Capítulo 34

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Pov Johnna

Internamente, a raiva fervia dentro de mim. Sem dúvida, aquele estava sendo um dia terrível. Será que todos os dias precisavam ser repletos de acontecimentos negativos em minha vida?

— Fale logo, Kit, me conte tudo! — Encarei o homem à minha frente, cuja impaciência era evidente, o que me agradava. Um de nós sairia vivo daquela sala hoje, ou então nos mataríamos.

— Que saco, Johnna, você está agindo como uma psicopata! — Ele riu sem jeito.

— Não estou agindo, eu sou uma! — Retirei minha pistola da cintura e a apontei para ele, que se assustou — Você vai me dizer ou não? — Kit revirou os olhos e, num movimento rápido, pegou sua própria pistola que estava sobre a mesa e a mirou em minha direção.

— Quem é o psicopata aqui, Johnna Myers? — Ele zombou.

— Você vai se arrepender, Kit — Ouvimos o clique dos gatilhos, estávamos prontos para atirar, se não fosse pela intervenção do chefe.

— Chega! Acabem com essa palhaçada agora! — Ele entrou na sala acompanhado de dois agentes.

— A gente se fala depois, Johnna — Kit guardou sua pistola e saiu da sala.

— O que foi isso aqui? — Perguntou o chefe, furioso. Eu o encarei sem nenhum entusiasmo e saí da sala.

Caminhava pelo corredor em direção à área de treinamento, buscando um lugar para relaxar um pouco. Ao chegar à porta, ouvi uma voz familiar vindo do celular, era Kit. Não podia acreditar que ele já estava lá. Adentrei a sala e me escondi atrás do balcão, querendo saber sobre o que ele estava falando.

— Não me ligue quando eu estiver em casa, Sabrina — ele disse — Meu marido está desconfiado de tudo — ele parecia nervoso — Acho que vou dormir fora hoje, nós brigamos feio ontem — suspirou — Eu sei que sou um péssimo pai e marido — não aguentei mais ouvir aquela conversa, era demais para mim. Kit estava traindo seu marido? Como ele podia fazer isso? E quem era essa Sabrina? Eu precisava descobrir.

— Agente Johnna, o chefe quer falar com você — um dos agentes me disse quando retornei à sala de espera.

— Onde ele está?

— Ele pediu para você ir até sua sala — dirigi-me até lá e respirei fundo antes de bater na porta.

— Johnna, tenho uma missão para você.

— Outra? Já estou cuidando das investigações do galpão 07.

— Sente-se, por favor. Vamos conversar com calma — ele passou a mão no rosto, aparentando impaciência.

— Só quero que você faça uma patrulha hoje no bairro Atwater Village — franzi a testa e cruzei os braços, ele sabia que patrulha não era minha especialidade.

— Patrulha não é minha especialidade, senhor.

— Eu sei, mas preciso de você lá esta noite — ele pegou o telefone para fazer uma solicitação — Vou pedir para o agente Kit acompanhá-la esta noite — ele ia discar o número, se eu não o interrompesse.

— Chame a Lucy — Disse, levantando-me e deixando-o confuso.

— Mas ela é do departamento de investigação, como ela poderá ajudá-la? — Às vezes, questiono como esse cara ainda é chefe deste departamento.

— E eu sou do departamento de patrulha por acaso? — fiz uma pausa para ver se ele responderia, mas, como esperado, ele permaneceu calado — Portanto, quero que ela vá comigo hoje ou então não me verá lá — foi a última coisa que disse antes de sair de sua sala.

Eu estava tendo um dia terrível, e ele só piorou à medida que o tempo passava. Decidi cancelar todos os trabalhos que deveria fazer com Kit, o que chamou a atenção de todos, inclusive do chefe. Normalmente, mesmo após uma discussão, continuaríamos trabalhando juntos, mas eu não suportava olhar para ele depois de ter ouvido aquela conversa. Talvez eu devesse abordá-lo sobre isso, mas se ele não me contou, é porque realmente está traindo seu marido.

Não quero me intrometer em sua vida, mas como você se sentiria em relação ao seu melhor amigo, a pessoa que sempre esteve ao seu lado nos momentos bons e ruins? Como enxergar alguém que afirmava todos os dias que sua família era a coisa mais importante para ele? Sinceramente, não esperava que ele fosse capaz de fazer algo assim, e ainda tenho esperança de que tudo não passa de um equívoco.

— O que aconteceu entre você e Kit? — Lucy perguntou, mexendo no porta-luvas e retirando um par de binóculos de lá.

— Nada que deva te preocupar — respondi, pegando o outro par de binóculos que estava em meu colo e observando a rua vazia.

— Tudo bem, tudo bem — ela desistiu de insistir, sabendo que eu não contaria nada.

Ficamos em silêncio, observando a rua. Nada de interessante acontecia. A impaciência começava a tomar conta de mim. Algumas pessoas passavam por ali, mas nenhuma parecia suspeita.

— Vamos embora, isso é uma perda de tempo — falei, guardando os binóculos.

— Espere um momento, algo está errado aqui — Lucy disse, soltando o cinto de segurança. Olhei para ela sem entender, mas ela já havia saído do carro.

— O que você está fazendo? — saí do carro também.

— Droga, Johnna, isso é uma armadilha — ela passou as mãos pelo rosto.

— Maldito seja aquele velho, foi por isso que aquele filho da puta nos mandou para esta rua!

— A mesma rua onde o Hunter costumava fazer as entregas para o Richard.

— Precisamos sair daqui agora! — falei, voltando para o carro.

— E agora, o que faremos? — ela perguntou, entrando no carro também.

— Por enquanto, nada. Vamos deixá-lo pensar que nos enganou ou nos assustou — liguei o carro e saímos daquela rua o mais rápido possível.

— Preciso de algo para aquecer o corpo depois disso — ela disse, conferindo as horas em seu relógio digital de pulso.

— Você está quase em casa, seu edredom vai te aquecer — brinquei, rindo sem graça.

— Não estou falando de edredom, estou falando de bebidas, de mulheres e de uma ressaca tão forte no dia seguinte que me impeça de ir trabalhar — ela disse, fechando os olhos como se estivesse sonhando acordada com o que acabara de falar.

— Você é maluca, Lucy — falei, voltando minha atenção para a estrada — Mas por que não? — olhei para ela novamente e vi um sorriso malicioso em seu rosto.

— Isso mesmo! — ela comemorou, fazendo uma dancinha com os ombros.

— E para onde vamos? — eu não fazia ideia de onde encontrar diversão naquela hora da madrugada.

— Conheço um lugar — ela pegou o celular e começou a mexer nele, enquanto eu me concentrava na estrada — Playhouse NightClub, digite no GPS — procurei o endereço e inseri no aparelho — Ainda bem que estamos bem vestidas — Lucy riu e continuou mexendo no celular.

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora