Capítulo 7

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Pov Hunter

As minhas mãos tremiam enquanto seguravam a arma, e os meus olhos fitavam Jacob, que estava na minha frente em uma cadeira amarrado, cheio de ferimentos, com um sorriso cínico nos lábios. Eu olhei para ele com desdém, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Jacob era um dos poucos que sabiam sobre o meu pai.

— O que você sabe sobre o meu pai? Fale agora, ou eu juro que vou acabar com você de uma vez por todas — disse eu com determinação. Jacob tossiu, cuspindo um pouco de sangue no chão. Ele me encarou com um olhar desafiador, mas eu não me deixei intimidar.

— Seu pai é um homem sem moral e sem escrúpulos. Ele me deve dinheiro, e eu vou cobrar cada centavo dele, mesmo que tenha que acabar com a vida dele para isso — respondeu Jacob com um sorriso sarcástico.

A raiva tomou conta de mim. Eu precisava encontrar meu pai, custasse o que custasse. Ele era um homem misterioso, envolvido em negócios obscuros e perigosos. Desapareceu sem deixar rastros. Nada seria fácil nessa busca.

— Onde está meu pai, Jacob? — perguntei, apontando minha pistola para sua coxa e disparando, fazendo-o chorar de dor. Eu sabia que não seria uma tarefa fácil, mas eu estava disposto a fazer qualquer coisa para encontrá-lo.

— Você vai ter que descobrir sozinho. Se me achou, também vai achar ele. Nem que você me mate, eu não vou falar — provocou Jacob com um olhar desafiador.

Com o nervosismo tomando conta de mim, dei uma coronhada na cabeça de Jacob, fazendo-o desmaiar.

— Porra, Hunter! Que merda estamos fazendo? Se alguém descobrir que o Jacob está aqui, já era. Me ajuda a carregá-lo. Vamos ter que colocá-lo no porão — disse Osmar em um tom preocupado.

Juntos, carregamos Jacob inconsciente para o porão, sabendo que a nossa busca pelo meu pai estava apenas começando.

O medo era tangível enquanto transportávamos Jacob inconsciente para o porão, cientes de que qualquer descuido poderia arruinar tudo. Amarramos suas mãos e pés e cobrimos sua boca para abafar qualquer som que pudesse revelar sua presença. Era um risco que precisávamos correr, mas a mera ideia de sermos descobertos era assustadora demais para considerarmos outra opção.

Enquanto retornava para casa, eu lutava para afastar da minha mente a imagem de Jacob amarrado no porão. Eu sabia que aquilo não estava certo, mas eu suprimia minhas dúvidas e estava disposto a fazer qualquer coisa para encontrar meu pai. Sentia-me preso em uma situação perigosa, sem saber como escapar dela.

Ao entrar em casa, fui recebido pelo som de uma música em espanhol, cantada por minha mãe.

— Cheguei, coroa — anunciei, dando um beijo em seu rosto. Ela franziu a testa, claramente irritada com o apelido. Eu ri, sabendo que ela detestava quando eu a chamava assim.

— Coroa é sua mãe, pirralho — ela respondeu. Eu gargalhei alto, saboreando a minha pequena vitória.

— Mas eu chamei você assim, dona Helana — retruquei, provocando-a ainda mais.

— Vai procurar o que fazer, Hunter. Onde você estava? — perguntou minha mãe, com um tom de reprovação na voz.

— Tava com o Osmar — respondi, tentando parecer natural.

— Vocês dois juntos? Isso é sinal de que não estavam fazendo nada de bom — ela disse, com um olhar desconfiado.

— Que isso, mãe? Você realmente acha que eu estava fazendo algo errado? Só estávamos colocando o papo em dia — tentei me justificar.

— Espero sinceramente que seja só isso — ela respondeu, suspirando. Eu sabia que ela se preocupava comigo, mas às vezes parecia que ela desconfiava de tudo o que eu fazia.

— Vou tomar um banho, mãe. Tenho que sair depois — avisei, sem esperar por uma resposta. Saí imediatamente e subi para o meu quarto. Ao entrar, percebi que tudo estava em seu devido lugar. Eu não sou muito organizado, mas como minha mãe não gosta de bagunça, tenho que manter tudo arrumado. Dirigi-me ao meu closet e guardei minha pistola. Em seguida, tomei um banho e me arrumei antes de descer para o andar de baixo. Vi minha irmã conversando no celular e me aproximei, dando um beijo em sua testa antes de sentar ao seu lado.

— O que tanto vê nesse celular, maninha? — perguntei, curioso.

— Nada demais, só estou preocupada com algumas coisas da faculdade — ela respondeu, sem desviar os olhos da tela.

— Tipo o quê? — insisti.

— Preciso de dinheiro para pagar a faculdade. Se não pagar a matrícula, será cancelada — ela disse, parecendo preocupada.

— O quê? Ari, por que não me contou isso? — perguntei, um pouco chateado.

— Não quero que você, a mamãe ou o Brian se preocupem com isso — ela respondeu, suspirando. Eu sabia que ela era muito orgulhosa e não gostava de pedir ajuda. Mas eu não podia deixá-la enfrentar isso sozinha.

— Arianita, essa faculdade não é importante apenas para você, mas também para mim, para mamãe e para o Brian. É o seu sonho e tudo o que eu quero é ver aquele diploma em suas mãos. Vamos resolver isso como família — eu disse, convencendo-a. Ouvimos então o barulho da porta se abrindo e reconhecemos os passos pesados do nosso irmão mais velho.

— Boa noite, Brian —  ela disse com um sorriso. Brian deu um beijo na bochecha de nossa irmã antes de se sentar ao lado dela.

— Boa noite, irmãzinha. Estava resolvendo alguns papéis importantes no trabalho hoje. Mas agora estou aqui e pretendo aproveitar a noite com vocês — ele respondeu, passando a mão pelos cabelos de Ari.

— Que bom que está tudo correndo bem no seu novo trabalho. A mamãe está muito feliz em saber que você conseguiu exercer sua profissão como empreendedor — Ari falou. Brian olhou para mim e eu apenas respirei fundo, desviando meu olhar do dele. Eu sabia que Brian sentia um aperto no peito ao ouvir as palavras de Ari. Ele sabia que ela e nossa mãe acreditavam que ele havia conseguido um emprego como empreendedor, mas a verdade era que ele havia se envolvido em problemas. Ele estava bêbado na rua, depois de perder seu emprego, quando Richard o encontrou. Richard ofereceu um trabalho e ele aceitou.

Quando vi Brian conversando com Richard, mal imaginava que aquela breve troca de palavras me levaria a descobrir o segredo que ele guardava. Ao chegar em casa e ver Brian trabalhando, senti uma estranha curiosidade e decidi investigar. Foi então que descobri que ele não trabalhava na empresa que havia contado à minha mãe. Aquela revelação mudou tudo e me fez questionar quem meu irmão realmente era.

Ele precisava de um emprego para se sustentar e ajudar nossa família, e o trabalho com Richard parecia ser a única opção disponível. Ele aceitou o trabalho e, para sua surpresa, descobriu que Richard havia sido sincero em suas palavras. Brian realmente estava trabalhando com contas e finanças da empresa de nosso pai, sem se envolver com dinheiro sujo ou atividades ilegais. Com o salário que recebia, Brian conseguiu comprar uma casa luxuosa para si mesmo e ajudar eu e nossa irmã Ari a pagar as mensalidades da faculdade. Embora ele se sentisse culpado por trabalhar para uma empresa que não era totalmente honesta, Brian se consolava com o fato de que estava fazendo o que podia para ajudar nossa família e construir uma vida melhor para si mesmo.

Com o coração apertado, ouvi a explicação de Brian e compreendi suas razões. Ele havia perdido o emprego para um privilegiado filho de papai, que não possuía nenhum diploma, e se viu sem opções. Sem querer desapontar nossa mãe, ele acabou aceitando o trabalho que Richard lhe ofereceu. No entanto, ele me assegurou que não estava envolvido nos negócios obscuros de Richard e que não corria o risco de ser preso.

Apesar de entender as razões do meu irmão, senti uma mistura de decepção e alívio. Decepção por ele não ter sido sincero com nossa família e comigo, e alívio por saber que ele não estava envolvido em atividades ilegais. Prometi a ele que não contaria nada à mamãe, pois não queria preocupá-la.

A partir daquele dia, passei a enxergar meu irmão com outros olhos, ciente de que ele guardava seus próprios segredos e enfrentava suas próprias batalhas internas. Aquele episódio mudou para sempre nossa relação, e aprendi que nem sempre as coisas são como parecem ser.

Fiquei alguns minutos com eles e depois fui até a garagem pegar minha Kawasaki Z900 para ir até a casa do Osmar.

Apesar de nossas escolhas de carreira nos levarem por caminhos diferentes, a amizade entre mim e Osmar permanece forte, assim como nos tempos de escola. Desde a infância, compartilhamos momentos inesquecíveis e superamos diversos desafios juntos. Embora agora trabalhemos em agências diferentes, estamos sempre presentes um para o outro, prontos para enfrentar qualquer obstáculo que a vida nos apresente. A verdadeira amizade é assim, resistente e duradoura, capaz de transcender até as diferenças mais aparentes. Sou grato por ter Osmar como meu melhor amigo, em quem posso confiar plenamente e compartilhar alegrias e tristezas sem hesitação.

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora