Eu sinto você! - Vol. 2

Raio do sol

O vento da noite atravessava as cortinas de seda existentes nos aposentos de Adele, que deitada nos braços de S/N dormia profundamente acalentada pela mulher que um dia optou por não querer em sua vida.

A cantora inglesa, conhecida não apenas pela voz, mas pela beleza única e humor, buscava paz naquele abraço e sempre que o conseguia, se sentia ainda mais amada por sua, agora futura esposa, enquanto S/N a observava dormir, pois não conseguia fechar os olhos e fazer o mesmo, mas a razão ela desconhecia.

Seria insônia ou emoção ao imaginar Adele entrando ao seu lado na igreja e ambas trajando um vestido de noiva? Porque elas não iriam se casar de forma tradicional, mas quebrando todas as regras e demonstrando que a felicidade está no amor e não na aparência.

O corpo de Adele se movimentou e se aconchegou ainda mais na Artista Plástica, que via as horas passando pelas enormes janelas do quarto, onde cada estrela se somava com algumas gotas de água que teimavam em cair em plena madrugada.

O som do silêncio era maioria e aos poucos o sol foi nascendo por detrás das árvores e Adele, visivelmente descansada, abria os olhos lentamente, encontrando S/N acordada mais sendo vencida pelo sono e adormecendo ao seu lado, com uma camisa longa e lingerie.

A cena foi meiga o suficiente para que a cantora se afastasse com lentidão, apenas para não acordá-la, porque era visível que ela havia passado a madrugada inteira velando seu sono, e quando o momento fosse propício para perguntar a razão, Adele o iria fazer.

- Só um pouco e... - se afasto, vendo-a apagada - Bom dia, meu amor.

A mulher, que na noite anterior não se preocupou com nada ao subir as escadas, saia da cama usando apenas uma lingerie preta e fios bagunçados, maquiagem tirada e rosto levemente inchado, começando a caminhar até o banheiro de paredes brancas e mármore negro, fazendo sua higiene diurna e saindo enrolada em um roupão branco, vendo S/N apagada na cama e abraçando o travesseiro.

A cena estava tão linda que Adele caminhou lentamente até o móvel, subindo sem fazer tanto movimento e sussurrando no ouvido da outra mulher:

- Eu te amo!

S/N se movimentou, mas o cansaço e a noite não dormida lhe fez voltar a dormir e agarrar ainda mais o travesseiro enquanto a cantora saia da cama e segundos depois do quarto.

A enorme escadaria levaram Adele ao primeiro andar, mas antes ela passou no quarto de seu filho, o vendo dormir lindamente para acordá-lo. Então seguiu até a cozinha para preparar um café da manhã para suas duas pessoas favoritas.

As panelas lhe ajudaram em muitas coisas, e depois de quase 1h, ela ouviu os primeiros passos na escada, vendo S/N estranhando a mesa feita e a cantora de pé, sorrindo em sua direção e segurando um prato com frutas.

- Bom... Dia... - se aproxima, recebendo um beijo.

- Bom dia, vamos tomar café?

- Você fez isso tudo?

- Claro! - se afasta, caminhando até Ângelo - Oi meu amor.

Ângelo caminhava com os olhos focados no chão devido ao sono, e assim que Adele se aproximou o carregou, recebendo um abraço e percebendo que ele havia voltado a fechar os olhos.

- Vamos tomar café? - o vê resmungando - Oh, meu amor. Foi eu quem fez, vamos?

Os olhos pequenos e inchados encontraram os verdes e hipnotizantes da mãe, mas segundos depois voltou a afundar o rosto entre a cintura de seu pescoço e resmungar.

- Então a mamãe vai trabalhar com fome, não é amor?

S/N se manifestou, percebendo Adele concordar e Ângelo negar.

- Ela vai cantar e dançar, e sabemos como a mamãe é, não é Ângelo?

- Vai deixar a mamãe passar mal?

- Não! - sussurra ele.

- Então, vamos tomar café?

- Tá!

S/N e Adele comemoraram em silêncio essa conquista, e segundos depois a cantora estava com o menino sentada em seu colo enquanto a artista Plástica arrumava as guloseimas, mas ele optou por ir para outra cadeira, com a alegação de que era um homem grande para comer no colo da mãe.

Ambas se olharam e confirmaram, sendo S/N a única a falar:

- Estamos diante do homem da casa?

- Sim! - afirma Ângelo, enquanto Adele faz um bico engraçado.

- O protetor da mamãe, não é meu amor?

- Sim!! - fala convicto - Ninguém mexe com a minha mãe!

- Ah, e eu? Podem mexer comigo então?

- Não, com você também não!

S/N se glorifica com as palavras do menino direcionadas a ela, e percebe que o assunto estava o fazendo se alimentar, então continuou até que ele acabasse e Adele agradecesse.