Forever Us (Jemma)

Capítulo 36

Pov Jenna

Eu jamais poderia imaginar que estaria frente a frente com meu pai tão cedo. Não era algo que eu desejasse. Não queria encarar o rosto daquele homem que me traiu de forma tão cruel. Ele tomou minha empresa, minha paixão, em um ato covarde. Levou tudo o que eu havia construído com tanto esforço e dedicação.

Eu não queria ouvir sua voz, que sempre me repreendeu por não seguir seus passos. Ele nunca aceitou que eu fosse diferente, que eu tivesse meus próprios sonhos e objetivos. Nunca se orgulhou de mim, mesmo quando me formei em administração.

Eu não queria saber o que ele tinha a dizer, depois de tanto tempo sem contato. Desde que minha mãe se divorciou dele, cortei qualquer ligação. Não queria mais fazer parte daquela vida. Só desejava seguir meu caminho, longe dele e de tudo que ele representava.

Mas ele insistiu tanto, mandou inúmeras mensagens, fez várias ligações, que acabei cedendo. Talvez fosse curiosidade, talvez a esperança de uma reconciliação, talvez a culpa de ser uma filha ingrata. Não sei ao certo. Só sei que aceitei seu convite para ir até sua empresa e ouvir o que ele tinha a contar.

— O que você quer de mim, Vince? — perguntei, sem expressão alguma no rosto.

— Sente-se primeiro — ele propôs, fazendo um gesto.

— O que você quer? — minha impaciência já era evidente.

— É sobre os negócios da família, Jenna — ele suspirou e olhou profundamente em meus olhos — Acho que está na hora de você saber tudo.

— Tudo sobre o quê?

— Tudo sobre nossa família — ele falou com firmeza, demonstrando nervosismo — Quero que me escute sem interromper, e depois poderá fazer suas perguntas, entendeu? — concordei, enquanto ele servia um pouco de whisky em um copo e começava a beber.

— Há muito tempo, conheci o que pensei ser o amor da minha vida — ele riu e deu um gole em seu whisky — Mas esse amor me levou a perder tudo. Meu melhor amigo, a confiança do meu pai, a confiança da minha família e tudo ao meu redor. Tive que me mudar para outro país por anos, para tentar esquecer.

— Mas o que aconteceu foi que me apaixonei pela namorada do meu melhor amigo — ele deu mais um gole em seu whisky e respirou fundo — Fiz de tudo para evitar esse sentimento, mas foi em vão. Tudo o que fiz para tentar controlar meu desejo de tê-la destruiu minha vida. Comecei a ficar doente, queria aquela mulher a qualquer custo. Mas mesmo assim, me segurei para não fazer nada de errado, pensando no meu melhor amigo, que também era loucamente apaixonado por ela. Mas eu só queria um motivo para esquecê-la de vez — ele fez uma pausa, como se buscasse forças para continuar a conversa.

— Um dia, meu amigo me disse que iria pedi-la em casamento, e foi nesse momento que entendi que não poderia mais tê-la. Faltava pouco para o fim das aulas na universidade. Pensei: "Eu posso suportar até lá, haverá apenas o baile de formatura, e então poderei ir embora e esquecê-la. Conhecerei outras mulheres que me interessam" — ele riu e bebeu mais um gole de sua bebida.

— Mas no baile de formatura, acabei bebendo demais e a convidei para dançar enquanto meu melhor amigo foi buscar bebidas. Ela aceitou, mas eu a beijei contra sua vontade, e meu amigo acabou nos vendo, pois ela me empurrou. Naquela noite, ele me bateu tanto e, mesmo tendo a oportunidade de revidar, não o fiz, pois sabia que merecia aquilo. Traí sua confiança, tentei beijar sua noiva — ele fez outra pausa para encher seu copo com mais bebida.

— Eu só queria sair daquele lugar, então liguei para meu pai pedindo que o motorista me buscasse. Arrumei minhas coisas e parti. No caminho, encontrei meu amigo, que ainda estava furioso. Ele queria me agredir, mas o avisei para não continuar. Começou a chover, parecia cena de filme. Coloquei minha mochila nas costas e segui meu caminho. Meu motorista já estava lá me esperando, prestes a entrar no carro, quando ouvi meu amigo me chamando novamente, dizendo que eu era covarde por estar indo embora sem dar explicações sobre o que aconteceu no baile. Ele veio para me agredir, mas meu segurança o segurou. Foi então que peguei a pistola de sua cintura e, movido pelo pânico, atirei em meu melhor amigo. Juro que não queria ter feito aquilo, foi apenas o medo falando mais alto — suas mãos tremiam e seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas sua postura permanecia a mesma.