele. Eu confio cegamente no meu irmão. Mas naquele momento, não tinha a mesma confiança em Yanka. 

Yanka e eu, tínhamos nos esbarrados algumas vezes na Survivor, tínhamos feitos outros pequenos trabalhos juntas e eu sabia que nem sempre, teria Ethan me acompanhando. Sabia que o trabalho dependia mais de minhas habilidades e do meu controle, do que dela propriamente. Cabia a mim fazer o que deveria ser feito. Assim, respirei fundo e me preparei, logo que ela disse que Ivan tinha pousado numa fazenda, próximos de onde estávamos.

Eu não sabia qual seria o próximo passo dele, mas tinha que me preparar para o que quer que fosse.

Continuei a vida de mentira que tínhamos criado, como se nada tivesse acontecido. Ia trabalhar de dia numa lanchonete e a noite ia as boates, bares que eu sabia que eram ou tinham sido dele e continuava perguntando pelo "Chefe".

Se alguém o tinha visto, se ele tinha aparecido e as respostas eram sempre as mesmas. Ninguém sabia de Ivan Perez e ele não tinha prazo para retornar, se é que algum dia retornaria.

Eu usava uma gargantilha com um camafeu e na frente dela havia uma micro câmera, tudo que eu via Yanka e os outros viam também. Pensamos em colocar óculos ou lentes que dariam visões mais perfeitas, principalmente de rostos e arredores. Sem contar que os ângulos seriam melhores, mas dependendo do que me acontecesse, poderíamos perdê-los ficando sem nada ou pior, poderíamos ser descobertos, já a gargantilha estava bem ajustada ao pescoço e só sairia de lá se houvesse um puxão bem forte.

Depois de quase uma semana que Ivan havia chegado, em mais uma das minhas muitas visitas frustradas, a uma casa de prostituição de Ivan, um homem russo me abordou, me segurando pelo braço. Eu nunca tinha visto ele, mas pelo jeito agressivo que veio pra cima de mim, sabia que boa coisa não era.

_ Pode me soltar por favor. Não sou uma das garotas da casa e só estou aqui de passagem. – disse a ele.

_ Soube que está procurando alguém, talvez eu tenha essa informação para você.

_ E quem, você acha que estou procurando? - perguntei, me fingindo de cética sem deixar a curiosidade aparente.

_ Ivan Perez.

Minha cara de surpresa realmente foi verdadeira, porque eu já estava ali na espera tinha algum tempo e Perez havia chegado fazia uma semana. Sabíamos que Ivan ainda estava na Espanha, por aquelas bandas, mas não tínhamos ideia de porque, ele ainda não ter conseguido "me encontrar".

_ Onde posso encontrá-lo? - perguntei afoita.

_ Não funciona assim. Informações tem preço.

_ Sei que tem. Mas o último que disse que tinha uma informação pra mim, levou todo o meu dinheiro. Tenho 200 dólares e 320 euros, nada mais. – disse contando o dinheiro que tinha na pequena carteira, na frente dele.

_ É muito pouco, por uma informação tão valiosa.

_ Olha eu só quero fazer uma pergunta a ele, pode ser por telefone, e-mail, mensagem, qualquer merda dessa serve pra mim.