Capítulo 42

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Pov Autora

Jenna estava se sentindo extremamente perdida e desesperada depois de sair da casa de Emma. Ela estava passando por um momento difícil em sua vida, e suas ações refletiam seu estado emocional. Desde que assumiu a responsabilidade de ser adulta, Jenna começou a seguir os conselhos de seu pai, que a incentivava a se comportar de maneira mais madura.

Durante sua adolescência, Jenna sempre foi conhecida por desafiar as regras e causar problemas, talvez por ser filha de um dos empresários mais influentes de Los Angeles. Ela costumava beber excessivamente e se envolver em situações complicadas. Jenna teve muitos relacionamentos casuais e explorou sua sexualidade de forma livre, aproveitando sua posição privilegiada como uma mulher rica.

Infelizmente, seus relacionamentos nunca foram bem-sucedidos, especialmente seu envolvimento com Naomi, que acabou em um desastre. Após essa experiência, Jenna se sentiu arrasada e decidiu se afastar de tudo e de todos, buscando consolo em bebidas e encontros casuais.

Jenna estava se questionando sobre qual seria o próximo passo agora que descobriu que Ethan é seu filho. Embora ele tenha apenas dois anos, Jenna reconhecia que ele era uma criança perspicaz e inteligente, talvez até mais do que muitos adultos. No entanto, ela sabia que explicar a situação para ele seria um desafio, pois não queria confundir sua cabeça com informações complexas sobre sua identidade e dinâmica familiar.

Jenna decidiu que daria tempo ao tempo. Ela sabia que era importante que ele se sentisse seguro e compreendesse que ela era sua mãe, apesar das circunstâncias únicas de sua concepção. Jenna estava ciente de que não poderia simplesmente chegar e dizer: "Eu sou uma mulher intersexual, tive uma relação com sua outra mãe e você é nosso filho". Essa explicação seria difícil para ele entender.

Enquanto Jenna refletia sobre tudo isso, ela se encontrava na varanda do seu quarto, olhando para o céu com os olhos cheios de lágrimas. Desde que chegou em casa, ela se isolou em seu quarto e passou a maior parte do tempo na varanda, incapaz de encontrar clareza em seus pensamentos, chorando incessantemente.

As noites foram difíceis para Jenna, assim como os outros dias em que ela mal conseguia dormir. A fome parecia não existir mais e a vontade de sair do quarto ou trabalhar desapareceu. Ela perdeu completamente a noção do tempo e não tocou em seu celular, que ela desligou por conta própria. Sua rotina consistia em passar a maior parte do dia no quarto ou no escritório, sem conseguir se concentrar em nada. Essa situação já durava uma semana.

Uma batida na porta do quarto de Jenna foi ouvida, e ela respondeu com um "entre" e logo ela viu Moosa entrar.

— Seus seguranças são meio brutos — comentou ele enquanto se aproximava de Jenna, observando seu estado.

— O que você quer? Eles estão aqui para me proteger — respondeu Jenna com a voz falha, mal conseguindo falar.

Moosa mordeu os lábios, sabendo qual seria o desfecho daquela conversa que ele iniciara.

— Como você está? — perguntou ele.

— Olhe para mim e verá a resposta — respondeu Jenna, com o rosto marcado por lágrimas, olhos inchados, aparentando estar em um estado depressivo.

— Emma me ligou e me contou tudo — disse Moosa, com uma expressão de tristeza.

— Por favor, me diga que você não sabia — Jenna nem cogitou a ideia, mas se até Kit sabia, Moosa também poderia saber. Por que ela ligou para ele? Esses pensamentos pesavam em sua mente. — Não precisa responder — Jenna expressou todo o seu desgosto em uma única frase. Ela não podia acreditar que seu melhor amigo também sabia que ela tinha um filho e não contou nada para ela.

— Jenna, eu sinto muito. Eu não queria ter guardado isso de você — disse Moosa, sentindo as lágrimas molharem seu rosto.

— Você sente muito? Será que sente mesmo? Poupe-me desse discurso, por favor. Vá embora, eu não quero brigar com você, não quero gritar ou te agredir. Mas saiba que eu nunca vou perdoar você por me esconder isso, assim como todos que sabem — disse Jenna, com lágrimas escorrendo por seu rosto e sentindo a dor da traição de seu melhor amigo. Ela tentou manter o controle. — Nunca pensei que você trairia minha confiança.

— Eu não queria me meter nessa decisão, era a Emma quem deveria contar, não outra pessoa. E ela estava disposta a contar, eu só não sei o que mudou — explicou Moosa.

— Eu não quero saber, eu só quero que você vá embora agora! — seu tom de voz aumentou, e Moosa passou as mãos pelo rosto antes de sair do quarto de Jenna, deixando-a chorando sozinha.

No dia seguinte, algo novo aconteceu. Jenna saiu do seu quarto, mas não estava indo para o seu escritório. Ela estava procurando por Noah. O rapaz estava no jardim da casa de Jenna, sentado com as pernas cruzadas na borda da piscina, com um cigarro na boca. Ele não estava usando seu terno de trabalho pois ainda era cedo.

— Você fuma? — Jenna sentou ao lado dele e olhou para ele.

— Infelizmente sim — ele respondeu olhando para ela — Consequências do meu passado — ele riu e continuou fumando o cigarro.

— Eu preciso que você me acompanhe até a casa da minha mãe.

— Irei me preparar, senhora — ele se levantou e Jenna também.

— Não precisa se apressar — Noah assentiu e saiu do local.

Enquanto isso, Jenna decidiu tomar um banho e trocar de roupa. Ela sabia que já era hora de contar para sua mãe que tinha outro neto, mas esperava que ela não ficasse em choque com a notícia. Depois de se arrumar, Jenna desceu para o primeiro andar, onde Noah e Josh a esperavam.

— Senhora — cumprimentou Josh.

— Você está no comando na minha ausência — disse Noah para Josh e oferecendo o braço para Jenna, que aceitou sem reclamar. Eles seguiram em direção ao carro, e os portões se abriram quando Noah deu o sinal. Lá fora, havia mais seguranças vigiando. Jenna morava em uma casa isolada da cidade para ter tranquilidade. Ela comprou o terreno e construiu sua grande e luxuosa casa.

O caminho até a casa da mãe de Jenna foi tranquilo. Quando Noah chegou em frente à casa, com uma construção grande e com aparência rústica e luxuosa, ele estacionou o carro e eles saíram.

— Vamos, Noah — disse Jenna, subindo as escadas em direção à porta, seguida pelo homem. Jenna logo tocou a campainha, que foi atendida por sua irmã, Aliyah.

— Jenna, que saudade de você — disse Aliyah, abraçando Jenna, que retribuiu o abraço. Fazer um pouco de tempo que Jenna não visitava sua mãe e irmã.

— Eu também. Cadê a mamãe?

— Ela está no escritório te esperando. Vamos entrar — disse Aliyah. Jenna e Noah seguiram Aliyah e entraram na casa.

— Noah, eu vou conversar com a minha mãe. Fique à vontade — disse Jenna. Noah assentiu, e Jenna foi em direção ao escritório de sua mãe, deixando Noah e Aliyah na sala.

Assim que chegou, Jenna bateu na porta e ouviu uma voz dizer "entre". Ela abriu a porta e viu sua mãe concentrada no que estava fazendo.

— Que bom ver você, filha — disse a mulher, tirando os óculos de leitura e sorrindo discretamente para Jenna.

— Desculpe por não vir visitar vocês com mais frequência. Tenho trabalhado muito ultimamente — disse Jenna, e sua mãe apenas a olhou.

— Tudo bem. Mas o que você queria conversar comigo? Pela ligação, parecia algo importante — disse Natalie, aguardando uma resposta de Jenna.

— Mãe, eu não vou enrolar, até porque ainda estou processando tudo e nem tive tempo para pensar direito — disse Jenna, dando um suspiro — Mãe, eu tenho um filho. O nome dele é Ethan e ele tem 2 anos e alguns meses — Jenna falou diretamente, observando a reação de sua mãe. A mulher apenas a olhava, sem expressão. Jenna se perguntava o que ela estava pensando e desejava uma resposta.

— Como isso aconteceu? Quero dizer, por que a mãe da criança escondeu a verdade de você? O que você fez? — perguntou sua mãe. Jenna não esperava essa reação, não era uma reação exagerada, mas estava assustadora.

— Eu não fiz nada... Quer dizer, talvez eu possa ter feito algo... Mãe, a verdade é que eu não sei o que fiz para ela esconder isso de mim — disse Jenna. Natalie suspirou ao ouvir isso da boca de sua filha. Era óbvio que ela imaginava que isso poderia acontecer um dia, mas nunca imaginou que realmente aconteceria.

— Quem é a mãe? — perguntou Natalie, curiosa. Jenna respirou ainda mais fundo antes de revelar quem era.

— Emma, Emma Myers Watson — disse Jenna. Natalie ficou paralisada ao ouvir os sobrenomes. Não podia ser a filha dos Myers, não podia.

— Você está falando da Emma, filha de Anthony e Elis? — ela estava torcendo para que sua intuição estivesse errada.

— Sim, mãe — respondeu Jenna. A mulher se levantou e foi até uma estante, pegando uma garrafa de uísque e colocando em um copo apropriado para a bebida. Ela começou a beber e andar de um lado para o outro.

— Não pode ser, Jenna — disse Natalie. Jenna olhou para ela, que virou todo o líquido do copo e encheu novamente.

— Mãe, por que todo esse nervosismo? Eu sei que Vince brigou com o pai da Emma, mas a briga foi tão feia assim?

— Você não tem noção das coisas, né Jenna? Você sempre foi irresponsável, mas eu sempre te ensinei a não fazer tantas besteiras como essa. Você tem um filho, caramba! Você sabe qual é a responsabilidade de ter um filho? Não, né? Então pronto, se você está chateada porque a Emma escondeu isso de você, esqueça. Acho que a culpa não é dela, é sua, por ser uma irresponsável! — disse Natalie, despejando tudo de uma vez. Aquilo era mais grave do que ela imaginava.

— Eu sei que sou uma irresponsável! Mas para de jogar isso na minha cara, caramba! — disse Jenna, levantando e indo em direção à sua mãe — E eu nunca vou perdoar ninguém que sabia dessa história, a senhora está me ouvindo? Nunca! — Jenna falou com raiva em seus olhos, só de lembrar. Por outro lado, Natalie segurou a gola da camisa social de Jenna e a puxou para perto de si, para poder sentir o cheiro de sua filha, um cheiro que já esperava, o cheiro de cigarro.

— Você ainda continua fumando essa merda, continua destruindo sua vida. Jenna, você acha que assim vai conseguir ficar perto do seu filho? — disse Natalie. Jenna tirou as mãos de sua mãe da sua gola e fez sinal para sair da sala, mas sua mãe segurou seu braço.

— Me escuta, Jenna! Eu só quero o seu bem, ok? A partir de hoje, vou me mudar para a sua casa, já que você não quer vir para a minha — Jenna riu sarcasticamente e negou com a cabeça.

— Eu não sou mais criança, mãe.

— Mas não é o que parece. Você realmente acha que vou ficar vendo você arruinar sua vida e não fazer nada? Eu te amo, minha filha! — Natalie chorava descontroladamente, e Jenna também. A mulher abraçou sua filha com força, enquanto ela chorava em seus braços como uma criança — E eu não quero te perder, não antes de mim. Eu não sou mãe para ver nenhum filho meu partir antes de mim. Vou cuidar de você como se fosse criança novamente sim! Porque você precisa de cuidados, e eu sou sua mãe e vou cuidar de você.

Jenna não protestou mais contra a decisão de sua mãe e apenas se permitiu sentir os carinhos que ela fazia em seus cabelos. Era reconfortante ter sua mãe ao seu lado, mesmo que fosse difícil aceitar as duras palavras que ela havia dito. Jenna sabia que sua mãe estava preocupada com seu bem-estar e o de seu neto.

(...)

Está perto do fim?

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora