̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶

Primavera.

~ Jeongguk ~

"Querido Diário."

Sim, isso está acontecendo. E eu acredito em tudo, verdadeiramente.

Gosto de pensar que estou vivendo em uma casa de praia, sentindo a brisa da água salgada bater contra o vento e desenhar no meu rosto todas as suas confirmações aquáticas e solúveis. Depois de um tempo, a brisa costuma ficar mais tensa, e com isso as transformações de cada grão de areia pode pedir para se transformar em jóia nas conchas do fundo do mar. O sol brilhante e amarelado, se conjuga ao laranja dos raios que iluminam o meu rosto, estando ou não estando, com os olhos cerrados.

Sentado no banco extenso de cimento com os olhos fechados, encosto a minha cabeça na parede pensando em mais palavras sublimes para serem gravadas as minhas próprias questões manuais.

Para me tirar dos devaneios, escuto um som que ataca meus ouvidos de forma corrente. Um som de apito fino com a boca, algo como "fiu!fiu!" e já imagino de quem se trata.

-- Oi, lindo. Casado?

Essa voz...

-- Não. Mas talvez você encontre o meu pretendente por aí. Provavelmente o conhece, ele se parece com você.

--  Por que é bonito?

-- Nem um pouco.

Escuto seu risinho de fundo.

-- Talvez ele seja um cara bonitão, já que você não tem cara de quem dá mole pros feinhos.

-- Só dou no duro para quem merece.

Quando abro um dos olhos, vejo Taehyung com as mãos na cintura e expressão de quem pensou besteira sobre a minha resposta. Porém depois, imediatamente, ele muda para uma de raiva. Ele tem as sobrancelhas franzidas e um leve bico nos lábios corados naturalmente. Seu olhar desce para as minhas mãos, e eu entendo instantaneamente do que se trata essa nova expressão.

-- Só foi dessa vez. Eu juro.

-- Aham.

Abro um sorriso genuíno achando essa atitude adorável demais --- mesmo que alguns minutos antes tenha me feito pagar sozinho as duas bebidas de uva.

Fecho o diário com desenho de pena e com os pés, entrelaço as pernas nas dele trazendo-o para mim. Suas mãos vão parar na parede, enquanto sorrio para a cara de idiota que ele tem.

-- Eu já estou no finalzinho. Não seja chato. - digo caindo a cabeça pro lado. Ele cerra os olhos. -- Só falta completar algumas folhas. E daí saímos, ok? Eu prometo.

-- Diz isso desde o ano passado. Não sei como os seus dedos ainda não ficaram com tic de tanto que escreve nessa droga.

Ele cruza os braços, eu subo e desço os ombros.

Já faz um ano, ou perto disso desde o acidente no alojamento. Resolvi colocar tudo que passei no Saves em meu diário que o senhor wattanabi me presenteou. O "Hai", se transformou em um longo caminho que estou percorrendo. Pretendo usar tudo que escrevi, para transformar em livro. Seja digital ou em físico.

Será que alguém léria os meus surtos?

Quando ele passa os braços pelos meus ombros, eu faço o mesmo com os meus na sua cintura e deixo o queixo na sua barriga, olhando para ele.

-- Te acho esquisito. - ele diz olhando para mim. -- Muito esquisito, chato e também ranzinza.

-- Faltou dizer que você gosta mesmo assim.