As mulheres, estão todas reunidas ao meu redor.
O que geralmente é, uma reunião festiva e barulhenta, hoje é possível ouvir o vento assobiando no ar.
Mia chegou primeiro, pegou minha mão e me puxou para a praia, lugar onde ela vive trepando com Francesco.
Ficou rodeando e falando um monte de bobagens, sem nexo algum. Esse não é o perfil dela, ela e absolutamente direta, mas hoje está estranha.
Aliás, as únicas mulheres com um pouco de tato aqui são Irina, Bailey e Fanny.
Dara, Pietra, Mia, Donna e Helena vivem trocando ferraduras, geralmente são do tipo curta e grossa. Acho até que, fazem competição pra ver quem consegue ser mais grossa e mais direta que a outra. No geral são bem legais, elas só não têm muita paciência pra drama e mimimi.
As outras mulheres chegam à praia, acompanhadas por Mad e outros soldados, que trazem uma porção de coisas.
Rapidamente eles armam uma tenda muito grande e desenrolam um tapete embaixo dela, as meninas pegam as almofadas e espalham sobre o tapete.
Os soldados voltam novamente trazendo frutas, bebidas e petiscos, depois a um comando de Mad se espalham pela praia em pontos específicos.
Mad balança a cabeça para Helena, beija suas mãos e retorna para o pátio, onde estão localizadas nossas casas.
Apesar de todas estarem juntas, não há a bagunça, nem o falatório costumeiro. Elas estão quietas, estranhamente caladas. A sensação que tenho é de que, aparentemente elas não sabem exatamente, o que dizer e/ou fazer.
Me mantenho em silêncio, também não sei como conduzir a coisa, ou se tenho que conduzir alguma coisa, uma vez que não sei o que está acontecendo.
Helena, que sempre, é a primeira a sentar e a nos chamar, hoje se encontra organizando alguma coisa na mesa improvisada que já está mais que arrumada.
_ Okay. – Suspiro e digo. _Estamos todas aqui, comida, bebida e silêncio, muito silêncio. – Faço uma pausa pra ver se alguém vai dizer algo, mas ninguém se manifesta. _ Alguém quer me dizer o que está acontecendo? Eu acabei de ver meus irmãos e sei que estão bem. Não tem meia hora que deixei Enrico, logo sei que ele também está bem. Vocês estão todas aqui e aparentemente, pelo menos fisicamente, me parecem bem também... – suspiro irritada porque ninguém faz menção de continuar minha linha de raciocínio. _ De todos nós, da primeira linha – digamos assim, o único que está fora do complexo é Diego e se ele não estivesse bem Fanny não estaria nessa calma. Muito pelo contrário, estaria desesperada e nos deixando loucas. Além do que a "coisa" parece ser comigo. Alguém se habilita?
Por um instante acho que ninguém vai dizer nada, mas Helena faz sinal apontando as almofadas sobre o tapete então todas nós, nos sentamos no pequeno círculo formado por elas.
_ Geralmente, nos reunimos assim para termos bons momentos. – Começa Helena. _ Hoje não é diferente. É sempre um bom momento para mim, quando nos reunimos. Me faz lembrar o quanto eu era forte, mas solitária e o quanto somos mais fortes... quando estamos assim, juntas... unidas. Quero que nunca se esqueçam disso. Não importa a habilidade que cada uma de nós temos sozinhas, lembrem que se sozinhas somos ótimas, juntas somos inigualáveis, somos poderosas, somos temidas. Assim... unidas, defenderemos nossa casa e defenderemos os nossos, sempre que precisar.
Começo a pensar que, algo realmente muito sério está acontecendo e todas elas sabem menos eu, pois inevitavelmente todas me olham com pesar. Seus olhos carregam uma expressão de dor e um pouco de raiva talvez... não tenho certeza.
_ Bom se todas vocês estão me olhando, com essas caras de sei lá o que, é porque é algo comigo. E se todos nós estamos bem nesse momento, é algo que está acontecendo no momento atual, ou que está chegando... está para acontecer tipo em breve, muito breve. De qualquer forma, gostaria de pedir que voltem a ser as meninas más que sempre foram e desembuchem de uma vez... Assim como vocês, estou aprendendo a detestar o drama.
Olho para Donna, se há algo acontecendo ela não vai mentir, depois olho para Mia que não tem tato nenhum quando precisa tirar algo de seu caminho.
_ Mia... acho que pelos olhares, você foi a escolhida. – Digo de uma vez.
Ela olha em direção de Helena, como que pedindo autorização e recebe um olhar de apoio, então eu aguardo porque sei que a avalanche vem chegando.
_ Bom, o negócio é o seguinte. – Ela respira e solta. _ Javier está vivo, está bem e está andando. Está a sua procura. Espalhou fotos suas, de seus irmãos e de Francesco por toda a Itália e por toda a internet, ou dark web como Ethan prefere. Mas ele te quer viva e está pagando qualquer valor para ter você.
_ O que a Mia quer dizer... – Donna interfere tentando amenizar. _ É que ele, parece saber ou pelo menos suspeitar, onde e com quem você está, mas nós já estamos nos preparando para ele.
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, afinal eu tive a oportunidade de matá-lo e deixei que ele vivesse, duas vezes. Embora eu tenha imaginado que uns chutes bem dados nas costelas, fosse inutilizá-lo por um período de tempo maior...
Nunca subestime o inimigo. E definitivamente, essa lição eu conhecia bem, eu nunca subestimei Javier.
_ Filha... quer conversar sobre o que está sentindo? Todas nós, estamos aqui hoje por você e para você.
O que eu estava sentindo... o que eu estava sentindo... nada.
Eu definitivamente não estava sentindo nada, talvez aquele friozinho na barriga, aquela emoção antes da caçada.
Ali naquele momento eu não sentia absolutamente nada, nenhum sentimento que valesse a pena ressaltar.
_ Lu... estamos realmente preocupadas com você. – Fala Fanny em uma doce e suave voz, que só ela tinha.
_ Bom, eu não sei o que dizer, mais cedo ou mais tarde isso teria que acontecer. Eu o deixei viver por duas vezes... achei que teria mais tempo..., mas já está acontecendo.
_ O que queremos saber Luna, é se você vai se quebrar ou vai quebrar a cara dele. Qual vai ser sua reação.
_ Dara!!!! – as mulheres chamam a atenção de Dara todas juntas.
_ Ei está tudo bem. Eu realmente estou bem. Não estou realmente sentindo nada, eu acho. Um frio na barriga talvez, a sensação de suspense, de brincar de pique esconde, de achar a presa e ganhar o prêmio. Talvez aquela coisa de caça e caçador..., mas não me sinto a caça, não hoje, não mais. Não vou quebrar, se é o que querem saber. Não seria uma de vocês, se o fizesse e definitivamente, eu sou uma de vocês. E depois, sabendo que não estarei sozinha com ele nunca mais, eu me sinto segura e protegida. Além do mais, agora também sei me proteger, não sou mais uma virgem assustada e desprotegida.
_ Luna minha querida... – Helena me puxou para seus braços. _ Não importa como, vamos te proteger e traremos a cabeça desse monstro para pendurar nos portões desse complexo.
_ Essa cabeça é minha madrinha e eu faço questão de ir buscá-la.
_ Você vai, mas estaremos com você e ainda que você não precise, protegeremos você nesse caminho.
_ Sim. Eu não sou de muita ajuda, porque detesto armas ou o que quer que seja, mas ajudarei no que for preciso e atiro nos bagos dele se precisar.
_ Fanny, Diego nos mata antes de permitir que a florzinha dele, corra o risco de ser despedaçada. – Dara fala e todas nós rimos e concordamos.
Depois de muitos abraços, uma rodada de perguntas sérias e precisas e muitas brincadeiras nos sentamos para conversar, elaborar um bom plano e provar o pequeno lanche que Helena nos preparou.
Donna já estava pensando em alguns planos. E aquela reunião era para, entre outras coisas, contar sobre o retorno dos mortos vivos e determinar como mandá-lo para os quintos dos infernos de uma vez por todas.
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Mulheres Poderosas IV - Luna
RomanceEla tem um jeito doce e descontraído, está sempre com um sorriso no rosto, mas carrega marcas em seu coração. Luna viveu uma vida de aparência. Mostrava uma felicidade irreal aos seus irmãos enquanto era obrigada a conviver com monstros... O peso d...