21: flashback

334 25 8
                                    

Pov Autora

— Olha aí o modelo — com um tom de deboche, Kayo provocou. Os outros riram, exceto Hunter, que sentiu uma onda de raiva percorrer seu corpo. Encarando Kayo com ódio, Hunter respondeu com voz trêmula de fúria.

— Seria bom você parar com suas gracinhas, Kayo — disse Hunter. Mas Kayo apenas riu.

— E se eu não parar? — perguntou Kayo com arrogância, puxando os cabelos de Hunter com força, fazendo-o jogar a cabeça para trás — Nada vai acontecer, né? — disse Kayo rindo novamente. No entanto, Hunter empurrou Kayo e desferiu um soco certeiro em seu rosto. — Filho da puta — xingou Kayo, levando outro soco de Hunter, que não tolerou as palavras usadas para se referir à sua mãe.

— Nunca mais diga nada sobre minha mãe, seu nojento! — gritou Hunter, deixando os outros atônitos, e saiu do galpão.

Hunter era um entregador de Richard, um dos maiores traficantes da cidade. Sua missão era levar as mercadorias de Richard para os clientes, utilizando uma mochila e uma moto. Ele não sabia o que havia dentro das mochilas nem quem eram os clientes. Apenas seguia as instruções de Richard.

Richard tinha um esquema bem montado para enganar a polícia, que estava sempre atrás dele. Utilizava diferentes meios de transporte para distribuir suas mercadorias: motos, carros e aviões. Cada um tinha sua função: as motos eram para entregas rápidas e difíceis, os carros para entregas longas e os aviões para envios internacionais. Richard estava disposto a ir até o inferno em busca de drogas e dinheiro. Era ganancioso, trapaceiro, manipulador e vingativo. Qualquer um que cruzasse seu caminho se arrependeria pelo resto da vida. Ele se aproveitava de tudo e de todos. Foi ele quem envolveu Hunter no mundo do crime.

— Hunter, você ficou responsável pela entrega em Atwater Village. Pegue essa mochila e leve para o endereço que vou te passar. Após concluir a entrega, vá diretamente para o galpão 07. Não demore — disse um dos capangas de Richard para Hunter, que estava apoiado em sua moto.

— Ok, estou indo.

Hunter pegou a mochila e a colocou nas costas, sentindo o peso dela. Sem querer saber o que havia dentro, ele montou em sua Yamaha R1 e ligou o motor. Colocou o capacete e partiu em direção a Atwater Village, com um pressentimento ruim pairando no ar.

Ao estacionar a moto em frente a um prédio abandonado, Hunter avistou uma figura sombria esperando por ele. Era um homem vestindo boné, máscara e roupas pretas, apoiado na parede com os braços cruzados. Hunter tirou o capacete e ajustou sua própria máscara, sentindo um arrepio na espinha. Caminhou com passos firmes até o homem.

— Código? — era a única palavra necessária para confirmar a entrega.

— 02 — respondeu o homem com uma voz rouca. Era o código correto, conhecido apenas por Hunter, o comprador e Richard, o dono da mercadoria.

Hunter entregou a caixa ao homem e recebeu o pagamento combinado. Colocou o dinheiro na mochila e dirigiu-se à sua moto. Colocou o capacete e seguiu em direção ao galpão 07, onde deveria encontrar Richard, o chefe da quadrilha. Ao chegar ao destino, estacionou o veículo na garagem mais afastada do galpão. Continuou o trajeto a pé, sob o sol escaldante do final da tarde. Ao se aproximar do galpão, notou uma movimentação estranha. Homens corriam de um lado para o outro, carregando armas e drogas para os carros alinhados em fileira, assim como as motos.

— O que você está fazendo aqui, porra?! — gritou Jonathan, o braço direito de Richard, olhando para Hunter — Você quer morrer, porra? Saia daqui!

— Recebi ordens para estar aqui — respondeu Hunter com a voz arrastada. Ele sabia que algo estava errado. Será que a polícia havia descoberto o esquema?

— Não importa, suma da minha frente — disse Jonathan, empurrando Hunter com força e correndo para dentro do galpão.

Hunter virou-se para retornar à sua moto, mas foi interrompido pelo som de tiros ecoando por todos os lados. Correu em outra direção, escapando por pouco de uma bala que passou raspando. Buscou abrigo atrás de um carro distante do galpão.

— Pegue essa arma e atire nesses filhos da puta — disse um homem de aproximadamente 40 anos, oferecendo uma arma a Hunter.

— Eu não vou matar ninguém! — quase gritou Hunter.

— É matar ou morrer — respondeu o homem, carregando sua pistola.

— Eu não quero morrer.

— Então mate.

Hunter pegou a arma, mudou de posição e mirou na cabeça de um dos adversários. Em seguida, olhou para o homem, que riu e começou a atirar também. Hunter tinha habilidades de tiro afiadas, acertando cada tiro com precisão. A cada passo, derrubava um oponente sem hesitação. Mais de 30 homens foram mortos por suas mãos. No entanto, Hunter não percebeu quando foi atingido. Arrastou-se até uma árvore na floresta e olhou para sua regata branca, agora manchada de sangue. Sentiu uma dor excruciante no peito e nas costelas, percebendo que havia sido baleado nessas áreas. Lágrimas começaram a rolar por seu rosto, sabendo que estava prestes a morrer. Teve certeza disso quando viu um homem à sua frente, com a arma apontada para sua cabeça. Fechou os olhos e ouviu o som do tiro, mas a bala desviou e não atingiu sua cabeça. Abriu os olhos lentamente e viu Lucy diante dele. Ela estava vestida com sua roupa de policial, suja de sangue, segurando sua arma em posição.

— Por quê? — foi a única coisa que Lucy conseguiu dizer. Era a mesma pergunta que a atormentava há meses, desde que começou a investigar Hunter. Ela sabia de todos os passos dele, de todos os galpões de Richard, graças a Hunter. Não entendia por que ele estava envolvido com aquele homem, mas sabia que ele não queria estar ali.

— Eu não tive escolha — respondeu Hunter, respirando fundo — Anos atrás, mantive um homem em cativeiro que tinha informações sobre meu pai biológico. Richard descobriu e ameaçou matar minha família — respirou fundo novamente — Não me arrependo do que fiz. Faria tudo de novo. Mas eu não merecia isso. Ele jogou sujo, e prefiro morrer a ver minha família morta.

(...)

Até mais seus lindos e lindas :) 👍🏽

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora