Capítulo 33

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Pov Jenna

Eu ainda estou tentando compreender o que ocorreu há alguns minutos atrás. Como isso foi possível? Não poderia ter sido intencional, certo? Ok, Jenna, pare de ponderar sobre isso. Talvez tenha sido apenas um desejo passageiro. Mas a verdade é que eu não sei como as coisas vão se desenrolar quando nos encontrarmos novamente. Lembro-me vividamente do que aconteceu da última vez e a forma como ela saiu da minha sala após o incidente me deixou perplexa. Era como se nada tivesse acontecido. Ela está tão diferente do que era antes. Não que eu esperasse algo diferente dela, mas ela realmente mudou.

Preciso concentrar-me no meu trabalho e deixar de lado os pensamentos sobre aquela mulher que me enlouquecem. Na verdade, tudo tem me deixado louca ultimamente. Estou lidando com tantas questões: minha família, meu trabalho e Emma, que não sai da minha mente. Sei que cometi erros no passado, mas não consigo compreender qual foi o erro tão grave que fez com que a família dela não aceitasse nosso relacionamento. Não pode ser apenas porque o pai dela não gosta do meu, certo? Isso não faz sentido. Todos os dias me arrependo de não ter dado uma chance para nós e de tê-la deixado partir, ter um filho com outro homem, um homem que sequer se importa com o próprio filho. Ethan é um menino tão educado e inteligente, e ele merece todo o amor do mundo. Emma já o proporciona isso, mas como alguém pode não querer estar presente na vida desses dois? Não sei quem foi esse idiota, mas certamente eu não os deixaria sozinhos em momento algum.

Desejaria muito ter um relacionamento com ela, mas também entendo o lado dela de não querer decepcionar sua família. Já passei por isso muitas vezes, tive que abrir mão de muitas coisas para não decepcionar meu pai. Por isso, não quero pressioná-la com a ideia de um relacionamento. Além disso, há um rapaz que é apaixonado por ela, e talvez ele possa conquistá-la. Eu ficaria em segundo plano, especialmente se a família dela gostar dele. No entanto, a opinião dela é o que mais importa para mim.

Ouvi um leve toque na porta e murmurei um "pode entrar". Logo em seguida, Agatha entrou na sala segurando uma pasta em suas mãos, com sua expressão séria de sempre, e caminhou em minha direção para me entregar a pasta.

— Esse menino é realmente muito inteligente para uma criança de dois anos e meio — ela disse, suavizando sua expressão.

— Eu sei — respondi com um sorriso, lembrando-me de Ethan.

— Ele realmente se parece muito com você. Tem a sua inteligência e simpatia, as mesmas covinhas quando ri e os mesmos gostos. Ele é realmente seu filho — desviei meu olhar dos documentos e olhei para Agatha.

— Ele não é meu filho, Srta. Agatha — ela me olhou confusa.

— Como assim? Ele é a sua cara — fiquei sem jeito e não sabia o que dizer. Estava tão confusa quanto Agatha.

— Deixe disso, ele não se parece comigo. Ele não é meu filho, ele é da Srta. Myers, aquela que estava com ele mais cedo hoje.

— Nossa, eu jurava que ele era seu filho. Além disso, ele não se parece com a Srta. Myers.

— Agatha, você está enganada hoje. Por favor, volte ao seu trabalho e me deixe em paz — falei, terminando de ler o documento.

— O que aconteceu com você hoje? — ela perguntou, sem entender.

— Se você não quiser ir até o RH, por favor, saia da minha frente agora — respondi calmamente, girando a caneta entre meus dedos.

— Nossa, Jenna, você ficou de mau humor do nada — ela disse, saindo da minha sala logo em seguida. Dei uma risada fraca e retornei ao meu trabalho.

Passei toda a manhã trabalhando em documentos importantes. Saí da escola às cinco horas, quando já não havia mais ninguém lá. Fui para casa apenas para tomar um banho rápido e depois visitar minha mãe e minha irmã. Estacionei o carro em frente à casa delas e caminhei até a porta, tocando a campainha. Minha irmã logo apareceu. Ela estava vestindo uma calça e um moletom cinza, com meias brancas nos pés.

— Jenna, que alegria te ver! — ela me abraçou com força.

— Eu também — retribuí o abraço e entrei na casa, fechando a porta atrás de mim — Cadê a mamãe?

— Ela está no escritório, trabalhando — Aliyah disse, deitando-se no sofá e pegando o celular do bolso.

— Hum, trabalhando — murmurei para mim mesma.

— O que te trouxe aqui, maninha? — Aliyah perguntou, mexendo no celular.

— Ora, eu não posso mais visitar minha família? — brinquei com ela.

— Claro que pode.

— Então está bom, sua chata — falei, levantando-me e indo em direção ao escritório da minha mãe — Olá — falei, abrindo a porta do escritório. Ela levantou os olhos dos papéis que estava assinando e me olhou.

— Filha, que bom ver você — ela tirou os óculos de leitura e me deu um sorriso largo.

— Eu estava com saudades — fui até ela e dei um beijo em sua testa.

— Como estão as coisas com você?

— Eu diria que bem — nós duas rimos.

— Que bom ouvir isso. Sente-se — ela disse, e eu me sentei em uma cadeira em frente a ela.

— É bom ver a senhora trabalhando novamente e fazendo o que gosta — falei com um sorriso bobo nos lábios — Fico muito feliz em ver isso.

— Sinto que me privei de muitas coisas desde que estava casada com o seu pai — ela suspirou e encostou as costas na cadeira. — Ser mãe foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu não sei o que seria de mim sem vocês. Mas se eu tivesse que voltar no tempo, eu voltaria só para não deixar você sofrer tanto com seu pai. Sinto que não fiz meu papel de mãe corretamente. — Eu neguei com a cabeça e mordi meus lábios.

— Mãe, eu quero que pare de pensar que não foi uma boa mãe para mim e meus irmãos. A senhora não tem culpa se o Vince não foi um bom pai. A quem queremos enganar? A senhora ainda o ama, mas abriu mão desse amor por nós. Como pode dizer que não foi uma boa mãe? — Passei a mão em meus olhos e me levantei, indo em sua direção. — Eu amo você, Srta. Natalie Ortega, você é a melhor mãe que nós três poderíamos ter. — Dei um abraço apertado nela, que logo retribuiu.

— Eu tenho tanto orgulho de você, Jenna.

— Eu sei que tem.

— Bom, vamos parar de chorar e ficar juntas com o resto da família — ela falou, levantando-se.

— O Joe e o Kit vão vir aqui hoje? — falei, saindo do escritório junto com minha mãe.

— Sim, eles já devem ter chegado.

— Vovó Natalie! Tia Jen! — uma voz infantil foi ouvida por nós, e logo Ravi apareceu em nossa frente.

— Meu pequeno — mamãe o pegou no colo e o abraçou.

— Como você está, garotão? — falei, bagunçando seus cabelos.

— Bem, tia Jen, vamos brincar?

— Claro, garotão — peguei-o do colo da minha mãe e fui em direção à sala. — Olha só o aviãozinho família Ortega — falei, colocando-o na posição de um avião. Ele abriu os braços, e eu o levei até a sala, fazendo os outros rirem com nossa brincadeira.

Minha mãe me convidou para passar a noite em sua casa e dormir junto com a família. Aceitei o convite sem hesitar. A tarde foi muito divertida ao lado de Ravi. Também conversei com Joe e Kit de vez em quando. Aliyah estava ocupada estudando para uma prova da faculdade e só apareceu na hora do jantar.

Já no quarto, ouvi alguém bater na porta. Respondi "pode entrar" e vi que era Joe.

— Oi, maninha — ele disse.

— Oi, Joe. Aconteceu algo? — perguntei, notando que ele entrou e fechou a porta atrás de si.

— Não, nada demais. Só queria conversar com você — ele sorriu e se aproximou da cama.

— Claro — respondi. Ele se deitou ao meu lado e se cobriu com o edredom. — Você quer me contar algo, Joe? — senti sua respiração ofegante.

— É o Kit, ele está diferente.

— Diferente? Como assim?

— Ele me olha com tristeza nos olhos, e faz o mesmo com nosso filho. Só pensa em trabalhar, não dá atenção para o Ravi nem para mim. Chega tarde em casa, às vezes bêbado — Joe desabafou com a voz embargada, lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Você já tentou conversar com ele? — perguntei, olhando para meu irmão enquanto ele enxugava as lágrimas com as mãos.

— Já pensei nisso, mas toda vez que planejo falar com ele, ele não está em casa. Sai cedo ou volta tarde, nunca para. Vou acabar ficando louco — voltou a chorar e o abracei.

— Tenha calma, Joe. Por que não aproveita que ele está aqui hoje sem compromissos e tenta conversar? — ele me olhou com os olhos vermelhos.

— Você está certa. Se algo está acontecendo, vou descobrir hoje — levantou-se da cama e foi em direção à porta.

— Vá com calma, Joe. Não force as coisas, apenas tente entender o que está acontecendo — ele assentiu e saiu do quarto.

O que eu poderia dizer ao meu irmão? Que seu marido está traindo-o? Sinceramente, espero que não seja isso, mas os fatos indicam que sim. No entanto, vou esperar que Joe converse com Kit antes de tomar qualquer atitude drástica.

(...)

Ai ai esse Kit

Forever Us (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora