Capítulo 27 - Donnatella

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E eu achando que tinha sofrido e tals.

O foda da vida é que ela não descriminava ninguém.

Não havia preto ou branco, rico ou pobre, limpo ou sujo... todos se ferravam literalmente e igualmente, alguns mais outros menos, mais todos de alguma forma, passavam pelo purgatório.

A vida, não tinha dó nem piedade de ninguém.

Eu agora entendia por que Helena tinha me chamado ali.

Eventualmente, Helena nos chamava, juntas ou separadas, perguntava coisas aleatórias, mas no fundo queria saber se estávamos sendo bem tratadas pelos nossos "homens" e se estávamos tratando bem nossos cônjuges, pois como ela dizia, casamente era parceria, troca. Deveríamos dar e receber na mesma proporção e não aceitar menos que isso.

Eventualmente também ela nos ensinava coisas como costurar, cozinhar ou nos juntávamos simplesmente para ler, fazer fofoca, ver uma série, brincar ou dançar.

Todas nós, sem exceções adorávamos dançar.

Helena havia criado esse ritual a muito tempo e nos obrigou a manter mesmo quando ela estivesse viajando, hoje sabemos que, em suas últimas viagens, ela ia de encontro a Luna.

Entretanto, era a primeira vez que Luna participava de uma roda de mulheres, como Helena sempre fazia conosco. Embora fosse apenas, Irina, Helena, Luna e eu. Entendi que ela estava tentando trazer um assunto difícil, mas fazendo com que Luna se sentisse à vontade.

Claro que eventualmente, em nossas rodas, sempre faltava alguém por causa do trabalho. Independente disso, a ordem era que pelo menos uma vez na semana nos juntássemos pra fazer algo juntas. Seja brincar, rir, dançar, discutir e por pra fora as coisas ruins da semana. Era nosso expurgo, nossa terapia de grupo e assim como eu, sei que todas nós amávamos aqueles momentos.

Ethan dizia que Dom Fernan fazia a mesma coisa com eles e embora eles fossem mais resistentes, sempre saiam mais aliviados.

_ Bom o que eu posso dizer que vocês ainda não saibam, vejamos. Eu tive uma infância relativamente normal, apesar de mamãe estar sempre preocupada e nunca me deixar fazer nada, eu fui uma criança feliz. Tinha tudo na medida do possível. Infelizmente, aos doze fui morar com Romeu, ele teria me dado ou vendido aos quinze, mas mestre Kim fez ou disse algo a ele que o fez mudar de ideia. Aos dezoito, fui entregue a um velho português como prova de amizade. Eu faria um trabalho pra ele e daria minha virgindade pra ele. O velho não me tocou, depois do trabalho feito, chamou seus três filhos e ofereceu o seu novo brinquedo para eles. Como eles disseram, tirariam a virgindade de todos os buracos do meu corpo e fizeram, me deixaram muito mal, desmaiada. O velho português teve a cortesia de chamar um médico e remendar onde pode. O resto ele disse que curaria com o tempo. A primeira coisa que eu quis fazer depois desse tempo com eles, foi ver minha mãe e ficar nos braços dela. Só queria chorar e que ela me desse colo, mas minha mãe mal sabia quem eu era, a medicação a deixava na cama e eu não sabia onde procurar consolo. Eu tinha apenas Mia e Takeo e foi nos braços de Mia que encontrei a minha tábua de salvação. Eu e ela sabíamos que, mais cedo ou mais tarde aquela vida nos alcançaria. De um jeito ou de outro seriamos forçadas a nos relacionar com aquele tipo de homem. Então fizemos um pacto. Que a partir daquele momento faríamos o sexo ser bom para nós e os homens que lutassem. Viramos o que se pode dizer... mulheres dominantes. Íamos lá fazíamos o que tínhamos que fazer, pegávamos o que tínhamos que pegar e pronto. Não deixávamos que sentimentos atrapalhassem nosso intuito, nosso objetivo. Essa era nossa vida, ou nós nos acostumávamos e nos adaptávamos a ela, ou viveríamos sofrendo e chorando.

_ É assim com meu irmão?

_ Não. Seu irmão me deixava no início toda errada e confusa. Excitada e assustada, mas só pra você saber, foi eu quem deu o primeiro passo. Me joguei sobre ele no sofá daquele camarim privado.

Mulheres Poderosas IV - LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora