Capítulo 19

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Pov Johnna

Corri pelas ruas movimentadas, indiferente aos carros que buzinavam e às pessoas que me olhavam assustadas. Tinha apenas um objetivo em mente: encontrar o traidor do Hunter que enganara minha família por anos, convivendo conosco. Ele era o responsável pelas entregas das drogas que eu e Kit investigávamos, e agora descobria que ele era o Hunter. Como ele pôde fazer isso com minha família, com minha irmã, comigo? Uma raiva cega me consumia por dentro.

— Johnna, espera! — ouvi a voz de Kit atrás de mim, mas não parei. Ele era meu parceiro de trabalho, meu melhor amigo, mas não entendia o que eu sentia. Não sabia o que era ter a vida virada de cabeça para baixo por uma revelação tão chocante. Não sabia o que era desejar vingança.

— Me deixa em paz, Kit! — gritei sem olhar para trás. — Vou resolver isso do meu jeito!

— Johnna, você está sendo imprudente! Não pode ir sozinha atrás dele! Precisa de reforço, de um plano, de uma prova! — Kit insistia, tentando me alcançar.

— Tenho a prova! — respondi, apontando para os papéis que havia jogado no chão da sala. Eram documentos falsificados que comprovavam a identidade de Hunter, membro de uma organização criminosa. — E tenho um plano: acabar com aquele desgraçado!

— Johnna, você é policial! Não pode fazer justiça com as próprias mãos! Tem que seguir a lei! — Kit argumentava, quase sem fôlego.

— A lei não serve para nada! Não me protegeu dele! Não me dará paz! — eu gritava, cada vez mais alterada.

— Johnna, por favor, escuta a razão! Está fora de si! Vai se arrepender depois! — Kit suplicava, desesperado.

— Chega, Kit! Não me siga mais! Não se meta no meu caminho! Ou atirarei em você também! — ameacei, apontando a pistola para ele.

Kit parou de correr e me olhou com incredulidade e dor. Não podia acreditar no que eu dissera. Não podia acreditar que estava disposta a matar Hunter e talvez até ele mesmo.

— Johnna... — murmurou, com os olhos marejados.

Não dei tempo para que dissesse mais nada, sabia que me seguiria mesmo assim. Virei as costas e continuei correndo em direção ao endereço onde Hunter estava. Nada nem ninguém me impediria de cumprir minha missão. Acabaria com aquela farsa de uma vez por todas.

Pov Lucy

Hunter estava em meus braços, ferido e sangrando. Sua respiração era difícil e sua expressão refletia uma dor constante. Tentei convencê-lo a ir ao hospital, mas Hunter recusou. Ele não queria ter que explicar o que havia acontecido, nem enfrentar as consequências de suas escolhas erradas diante das autoridades.

Sentia-me impotente, sem saber o que fazer além de chorar. Parecia que tudo estava perdido. Hunter estava em um estado tão crítico que a esperança parecia inexistente.

Enquanto o segurava, pensava em todas as coisas que poderia ter feito de forma diferente. Talvez pudesse ter evitado que Hunter se envolvesse em situações perigosas. Mas agora era tarde demais para lamentações.

Hunter continuava a sangrar em meus braços, e eu me perguntava se ele conseguiria sobreviver. A situação era desesperadora, e eu me sentia perdida. No entanto, mesmo diante de tudo aquilo, continuei segurando-o, na esperança de que ele se recuperasse.

— Por que, Hunter? Por que, cara? — murmurei com dificuldade.

— Um dia, meu pai simplesmente desapareceu. Ele abandonou minha mãe e eu, sem deixar nenhum bilhete, explicação ou despedida. Foi embora como se não existíssemos. Minha mãe ficou devastada, entrou em depressão e não conseguia mais trabalhar. Dependeu da ajuda do meu irmão mais velho para sobreviver, pois na época eu era jovem demais para trabalhar. Ela chorava todos os dias, se culpando pelo que aconteceu. Mas eu tive que crescer rápido. Cuidei da minha mãe e da minha irmã mais nova, com a ajuda do meu irmão. Trabalhei duro para ajudar nas despesas e estudei com afinco para ter um futuro melhor. Tive que ser forte e corajoso. Lucy, eu sofri muito — ele parou de falar para recuperar o fôlego — Eu sentia falta do meu pai, mesmo sabendo que ele era um monstro. Sentia raiva dele por todo o mal que causou a mim e a minha mãe. Sentia medo, sem saber se ele voltaria um dia. Nunca superei essa dor, mas também nunca fui capaz de abrir meu coração para ninguém. Guardei tudo dentro de mim, como uma ferida que nunca cicatriza. Me fechei para o mundo, para o amor, para a felicidade.

— Você tinha a nós! Por que não nos contou nada? Sempre achei que amigos estivessem aqui para compartilhar essas coisas — falei, olhando para ele enquanto seus olhos se fechavam lentamente. — Olha para mim, Hunter! Hunter, não! Você não pode partir agora, eu preciso de você, droga!

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora