Tudo vira arma

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A penumbra abraçava cada pequeno detalhe. Olhares focam sua atenção a um palco iluminado por uma franca e azulada luz vinda do teto, como se estivesse se teletransportando de outra dimensão, enquanto iluminava o que pouco se conseguia ver de uma mulher extremamente branca, usando um vestido preto rendado e longo, mas que mostrava uma parte das longas pernas e braços, os fios ruivos e longos se destacam entre a escuridão que tomava e devido ao azul da luz. Não era possível ver a cor dos olhos, mas Roberth conseguia perceber que a mulher possuía seu ar de mistério e, acima de tudo, poderia lhe fazer chegar em Adele, já que eram do mesmo ramo de trabalho. Cantoras mundialmente conhecidas.

No palco, a voz grave e forte e coava de uma mulher, aparentemente dócil e meiga, mas que cantava:

"I'm not bad, I'm not good
I drank every sky that I could
Made myself mythical, tried to be real
Saw the future in the face of a

Daffodil 4x

You practice resurrection every night
Raising the dead under the moonlight
And in the gloaming, I start to cry
You're a perfect pearl hung in the sky

There is no bad, there is no good
I drank all the blood that I could
Made myself mythical, tried to be real
Saw the future in the face of a..."

Cada palavra parecia estar sendo lançada para ele e seus atores errôneos, assim que a mulher fala: "There is no bad, there is no good. I drank all the blood that I could. Made myself mythical, tried to be real", e isso lhe fazia lembrar do que havia feito a S/N, e como se arrependia por não ter continuado, até fazê-la ter voltado ao seu lado.

A voz forte ecoava, em alguns momentos, como um sussurro de provocação, que para o homem bem vestido, estava sendo direcionada a ele. Então começa sua caminhada lentamente em direção ao enorme palco, parando ao ouvir os tambores acelerados e a mulher cantando repetidamente: Daffodil, tradução: Narciso.

O fim da apresentação da banda Florence and the Machine, aconteceu com sua vocalista Florence Welch, olhando para a plateia e pondo uma das pernas para frente, em um ato sensual e misterioso, e não sabendo que em sua frente estava um homem procurado pela polícia inglesa, e muito menos que ele possuía envolvimento com a cantora Adele. Uma mulher que havia visto apenas uma ou duas vezes em eventos, nada além disso.

Mas para Roberth, Florence poderia lhe fazer chegar em Adele.

Como? Ele não sabia!

Mas ela iria lhe fazer esse favor, além de unir o útil ao agradável. Que na mente do homem, poderia ser muitas coisas.

O show de quase 40 minutos, teve seu fim e assim que saiu do palco, completamente descalça e extremamente feliz, a mulher de longas madeixas ruivas parabenizou a equipe, além de comemorar mais uma vitória, mas assim que estava saindo e seguindo para seu camarim, trocar de roupa e seguir para casa, parou ao esbarrar em alguém e, imediatamente, pedir desculpas ao desconhecido.

- Desculpe? - fala com uma voz fina e quase impossível de se ouvir devido aos ruídos, além do rosto corado devido a timidez.

- Tudo bem! - sorri Roberth - Eu que estou no lugar errado, eu acho - sorri, olhando ao redor e percebendo a mulher o olhando - A saída não é por aqui, não é?

Florence, uma mistura de emoções no palco, mas quieta fora dele, e quase impossível de se ver falando algo. Apenas olhou para Roberth com um sorriso e negando.

- A saída é no outro lado do teatro - sorri, percebendo o homem a olhando.

- Obrigado - sorri, fixando os olhos de lente azul, em Florence, percebendo serem verdes, porém mais claros que o de Adele, mas não menos atraentes e belos como duas esmeraldas, além da pele branca e rosto com traços fortes.

- Com licença? - fala, ao notar que o homem não parava de lhe olhar - Pode pedir ajuda a um segurança - sorri e dá as costas para Roberth, que se mantém no mesmo lugar apenas observando a mulher se afastar a passos lentos e animados.

Os minutos se passaram e Florence trocava de roupa. Retirando o vestido da Gucci preto e rendado, e pondo outro Gucci cor de salmão e longo, além de manter as madeixas soltas e ouvir uma batida na porta.

O som lhe assustou, mas abriu e se deparou com o mesmo homem: Roberth, que parecia nervoso, enquanto a mulher estava visivelmente aflita em estar ali na frente de alguém, que não sabia nem o nome.

- Eu sei! Eu não deveria estar aqui, mas...- mantém o nervosismo - Eu assisti seu show e, sou um fã seu. Porém quando lhe vi, fiquei sem reação. Mas eu estava indo pedir uma foto ou um autografo. - abaixa o olhar, demonstrando timidez.

Florence apenas sorriu da forma meiga que o homem estava falando, então diz:

- Tudo bem! Podemos bater uma selfie e lhe dou um autógrafo - sorri ao vê-lo sorrindo - Onde eu assino?

- Pode ser aqui! - ergueu o braço, levantando a manga e deixando em evidência a pele lisa e sem marcas - Tome! - entrega uma caneta permanente preta.

A mulher alta, mas não tanto quanto Roberth, pegou o objeto, olhando para o mesmo e perguntando seu nome e recebendo como resposta:

- Fernando Waller - a olha sem piscar ao perceber a mesma começando a escrever em sua pele o falso nome.

Cada passada da ponta do objeto, lhe causava arrepios, e quando a mulher de olhos verdes e madeixas ruivas finalizou, ergueu o olhar com um sorriso no rosto e entregando a caneta, além de agradecer os elogios e pedir licença. Saindo e seguindo por um corredor, sem olhar para trás e sumindo ao sair por uma enorme porta.

Roberth sabia que Florence Welch, por alguma razão, lhe seria muito útil para se aproximar de Adele, mas acima de tudo de S/N. Pois, chegando na cantora britânica de intensa beleza, ele conseguiria o que tanto queria: sua esposa de volta.

O homem olhou para o autógrafo em seu braço, rindo e relembrando o sorriso da mulher e seu olhar, querendo ainda mais estar em todos os pequenos lugares que ela. Poder receber mais sorriso e ouvir a voz grave lhe chamando de Narciso.

A mente de Roberth estava completamente tomada por pensamentos de posse e controle, vontade de fazer o medo e ter o que, agora ele achava necessário e obrigatório. Ele não estava mais aceitando não como resposta, e muito menos iria perder para, na mente doentia de um louco, Adele. Uma mulher que poderia facilmente ser domada, assim como S/N.

O homem vivia e respirava para ter seus pensamentos realizados. E alguém que não possui nada haver com todo o caos que o mesmo havia causado, poderia ser uma peça importante para uma jogada de xadrez, que apenas Roberth fazia as regras.

Sabendo ele que Adele não iria deixar impune o que o homem havia feito com sua namorada, e muito menos a ameaça ao seu filho.

Adele caminhava pelo jardim de sua mansão com os braços cruzados, olhando a noite estrelada e sentindo braços a abraçando por trás, além de lábios tocando em seu pescoço.

Era uma sensação de impotência que a tomava, como se tudo ao seu redor, não fosse capaz de parar um maluco e doente, enquanto ele continuava solto e vivendo com o dinheiro que S/N demorou anos para conseguir.

A mulher de intensos olhos verdes e madeixas douradas, virou, ainda nos braços de S/N, olhando em seus olhos e dizendo:

- Eu vou voltar aos palcos! - sorri.

- Sério? - demonstra o misto de alegria com apreensão - Você não está fazendo isso, por causa dele, está?

- Sim! - vê a mulher se afastando - Se ele quer brincar! Ele vai brincar!

- Adele, pelo amor de Deus!! - a encara.

- Ninguém ameaça meu filho, e muito menos a mulher que eu amo! Eu vou fazer esse cara ser preso, ou eu não vou conseguir ficar em paz! - dá as costas para S/N.

- Meu amor??

- Não adianta! Eu vou!

Eu sinto você! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora