Espero que fique mais uma vez

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Às vezes tenho a leve impressão de que a vida nada mais é do que um rio com destino certo que te leva para onde ela quer que você vá. Que vai te empurrando sem se importar com os seus desejos, suas vontades... Estou aqui parada e não tenho certeza se é aqui que eu gostaria de estar.

Dois dias já tinham se passando. Maria esperava Henry descer para o café.

- Bom dia! Só estou aqui para dizer que Clara está partindo hoje.

- Como assim partindo?

- Pediu demissão, se despediu e avisou que partiria hoje. Bem, acho que eu já falei o que deveria. - Maria se levantou da mesa encostando a xícara de café para o canto - Espero que não seja tarde. - Maria saiu deixando Henry pensar.

O que eu faço agora? Deixa-la ir para os braços do John definitivamente e ainda com raiva de mim ou pedir que ela fique mais uma vez. Se eu disser isso o que poderei oferecer para ela? Amor? Não sei, sei apensas que foi só de pensar que eu não a verei mais com seu sorriso meigo pelas manhãs que não sentirei o cheiro do perfume nem verei o olhar carinhoso que dedica a todos que estão a sua volta.
Se eu deixá-la partir serei um covarde por não tentar, mas o que poderei oferecer? Um homem complicado que quer ser visto como homem, mas que as vezes age como uma criança mimada. Que pensa nela cada vez que tem uma conquista, que é no ombro dela que quer chorar quando as coisas não dão certo se é para ela que eu corro. Não imagino mais viver sem ela na amizade e no amor. Quantas vezes quis beija-la, quis toca lá de forma diferente do costume, mas pensei em não estragar o que tínhamos, na intenção de preservar acabarei perdendo quem realmente amo.

Clara arrumava suas malas enquanto as lágrimas desciam pelo rosto.

São incertezas como sempre, a vida e suas incertezas. Não posso me esquecer que ainda tenho um lar, se tudo não der certo o Brasil, pátria amada me espera.

Clara colocou na mala a foto dos dois, a foto que eles tiram na sua formatura.

- Posso entrar?

Essa voz Clara reconheceria a quilômetros.

Henry entrou no quarto da pensão de Catarina.

- Eu sou tolo, sou infantil e ridículo, e mesmo sendo essa pessoa cheia de defeitos você ainda conseguiu me amar. Não quero que vá embora.

Clara recolheu as lagrimas discretamente do rosto.

- Eu só não posso ver você todos os dias, te amar e nunca poder te tocar, te beijar como eu gostaria. Não posso continuar vendo você se entregar a outras mulheres, uma após outra e ver você as ter em seus braços, e em silencio desejar que fosse eu. Não posso pensar em suas palavras de desprezo quando me disse que estava decepcionado e simplesmente não chorar, e viver com isso perto de você; é como viver o inferno em vida.

- Eu não posso prometer amor.

- Eu sei disso. Por isso estou indo embora, acredito que mereço mais e John vê isso me vê como mulher.

- Não tenho o direito de te pedir nada, mas ferindo esse direito peço que fique mais uma vez. Não sei se vai dar certo, se vamos ser um casal eterno, se corresponderei suas expectativas e seus sentimento. Mas a única coisa que tenho certeza é que não posso viver sem você.

Nesse momento Clara levanta seu rosto em direção a Henry.

- Agora já é tarde, aceitei a proposta de John.

Henry foi em direção a Clara.

- Já que é tarde, deixa pelo menos eu te beijar, pela primeira e última vez? – Henry colocou as mãos no rosto dela, aproximou seu corpo bem próximo, acaricio com uma das mãos a pele macia de sua face e enxugou a discreta lagrima que escorria por ela.

Dava para sentir o coração dela bater a dois quarteirões, a respiração dos dois agora tão próximas. Clara posicionou suas mãos sobre as dele e ele entendeu o sinal. Os lábios se tocaram calmamente, Clara sentiu seu corpo todo estremecer, Henry desceu suas grandes mãos até a cintura dela, trazendo seu corpo para mais perto e a beijou apaixonadamente. Uma onda de frio e calor percorrem o corpo dele, ele a desejou com todas as forças. Suas línguas se tocaram e o gosto refrescante de seus hálitos se misturaram. As bocas esfregavam e emitiam paixão, paixão de ambas as partes. Ele queria mais, queria possuir o corpo dela ali mesmo, naquele lugar, queria arrancar a roupa dela e aliviar a tensão que essa paixão provocava nele. Ele esfregou a cintura dele na dela puxando ainda com as mãos o quadril de Clara para perto do quadril dele. Henry descobriu nesse momento que era com ela que ele queria estar e mais ninguém.

Ela não queria que o beijo acabasse, nem ele, pois poderia ser o último.

As mãos dele subiram até o rosto dela novamente, o rosto pequeno quase cabia inteiro nas palmas de suas mãos. Então ele parou de beija-la e a olhou profundamente nos olhos.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora