Segundo dia

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Luzes brancas iluminavam um imenso corredor com paredes da mesma cor, cadeiras pretas, pessoas caminhando com roupas azuis e toca no cabelo, máscara e bandejas com medicamentos, e entravam em quartos perfeitamente ordenados, e em um deles estava S/N com o olhar vazio, vidrando suas atenções em algo qualquer do quarto do hospital para onde havia sido levada, após ser resgatada das mãos de seu ex-noivo.

A mulher parecia perdida e desconectada do mundo real, enquanto algumas enfermeiras faziam exames para constatar abuso sexual. E quando viam, a mesma deixava escorrer algumas lágrimas, mas com o rosto sem expressão.

- Eu sei que não é fácil - fala uma das mulheres - Mas vamos fazer de tudo para que esse homem pague pelo que fez!

- Sim! Se ele tocou em você, ele merece ser preso, S/N! - afirma outra enfermeira em francês.

S/N apenas ouvia, mas sua mente estava nos momentos em que passou nas mãos de Roberth e em uma cabana abandonada em meio a uma floresta na capital francesa. Além de lembrar das correntes em seus tornozelos e a chegada da polícia, horas depois do mesmo fugir e a deixar, como se soubesse que ela seria salva, mas deixando bem claro que jamais sairia de sua mente.

As enfermeiras terminaram, e antes de saírem, olharam pela última vez para S/N que continuava da mesma forma, cortando o coração de cada uma em imaginar o pesadelo passado pela mesma. Então quando abriram a porta, viram Adele sentada com o olhar fixo no teto e imediatamente as olhou.

- Como ela tá?

- Distante! - fala uma das mulheres.

- Posso vê-la?

- Claro!

Adele começou a caminhar a passos lentos, esperando uma das enfermeiras abrir a porta que levava ao quarto em que S/N estava, e assim que a viu, ligada a aparelhos, olhando para a janela com o rosto bastante machucado e o brilho das lágrimas escorrendo de seus olhos. Sentiu um aperto tão grande em seu peito, como se uma parede de concreto caísse sobre ele, e levou as duas mãos aos lábios e ouvindo o exato momento em que a porta atrás dela se fechou.

A cantora mundialmente conhecida, agora caminhava até a cama em que S/N estava percebendo a mesma tão distante que não notava sua aproximação. Então aproveitou o pequeno espaço existente na cama e se deitou ao lado da mesma, vendo quando sua namorada virou e a abraçou, além de se encolher como conseguiu em seus braços e dizer:

- Não me deixa sozinha.

- Jamais! - falou Adele com a voz embargada e envolvendo S/N em seus braços para protegê-la do mundo se necessário - Eu estou aqui, meu amor! Não vou sair daqui!

S/N conseguia sentir o perfume agradável de Adele a invadindo as narinas, e isso lhe trouxe um sorriso, pois amava o cheiro da mulher em sua frente, e apenas ele era capaz de acelerar seu coração. Então se afastou e a olhou nos olhos, percebendo o quanto parecia ainda mais lindo em sua tonalidade esverdeada e clara, além dos lábios carnudos e o rosto angelical, mesmo sem nenhuma maquiagem e ao natural.

Adele percebeu sua namorada a olhando e sorrindo, e ficou feliz por trazer um pouco a alegria de S/N, mesmo que por poucos segundos. Então a depositou um beijo rápido e a mesma voltou a abraçá-la e depois de alguns minutos, ambas adormeceram ali, na cama do hospital.

Os primeiros raios de sol brilhavam por trás dos prédios e bosques existentes no centro da Cidade Luz, e assim que abriu os olhos lentamente, Adele viu S/N adormecida em sua frente e serena, como se o dia anterior estivesse sendo esquecido aos poucos. E nunca agradeceu tanto por ela não ter um pesadelo com Roberth, pois isso seria uma tortura para a mesma, ter que ficar sonhando e relembrando do homem que a manteve presa em uma cabana por 5 dias, fazendo coisas que apenas ela sabia e passou.

Eu sinto você! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora