Ponto de Ruptura

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Como sempre fazia, ela resolveu desabafar em seu blog.

"A Máscara Caiu: O Famoso Ator que Se Mostrou Apenas Mais Um Traidor"

Ele sempre foi a personificação do charme, o cara perfeito, o ícone de todos os red carpets, o galã das telonas e das novelas. As fãs suspiravam, os paparazzi se embriagavam com sua imagem impecável, e todos o viam como um exemplo de talento e elegância. Mas, como no fim das contas a verdade sempre encontra uma brecha, lá estava ele, destroçando as ilusões que todos tinham sobre ele. Porque, sim, esse ator — aquele que você achava que era a "alma nobre" de Hollywood — traiu.

Agora, a máscara caiu, e o que restou foi a verdadeira face de um homem egoísta e hipócrita, cujas palavras de amor eram tão vazias quanto as promessas de fidelidade que ele fez a tantas pessoas. E a pergunta que não quer calar: como alguém tão aclamado e admirado pela sua carreira, alguém considerado "o melhor" em sua profissão, pode se permitir destruir tudo o que conquistou por causa de um deslize? Ou, melhor dizendo, por causa de uma decisão consciente de trair, como se o mundo fosse um grande palco onde ele pudesse brincar de ser infiel, sem que as consequências pesassem sobre ele.

Não me venham com esse papo de que "todo mundo erra" ou "foi só uma fraqueza humana". Ele não errou, ele fez uma escolha. Escolheu enganar, escolheu mentir, escolheu ser o tipo de homem que, apesar de tudo o que tem — fama, riqueza, uma vida cheia de privilégios — preferiu trair a confiança de quem o amava, porque, no fundo, ele acreditava que nada seria suficiente para expô-lo.

Ele não é o herói de suas próprias histórias. Não, ele é apenas mais um homem que se esqueceu de que a lealdade não é algo que se compra com fama ou se conquista com uma beleza estonteante. Ele, como tantos outros antes dele, se esqueceu que ser admirado não dá o direito de destruir os outros em nome do próprio prazer.

E não me venham com o discurso de que ele é "apenas humano", ou que a culpa é da pressão da fama, ou qualquer outra desculpa que tentem inventar para justificar o injustificável. A verdade é que ele traiu e, com isso, perdeu não apenas a confiança de quem estava ao seu lado, mas também a imagem que construiu ao longo de sua carreira. Agora, ele não é mais o galã dos cinemas. Ele é apenas um homem comum que, por um erro de caráter, escolheu se tornar um exemplo de tudo o que não se deve ser.

Desabafo feito, mas... publicaria? Publicaria essas palavras cheias de ódio e rancor sobre alguém que, no fundo, ainda ama?

Gravou o texto em uma pasta e decidiu a favor do silêncio.

Mais tarde, quando Clara estava no novo trabalho, o telefone tocou.

— Poderia vir à minha sala? — Era John ao telefone.

Não havia dúvidas de que aquilo seria desconfortável.

Ele a chamou para uma conversa depois do que aconteceu entre eles na noite passada. E o que aconteceu entre eles... ela se sentia envergonhada até de pensar nisso.

A porta fechou atrás dela com um som abafado, e ela se sentou, sentindo-se minúscula diante dele. Ele estava sério, com as mãos sobre a mesa, olhando para ela de maneira enigmática. Ela mal conseguia encarar seus olhos. "Ela devia ter se controlado, pensado melhor", pensava consigo mesma.

— Não precisa ficar tão nervosa — ele disse, com um tom que ela não soube decifrar.

— Eu realmente estou constrangida...

— Não precisa, mas quero que me desculpe. Preferi preservar você ontem e, quem sabe, ter você para sempre. Eu sei que você está ferida, machucada e perdida. E sei também que, depois de tudo o que aconteceu, pode ser tentador querer fugir dessa dor, encontrar qualquer coisa que a faça esquecer, nem que seja por um instante. Mas — ele fez uma pausa, sem desviar os olhos dela, com uma firmeza que a surpreendeu — eu não sou esse tipo de homem. Não vou me aproveitar do seu coração partido.

Ela parou por um instante, respirando fundo. Ela queria beijá-lo, sabia que ele tinha razão.

— Me desculpe, eu realmente não sei onde estava com a cabeça.

— Eu sei que você quer se sentir amada de novo. Sei que quer se sentir desejada, e que sua autoestima está em pedaços agora. Mas acredite em mim, eu não sou a solução para isso. Eu não sou uma fuga. — Ele respirou fundo, tentando ser o mais honesto possível. — Você merece alguém que a ame de verdade, sem jogos, sem mentiras. Alguém que construa algo real, não alguém que simplesmente queira se aproveitar da sua fragilidade para sentir que tem o controle, ou pior, só para se satisfazer.

Ele olhou para ela, observando como os olhos dela ainda carregavam o peso de uma dor recente, aquela mistura de raiva e tristeza que só quem já foi traído conhece bem. A perda, o desespero de ver um pedaço do que acreditava ser real ser arrancado de dentro de si. Ele sabia o que ela sentia. Sabia exatamente o que ela estava passando, porque também já tinha sido vítima de enganos e desilusões. Mas ele não iria se aproveitar disso. Não da maneira que ela imaginava.

— Não vai ser desse jeito, não agora — ele falou, se aproximando dela vagarosamente, encostando seu corpo no dela. Seus lábios ficaram tão próximos que era impossível resistir ao beijo.

Ele falou segurando com firmeza seus cabelos na nuca e, com a respiração ofegante, disse:

— Minha doce menina, você não sabe o quanto te desejo.

O clima foi interrompido pelo toque impaciente do celular. Clara se afastou um pouco e pegou o telefone. Era Henry, que parecia sentir que algo, agora de fato, estava se desfazendo.

— Henry? — perguntou John.

— Sim, a mesma insistência em conversar, mas isso só me traria mais dor no momento.

— Você sabe que não pode fugir dele, certo? Uma hora vocês precisarão conversar.

— Só sei que não estou preparada para isso.

Mas Clara olhava para John de uma forma diferente. Poderia amar de novo, mas tinha plena consciência de que nunca mais depositaria sua felicidade em outra pessoa.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora