Capítulo 16

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Pov Emma

Ser diretora de um dos maiores escritórios de advocacia dos Estados Unidos não é uma tarefa fácil. Eu ansiava pelo momento de voltar para casa e estar com meu filho, ansiava por sentir seu cheiro, ouvir sua risada contagiante e experimentar a paz que ele me transmite. Hoje de manhã, tive a oportunidade de vê-lo, mas já sinto saudades. Ficar longe do meu pequeno é uma verdadeira tortura, mas desde que comecei a trabalhar no escritório, precisei me acostumar com essa rotina.

Fui despertada dos meus pensamentos por uma batida na porta. Disse um "entre" e logo minha secretária entrou, trazendo um envelope em suas mãos, presumivelmente contendo os documentos que havia solicitado mais cedo.

— Sra. Myers, aqui estão os documentos — ela entregou-os a mim, e eu os peguei.

— Obrigada, Laura — agradeci, observando-a assentir antes de sair da sala.

Descansei minhas costas na cadeira e comecei a analisar os documentos. O caso em questão envolvia um empresário que cometia atos de violência física contra sua esposa. Eles têm uma filha de cinco anos que testemunha essas agressões.

Passei as mãos nos olhos, sentindo o cansaço, mas sabia que precisava continuar trabalhando por mais algumas horas. Analisei minuciosamente o caso e pedi à minha secretária para marcar uma reunião com a vítima da agressão. Eu indicaria um ótimo advogado ou advogada para lidar com esse caso, e não descansaria até conseguir colocar aquele agressor atrás das grades.

Olhei para o relógio do meu celular e percebi que já era hora de ir para casa. Arrumei minhas coisas e saí da sala. Ao passar pelo corredor, senti os olhares sobre mim, como sempre. A maioria deles era de homens, mas eu não me importava com nenhum deles. Peguei o elevador que levava ao estacionamento. Assim que cheguei, segui em direção ao meu carro e dirigi até a casa dos meus pais. Eles cuidam do Ethan durante a tarde, já que não posso trazê-lo sempre para o escritório. Sugeri contratar uma babá, mas meus pais não permitiram de jeito nenhum. Em vez disso, eles se ofereceram para cuidar do Ethan.

Eu gostaria de passar mais tempo com ele, mas meu trabalho consome a maior parte do meu tempo. No entanto, faço tudo o que posso para estar presente em sua vida, mesmo que sejam apenas momentos breves. Meu trabalho não está em primeiro lugar, Ethan está à frente de tudo e de todos. Estou trabalhando arduamente para lhe proporcionar uma vida melhor."

Olhei para Ethan, que estava silencioso no banco de trás, olhando fixamente para um ponto indefinido. Geralmente, ele faz muito barulho com seus brinquedos ou fala sobre como foi seu dia na escola ou com seus avós, mas algo estava errado. Esse silêncio dele está me deixando angustiada, sinto que algo aconteceu.

— Bebê? — Chamei sua atenção e ele desviou o olhar para mim — Está tudo bem?

— Sim, mamãe — Sua voz suave preencheu meus ouvidos. Olhei para ele, que voltou a olhar para algo que eu não conseguia identificar. Seu olhar estava triste e cheio de lágrimas. Meu coração disparou quando o vi morder os lábios para não chorar. Nem percebi quando cheguei em casa, estacionei o carro e saí rapidamente, abrindo a porta traseira para pegar Ethan. Tirei-o da cadeirinha e o abracei forte.

— Conta para mamãe o que aconteceu — falei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

— Eles ficam falando que eu não tenho pai, mamãe — ele disse tudo de uma vez e o coloquei no chão, abaixando-me para ficar na sua altura.

— E por que você não pediu para a professora intervir? — falei, bagunçando seus cabelos.

— Ela também ri, mamãe — Ethan falou com dificuldade — Ela não faz nada, só briga comigo — senti meu sangue ferver ao ouvir essas palavras. Não podia acreditar que meu filho estava sendo tratado dessa forma na escola. Eu jurei que todos naquela escola se arrependeriam de tratar meu filho dessa maneira.

— Ei, carinha! — Olhei na direção da voz e vi Rafael com um sorriso no rosto. Ele estava segurando uma mangueira, vestindo calça jeans, botas e uma camiseta branca que estava toda molhada — Por que está chorando? — Ele desfez o sorriso, abaixou-se e bagunçou os cabelos de Ethan.

— Ele teve alguns problemas na escola — expliquei, olhando para Rafael.

— Entendi. Que tal você me ajudar no meu jardim? — Ele olhou para Ethan, que abriu um sorriso enorme para ele, e depois olhou para mim. Entendi o que ele queria dizer e sorri de volta.

— Pode ir, pequeno — levantei-me e vi Rafael pegar Ethan e colocá-lo em seus ombros — Tenha cuidado com ele — ele assentiu.

— Pode deixar — ele me deu um sorriso e saiu com Ethan.

Olhei para Rafael e Ethan, que seguiam em direção ao jardim em frente à casa dele. Os dois estavam em uma conversa animada, cheia de risadas altas. Por um momento, me peguei pensando em como seria se Ethan tivesse a presença de um pai, ou melhor, da outra mãe. Sacudi esses pensamentos e segui para minha casa, parando ao lado de um dos vários seguranças.

Desde que entrei no campo da advocacia, recebi inúmeras ameaças de várias pessoas, mesmo não sendo advogada ou juíza. Mas sou uma pessoa bastante conhecida em Los Angeles, e também sou responsável por indicar e preparar advogados para terem um bom desempenho em audiências. Por esse motivo, muitos acham que sou parcialmente culpada.

— Não tire os olhos deles.

— Sim, senhora.

Entrei em casa e fui para o meu quarto tomar um banho. Estava tão cansada que quase dormia em pé. Depois do banho, fui preparar o jantar. Recebi uma mensagem de Hunter avisando que ele e Lucy viriam aqui. Ele havia chegado de viagem hoje de manhã e queria ver Ethan. Ouvi a campainha tocar e fui atender, encontrando Hunter e Lucy. Hunter estava usando moletom e calça azul, enquanto Lucy ainda estava com sua roupa de trabalho, provavelmente não havia passado em casa.

— Onde está meu pequeno? — Hunter perguntou depois de me abraçar forte.

— Ele está com o Rafael — falei, voltando para a cozinha.

— O cara das flores? — Lucy disse com um sorriso no rosto.

— Sim — olhei para Lucy, que olhava para Hunter. Ele sorriu para ela.

— Pode ir parado, eu já disse que ele é apenas um amigo — falei, vendo os dois revirarem os olhos.

— Tá bom então — Hunter falou e deitou-se no sofá.

— Mas eu e você sabemos que não é isso que ele quer — Lucy falou — Ele te respeita, Emma, mas não fique surpresa se um dia ele decidir se declarar para você. Afinal, são dois anos esperando pelo momento certo.

Desde que me mudei há dois anos, Rafael tem sido um bom amigo. Ele sempre brinca com Ethan e nos leva para sair de vez em quando. Sei que ele quer algo a mais do que amizade, mas também não mexo nesse assunto. Ele me respeita muito.

(...)

Dois anos.

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora