Eu sinto você! - Vol. 2

Noite

Ruídos quebravam o vento, batidas ecoavam do segundo andar, vozes contavam histórias e momentos vividos, enquanto no centro de uma enorme sala em cor clara, os olhos verdes de Adele se abriram e buscavam por um som em particular: S/N, que lhe olhava e sorria, avisando estar cansada e que iria se recolher, mas antes tomaria uma ducha fria e se a cantora inglesa preferisse, iria lhe esperar.

Os passos avisavam que a mulher estava se afastando, mas na sala, Adele olhou para o celular sobre a mesa de vidro em sua frente, agarrando-o e vendo às horas: 00h40.

Adele não conseguia parar seus pensamentos no que aconteceu enquanto estava no banheiro com Roberth, e isso lhe dava forças para continuar e fazer algo que o fizesse se afastar, mas ao mesmo tempo pensava no que Florence havia lhe dito sobre saber a respeito do homem e se arriscar para tentar conseguir uma confissão, mesmo que essas palavras não viessem diretamente dos lábios da cantora de longos fios ruivos, mas era o que ela deixava a entender. E isso poderia ser muito perigoso.

Os sons da água caindo do lado de fora da casa, ecoam e são fortes o suficiente para que entrassem e acalmassem a tempestade existente em Adele, que olhando pela janela teve uma ideia extremamente arriscada, mas precisava tentar ou esse pesadelo jamais teria fim.

Longe ali e olhando para as estrelas, enquanto as gotas caiam na areia, levantando um agradável cheiro de natureza, Florence sentia mãos masculinas em sua cintura, lhe abraçando e criando um carinho que saia do meio dos seios e seguia para baixo, trazendo arrepios e sorrisos automáticos às carícias de Fernando, que a virou, beijando-a intensamente e a carregando no colo em direção ao sofá de um apartamento luxuoso no coração de Londres.

O espaço alugado pelo homem, e anunciado como sua moradia, era uma bela farsa para continuar seu plano de conquistar os sentimentos de Florence, mas no fundo ele não sabia que tudo não passava de um plano da própria Florence por uma razão que ele não poderia e nem imaginava saber.

Os beijos intensos levavam o ar de ambos, e quando se afastaram ele a jogou sobre a cama, começando um caminho de beijo que se iniciava nos pés e subia entre as pernas, fazendo-a fechar os olhos e sorrir com o que poderia e iria acontecer.

Roberth queria possuí-la como a única coisa que tivesse o direito de ter. E por mais que seus sentimentos pela mulher em sua frente fossem fortes, seu plano para se vingar de S/N pela vergonha de o trocar por uma mulher, era forte o suficiente para que tudo se tornasse passatempo em suas mãos, até uma noite de sexo com alguém que de nada tinha haver com o que ele queria

Os beijos mais intensos anunciavam o que iria acontecer a seguir, e a noite fria chegava com toda sua força, fazendo as horas passarem e os minutos parecerem eternidade para ambos.

Adele caminhava pelo chão frio da casa de show onde se apresentava, usando um vestido preto e justo em seu corpo, decotado e rendado, fios perfeitamente alinhados em um rabo de cavalo, maquiagem perfeita e sozinha na escuridão, que só não estava total devido a um raio de luz que a ilumina, trazendo um ar de mistério e sensualidade para alguém que não deveria estar alí às 2h da madruga de Londres.

Ela sentiu a escuridão a abraçando em uma confortável amizade ao caminhar ainda mais em meio a tudo, vendo o piano em silêncio e o som da própria respiração, já que estar ali sem ser em um dia de show, era enlouquecedor.

Seus passos discretos ecoavam com o som do salto, e depois de fechar os olhos, respirar e ter certeza de que iria fazer a coisa certa, ela ouve uma das portas do teatro se abrir, quebrando o silêncio e a escuridão do espaço, além do som de passos ecoando e um homem se aproximando, usando roupas sociais e escuras, mas ganhando nitidez ao ficar em frente ao palco central, sentar em uma das cadeiras e dizer:

- Estou aqui!

Adele sorriu, caminhando em direção a ele e chegando bem na ponta do local, se ajoelhou e sussurrou:

- Bem-vindo.

- Por que está fazendo isso, Adele?

- Porque precisamos acabar com isso.

A mulher de intensos fios dourados e rosto angelical, levantou-se, arrumando a postura e virando, caminhou lentamente até o meio do palco, virando novamente e sorrindo para os olhos que a admiravam dos pés à cabeça sem pudor, enquanto ela erguia o microfone e sussurra:

- Era isso que você sempre queria, não era?

O homem se levanta, começando a caminhar em direção a um pequeno lance de escadas e subindo cada um dos degraus sem medo de cair devido a pouca luz, e quando chegou em frente a cantora, notou o quão linda estava e o quão atraente ela conseguia ser com o passar dos dias, ainda mais em um local abraçado pelo mistério e usando um vestido que marcava suas curvas definidas.

Cada centímetro e detalhes de Adele faziam com que os olhos do mesmo se perdessem e ao ver o sorriso se desenhando nos lábios carnudos e pintados de uma cor discreta, ele a puxou com força pela cintura, colando seu corpo ao dela e sussurrando:

- Você pode se dar muito mal!

- Eu sei!

Adele sentiu os fios longos serem puxados levemente para trás, e seus lábios invadidos pelo beijo intenso do homem em sua frente, que a empurrou em direção ao piano de caldas e a travou ali, esquecendo que estavam em meio a um teatro e que poderiam ser vistos.

Uma das mãos do mesmo caminha até uma das coxas de Adele, enquanto os lábios desciam até a curva de seu pescoço, e nesse deslize de atenção, a mulher desliza os dedos para uma parte oca do piano, sentindo o material frio do aço e o segurando firme, mas abrindo os lábios em um perfeito Ô ao sentir uma mordida leve, aguçando ainda mais a atração do mesmo perante ela, mas tudo acaba ao olhá-lo nos olhos e ver o medo, enquanto em seus lábios o sorriso se desenhava:

- Você é ridículo, Roberth! - aponta o revólver 38 em direção a testa do homem, que não se move - Você nunca vai me ter - sussurra de forma provocante - Você não sabe do que eu sou capaz!

Roberth a olha, percebendo que a arma estava destravada, então tenta se afastar, mas um enorme som ecoa, fazendo o homem fechar os olhos com força e os abrir segundos depois, encontrando os fios ruivos o abraçando e Florence dormindo profundamente.

A pele do homem estava pingando de suor e ele respirava de forma acelerada, enquanto a quilômetros dali, Adele dormia abraçada a S/N, que lhe envolvia de forma carinhosa e a apertava, fazendo-lhe cafuné e deslizando a ponta dos dedos nas costas nuas de Adele, que respirava calmamente e dormia sem pensar no mundo atrás das paredes de sua casa.