Sem palavras

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O telefone de Clara tocou.

- Pode atender Clara. Vamos atenda!

Clara sem graça atendeu o pedido de Henry.

- Alo! Oi John, eu estou bem! E você? – Ah, você vem amanhã?! Que bom. Está bem. Beijo.

- Desculpe Henry.

- Amanhã você vai no jantar na casa dos meus pais, né?

- Vou sim! Eu e John.

- Tudo bem, acho que agora é hora de eu ir antes que Natalie coloque a polícia atrás de mim. - Henry sorriu. – Vou sair primeiro, depois você vai.

Henry saiu e fechou a porta, Clara ficou ali no escuro, para ela não era novidade, ela tem ficado muito no escuro, principalmente quando a questão é amor.

O amor não é algo para ser explicado, compreendido. Sem o amor é como morrer, mas não é um corpo em uma pedra onde precisa ser dessecado, estudado, manipulado, entendido. O amor é para ser sentido, desejado, abraçado.
O amor é o único sentimento pelo qual você ri, chora, fica feliz e se entristece, ele é a causa de todos os outros sentimentos é o oposto da raiva, do ódio da inveja e do rancor. O amor esse é o único capaz de acalmar feras, enfurecer anjos e adormecer princesas; confundido com tantos outros sentimentos apesar de ser único e inigualável. Pode ser sentido, mas não tocado, pode dar e ao mesmo tempo receber.

As horas se passaram rápido e logo John já estava em Londres hospedado na casa de Henry.

Maria e Clara conversam no jardim.

- O que foi com você? Parece estar triste?

- Bem, só preocupada, muito trabalho, o lançamento do filme, muitos eventos e o jantar de hoje à noite. E além disso Henry parece estar muito distante.

- Eu também não sei, ele realmente parece estar muito incomodado. - E John já conversou com ele?

- Já sim! Quando chegou, mais cedo.

- Eu vou dar para você o mesmo conselho que eu dou para Henry: Não engane seu coração. Você não tem que insistir em um relacionamento que não existe amor verdadeiro. John parece ser um homem maravilhoso, mas acredito que ele também não mereça ficar com uma pessoa na esperança de um dia quem sabe ser amado com veracidade. Você não acha?

- Eu gosto dele.

- Você ama o John?

- Não sei.

- Então, não tenho mais o que dizer.

Mais tarde John se vestia esplendidamente. Clara colou um belo vestido rosa claro, um pouco brilho, simples a se comparar com a beleza dela. Os dois saíram juntos, Clara não viu Henry, nem Natalie, provavelmente os dois foram na frente para receber os convidados.

Todos estavam lá, Maria, os amigos mais próximos de Henry e toda a família dele, os irmãos as cunhadas, mãe e pai. Todos alegres conversando sobre a volta para as telonas com o papel que mudará sua vida, realmente merecia essa comemoração. Tudo feito com carinho para os mais íntimos.
Clara quase não teve tempo de se aproximar de Henry ele estava cumprimentando seus amigos e familiares colocando a conversa em dia. Era poucas as vezes que Clara o via tão descontraído. Natalie estava lá, do lado dele, vestindo um belo vestido damasco, brilhante demostrando suas curvas perfeitas com as costas abertas em v bem cavado. Fazia frio naquele dia, chovia quase o tempo todo, era o clima de Londres. Clara tinha deixado o casaco preto longo simples, de amarrar na cintura dependurado na porta, a pele brasileira a fazia sentir muito frio e esse costume ela não deixou, tirou o apenas para entrar na casa. John estava à acompanhando na maioria do tempo, por ser um empresário famoso todos queriam conhece-lo, vez ou outra ele se distanciava para conversar com outros empresários.
Clara não se importava em ficar sozinha, nem nos olhares das moças no namorado, ela sabia que John só tinha olhos para ela, mas não iria incomodar o namorado nem ficar no pé dele como Natalie fazia com Henry, na verdade os olhos de Clara percorrida os passos de Henry era sob ele que estava sua atenção.

Natalie bateu com um talher em uma taça chamando a atenção de todos.

- Gostaria que vocês se aproximassem por favor, eu e Henry temos um anúncio a fazer.

Todos se reuniram em volta deles e ficaram em silêncio para ouvir o que Natalie tinha para falar, John estava conversando com um empresário amigo de Henry, Henry sempre fazia propaganda de suas bebidas.
Henry estava próximo de Natalie, já tinha tirado o palito e estava com sua camisa branca de mangas longas; com as mãos na cintura de Natalie ele sorria gentilmente.

- Eu e Henry temos um anúncio para fazer. É com muito prazer que nós anunciamos nossos noivado e muito brevemente seremos marido e mulher.

Henry voltou seu olhar para Clara que estava perplexa. O sorriso nos lábios dele já não estava mais presente.

Clara não piscava, sem reação, as palavras de Natalie ainda ressoavam na sua mente e ela em choque ainda não tinham assimilado, juntado as palavras em uma, apenas uma frase. HENRY E NATALIE VÃO SE CASAR.

Parecia que o tempo tinha parado, tudo parou ela não teve outra atitude a não ser pegar o casado que estava atrás da porta e sair, sem rumo, sem lugar sem destino.
A chuva agora forte, fria batia no corpo dela. Ela não sentia, porque seu corpo queimava com a tristeza que rasgava seu corpo. Agora tudo fazia sentido, a distância de Henry, ele ter dito que tudo estava indo rápido demais, era disso que ele falava.
Clara corria; corria sem rumo, sem paradeiro, molhada com a maquiagem escorrendo pelo rosto, com os cachos já desfeitos descalça pois os sapatos já ficaram para trás. A dor que Clara sentia não tinha sido comparada a nenhuma outra já sentida por ela até aquele momento.
Não era ser traída, não era dor física, mas doía no corpo. Ela sentia como se todas as esperanças tivessem sido arrancada do peito de uma só vez, como se a alma abandonasse sua carne.
Tudo para ela acabou ali, todos os planos apagados por apenas uma frase. "Henry vai se casar"

Clara corria sem parar pela chuva, correu até suas pernas não aguentarem mais. Até seu corpo não aguentar mais, correu na esperança de apagar as palavras da sua mente e não pensar em nada mais, correu até que parou, parou abaixou e chorou, chorou no meio da rua, era o que restava, chorar enquanto sua alma sangrava.

De longe uma luz forte quase cegou o olhar desesperado, ela não se levantou, mal levantou o olhar para ver quem era, um bater de porta e uma voz conhecida. Uma capa de chuva cobriu suas costas e alguém a ajudou a levantar, a ir até o carro e lá ela ficou em silêncio. Era Gustavo que encontrou ela ali, por força do destino.
Ainda em silêncio, só se ouvia o barulho do motor o para-brisa esfregando no vidro e o cair da chuva lá fora. Os dois chegaram em casa.

Catarina a ajudou com o banho. A acolheu, a abraçou. Clara ainda chorava, ainda suspirava e soluçava.

- Quando quiser falar, quando quiser desabafar, filha mia é só dizer. - Catarina abraçava Clara dando a ela o que ela precisava naquele momento, Colo de mãe.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora