Capítulo 49

256 28 18
                                    

Pov Autora

Jenna não sabia o que estava fazendo, isso era verdade, mas seu instinto materno era mais forte e um sentimento diferente tomava conta do seu corpo, que ela não conseguia explicar.

— Porra — exclamou Krystian assim que deixou Ethan sob a proteção de um dos homens que ficaram na van. Ele teve que fazer um trajeto arriscado para trazer o menino e agora estava voltando para buscar Jenna, que tinha desaparecido dentro da casa dos russos.

— Agora chega de brincadeira, o menino está salvo, só falta a chefe que está lá dentro. Quero que vocês matem todos que estiverem pela frente, mas pelos deuses tragam a chefe viva! — disse Krystian pelo comunicador e continuou seu caminho.

Quando ele chegou, fez questão de entrar pelos grandes portões que estavam abertos. Ele podia ouvir tiros e rapidamente sacou sua arma. Ele viu seus homens e imediatamente pegou o comunicador.

— Já estou aqui dentro do jardim, me deem cobertura. Vou entrar na casa — um dos homens avistou Krystian e fez sinal para que os outros começassem a atirar nos homens russos que estavam à frente. Krystian correu para dentro da casa e começou a procurar Jenna. A casa era grande, o que deixava Krystian furioso. Ele sabia que Jenna iria atrás do homem que sequestrou seu filho e que iria matá-lo. Mas Krystian não deixaria a mulher tirar uma vida. Ele não permitiria que ela carregasse esse peso pelo resto de sua vida.

Krystian notou manchas de sangue no chão e seguiu o rastro até o corredor. Ele pegou um silenciador do bolso e o colocou em sua arma, avançando pelo corredor. Um gemido foi ouvido e ele seguiu na direção de uma porta no final do corredor.

— Você quase me matou, hahaha — uma voz grossa foi ouvida, seguida por uma risada diabólica. Mas Krystian não esperou e arrombou a porta com um chute. Ele nem precisou olhar para acertar um tiro preciso no homem que estava apontando a arma para Jenna, que estava toda machucada. Krystian viu o homem cair no chão e imediatamente foi até Jenna.

— Da próxima vez, eu vou quebrar você, chefe. Você quase morreu — ele verificou os machucados dela — Eu disse que os russos eram fortes — ele comentou ao olhar o rosto de Jenna com mais atenção.

A boca dela estava cheia de hematomas, assim como seus olhos roxos. Seu pescoço tinha marcas de mãos e, quando Krystian levantou a blusa de Jenna, ficou assustado ao ver sua barriga toda machucada. Ele não esperou mais e a pegou no colo, saindo da casa.

— Nossa missão aqui acabou — Krystian falou pelo rádio enquanto passava pelo jardim e via seus homens ainda lutando contra os russos.

Krystian levou Jenna volta para a casa mexicana e a levou para a enfermaria. Como todos ali eram procurados pela justiça, eles tinham uma área para cuidados médicos. Jenna, sendo filha do chefe da máfia mexicana, agora era conhecida como "a chefe" pelos outros. Todos acreditavam que ela assumiria o cargo.

Depois de receber anestesia para aliviar a dor, Jenna acordou em um quarto branco, o que a deixou confusa. Ela removeu os fios conectados ao seu corpo e foi pegar suas roupas no canto do quarto. Após se trocar, saiu do quarto em busca de notícias sobre seu filho. Ela foi até o escritório de seu pai e o encontrou fumando um cigarro e segurando um copo de uísque.

— Onde está meu filho? — ela perguntou, e o homem deu mais uma tragada em seu cigarro.

— Eles o levaram — Vince respondeu, tomando um gole de uísque — Eu levei uma bela surra também — ele riu e Jenna ergueu uma sobrancelha.

— De quem você está falando?

— Do seu sogro, minha filha — ele respondeu com ironia — E você quase morreu e nem te agradeceram — Jenna não disse nada, apenas sentou no sofá que estava lá — Eu sei que você não vai ouvir meus conselhos, mas o melhor a fazer é colocar seu sobrenome no menino e depois se afastar. Não é justo que ele não saiba que você é sua mãe, você já ficou tempo demais sem saber a verdade. O mínimo agora é colocar o sobrenome nele — Jenna olhou fixamente para o homem e, no fundo, sabia que ele estava certo.

— Eu não quero pressionar a Emma — Vince tomou outro gole de uísque antes de falar.

— Jenna, eu sei que você gosta dela, mas você não percebe que ela está te machucando? Colocar o sobrenome no menino não é nada demais, é apenas um sobrenome. Não significa que você vai tirar a guarda dele.

— Eu preciso ir para casa.

— Vou pedir para o Krystian te levar, você não está em condições de dirigir.

— Não precisa.

— Você não ouviu o que eu acabei de falar? Você não está em condições de dirigir.

Jenna não disse mais nada, apenas viu seu pai pegar o celular e ligar para Krystian. Ela saiu do escritório e Krystian a levou de volta para casa. Jenna caminhou até sua casa, mancando um pouco. Ela olhou ao redor, mas não viu Noah nem Joshua. Não se importou muito e foi em direção ao seu quarto, tomou um banho e deitou em sua cama, na esperança de dormir, mas as palavras de seu pai ecoavam em sua mente. Ela não queria ouvir, mas sabia que ele estava certo. Decidiu seguir seus conselhos, pois era a coisa certa a fazer no momento. Pegou seu celular e ligou para seu advogado, que atendeu rapidamente.

Ligação Ativa*

— Quais são as dúvidas? — o homem do outro lado da linha perguntou.

— Decidi que vou entrar com uma ação para colocar meu nome em Ethan.

— Ela não concordou em colocar diretamente?

— Ela não recusou, só queria dar um tempo para Ethan se acostumar, mas ele precisa saber que sou sua mãe. Não quero esperar mais.

— Você sabe que quando propus aqueles documentos, sabia que algo assim poderia acontecer. Então, me antecipei e os preparei caso você mudasse de ideia.

— Nos vemos amanhã na empresa.

Ligação Encerrada*

Depois de todo o caos, Emma agora admirava o rosto de seu filho pela milésima vez naquele dia. Quando Ethan chegou em casa em segurança, ela chorou tanto que as lágrimas já não tinham mais fim.

— Você deveria parar de chorar agora que ele está aqui, filha — seu pai disse assim que entrou no quarto.

— Eu não consigo, sinto tanto pelo que aconteceu.

— Ele está aqui agora, não há motivo para tristeza.

— Estou pensando em tirar um tempo para mim, para nós dois.

— Pensando em viajar?

— Não apenas viajar, mas também morar em outro país. Los Angeles só me traz tristeza, e aqui não é seguro.

— Acho que não é bom você morar longe de nós. Aqui podemos te proteger — Anthony falou, e Emma ficou quieta.

— Posso pensar nisso quando voltar.

— Tudo bem — Anthony falou, deu um beijo na testa de Emma e saiu do quarto.

Uma semana se passou desde o ocorrido. Vince descobriu por que os russos sequestraram Ethan, era apenas para assustá-lo, mas o jogo virou no mesmo dia em que quase todos eles foram mortos. Jenna enviou a carta de ação para Emma três dias após o incidente. Emma queria conversar com ela, mas Jenna não quis e deixou seu advogado cuidar de tudo. Jenna só queria duas coisas: que seu filho soubesse que ela era sua mãe e que seu sobrenome estivesse em seu nome.

Jenna não podia negar que estava um pouco chateada por Emma não ter agradecido por ela ter arriscado sua vida para salvar o menino. Mas também não era algo que fazia diferença em sua vida, já que ela arriscou tudo pelo bem de seu filho, enquanto o pai de Emma foi até a casa mexicana para ameaçar Vince, em vez de ir atrás do menino primeiro. Mas Jenna também não tocou no assunto, não mandou mensagens e nem falou com a mulher. Tudo que ela fazia era trabalhar e trabalhar sem parar para tentar esquecer seus problemas, que só pareciam aumentar. Dois dias atrás, alguns homens foram até sua casa entregar uma encomenda. Quando ela abriu, viu uma arma de ouro. Quem havia enviado era seu pai, depois de Jenna ter ligado para ele pedindo para buscar a arma. Ele explicou que era um presente dos cúmplices de todas as máfias.

— Hoje é o dia da audiência, você está preparada, certo? — seu advogado falou assim que entrou na sala de Jenna.

— Sim, estou.

— Vamos então, ou vamos nos atrasar.

Eles saíram da empresa e foram para o tribunal, onde a audiência iria ocorrer. Todos foram direcionados para a sala, Emma já estava lá com seu advogado, e Jenna também. Jenna não trocou uma palavra com Emma desde que a viu no local.

— Vamos dar início à nossa audiência — a juíza falou, e todos olharam para ela — Vejo que ambos os lados estão de acordo. A mãe, Jenna Ortega Ortiz, alega ter o direito de colocar seu sobrenome no filho de três anos, Ethan Myers Watson. Temos aqui a informação de que a mãe, Jenna Ortega Ortiz, não sabia da existência do filho até três anos atrás e só descobriu há um mês. — a juíza terminou de falar a primeira informação — Senhores advogados, vocês sabem que, nesses casos, a guarda da criança é atribuída à senhorita Jenna, que, por sua vez, é a vítima. — a juíza falou, e Emma sentiu seu coração acelerar. Ela olhou para seu advogado, que fez sinal para que ela se acalmasse — Mas primeiro, vamos fazer a transferência de nomes. Jenna assinou o documento com o nome atual de Ethan, assim como Emma — Nome antigo: Ethan Myers Watson, nome atual: Ethan Myers Ortega. — a juíza falou e pegou outro papel para ler — Agora, vamos tratar da divisão da guarda. A guarda oficial será de Jenna Ortega Ortiz, enquanto Emma Myers Watson terá apenas o direito de ver seu filho uma semana por mês. — não precisava dizer que Emma estava chorando, chorando em silêncio, mas suas lágrimas eram evidentes. Jenna olhou para a mulher e depois para seu advogado.

— O que é isso? Eu disse que não queria tirar a guarda dela. O que você fez? — Jenna perguntou ao homem, que a olhou.

— Eu não fiz nada. Foi a juíza que decidiu. É a lei, e é óbvio que você ficaria com a guarda dele, a menos que você tivesse problemas com a justiça e fosse perigosa. — o homem falou baixo, e Jenna respirou fundo.

— Agora que tudo está resolvido, eu declaro essa audiência encerrada...

— Senhora excelência, posso mudar os termos? — Jenna interrompeu a juíza, que fez sinal para que ela falasse.

— O que você está fazendo? — O advogado de Jenna falou, mas Jenna o ignorou.

— Eu quero trocar de lugar com a senhorita Emma Myers — Emma olhou para Jenna sem acreditar no que ela disse.

— Tem certeza disso? — A juíza perguntou apenas para confirmar.

— Sim, senhora. — Jenna falou firme, e a juíza assentiu.

— Seus advogados vão entregar os documentos da guarda ainda hoje. Essa audiência está encerrada. — A juíza falou, e todos saíram da sala.

Jenna seguiu até seu carro, já que seu advogado teria que ficar no tribunal para resolver aquela situação, e ela não o levaria para casa. Ela destravou o carro e fez um gesto para entrar, mas sentiu alguém a puxando. Quando olhou, era Emma.

— Por que fez aquilo?

— Porque era o certo a se fazer. Já disse isso a você, mas vou repetir novamente. Só quero que Ethan saiba que sou a mãe dele também, e que meu sobrenome esteja em seu nome. Nunca foi minha intenção tirar a guarda dele de você, Emma. — Jenna disse firme — Preciso ir. Vejo você no dia em que for buscar Ethan para passar o fim de semana comigo. — Jenna não disse mais nada, apenas entrou em seu carro e foi embora, deixando Emma sem reação diante de sua atitude, dando a entender que ela não queria se aproximar dela, o que, de fato, não era mentira.

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora