Sons

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O assobiar do vento soprando, ecoava pela mansão escura e silenciosa, enquanto as gotas caiam do lado de fora e traziam o frescor de uma noite chuvosa, fria e propícia para um encontro romântico. Mas o que deveria ser algo lindo e carinhoso em frente a uma lareira e tomando chocolate quente, era tomado pelo cansaço extremo em Adele e S/N, que juntas dormiam abraçadas e sem pensar em nada.

Adele se envolve ainda mais nos braços de sua namorada, enquanto S/N se arrumava para ficar em uma posição confortável na big cama da suite master da mansão.

Ambas dormem profundamente e nem percebem a penumbra as abraçando por longos minutos, até Adele despertar ao pensar ouvir algo batendo na janela do quarto, olhando em direção ao vidro e encontrando a um galho sendo balançado pelo vento forte, e ouvindo o som das gotas de água no telhado.

Seus olhos confusos buscavam algo ao redor, mas ela parou ao ouvir a respiração de S/N em seu pescoço e perceber a mesma dormindo profundamente, além de estar a envolvendo em seus braços como proteção.

- Que susto - sussurra, começando a se arrumar para voltar a dormir.

Outro som ecoa, mas o mesmo vinha da cozinha da mansão, e nesse momento a cantora ergue a cabeça, franzindo a sobrancelha e sentando, com suas atenções fixas na porta, buscando algo de anormal, porém o som ecoou mais uma vez, fazendo-a se afastar e sair do móvel, sentir o chão frio e caminhar até a mesma, abrir a porta com calma e ouvir panelas zoando no andar inferior.

- Que mer... - se cala ao ouvir novamente o som - Tem alguém aí?

Adele caminhou em direção as escadas, descendo degrau por degrau, sendo abraçada pela penumbra e seguindo até a imensa cozinha, acendendo as luzes e encontrando o vazio, mas as panelas viradas sobre o balcão de mármore, além de as persianas abertas e deixando o vento forte entrar forte, derrubando os talheres sobre a pia e a fazendo rir.

- Fantasma, Adele? Fantasma? - riu, caminhando até a janela e a fechando, voltando e agarrando um copo de vidro para beber água, a fim de voltar em direcão ao quarto e dormir, mas algo lhe chamou a atenção enquanto caminhava.

Adele conseguiu ver nítida pegadas no chão frio e feitas com lama e areia, e nesse momento parou e olhou ao redor, não encontrando nada de anormal, a não ser a voz de S/N ecoando pelo espaço e a buscando na cozinha.

- Tudo bem?

- Sim! - sorri, escondendo as marcas no chão ao vê-la se aproximando - Acordei você, não foi? Desculpa.

- Eu ouvi você andando, aconteceu alguma coisa?

- A janela da cozinha estava aberta e alagou tudo - aponta em direção a pia - Vim fechar.

- Ah sim. Vamos voltar a dormir?

- Vamos, só vou arrumar as panelas.

- Adele, são 4h da madrugada.

- Mas bagunçou e você sabe como eu sou - sorri, agarrando-a pela cintura e a beijando rapidamente - Já volto, juro.

- Tá bom.

S/N se afastou, voltando a caminhar em direção a mesma porta que lhe levou até a cantora de intensos olhos verdes, até desaparecer e a deixar sozinha mais uma vez, e não percebendo a mulher olhando para o chão e buscando o local de saída dos passos, achando e percebendo que dava para o lado de fora.

Adele se aproximou, percebendo que a porta estava aberta, então a trancou, assim como todas as já elas, além de avisar para os seguranças o que há ia acontecido e que eles deveriam ficar carais atentos.

O relógio marcava 4h20 quando a cantora voltou em direção as escadas, subindo cada degrau e parando no meio, olhando de volta para a penumbra de sua casa e tendo a sensação de que havia alguém ali, e no momento em que voltou a subir, parou subitamente ao encontrar Florence no fim da escada e a olhando fixamente, usando um vestido esverdeado e sujo de lama e algo vermelho que parecia sangue, fios bagunçados e expressão vazia no rosto.

Adele ficou petrificada ao ver a mulher descendo os degraus e se aproximando, olhando em seus olhos e sussurrando:

- Você estava certa.

Ela seguiu pela escada, parando ao seu lado e abrindo os braços, como se fosse se jogar do local, e nesse momento Adele grita e abre os olhos rapidamente, encontrando S/N a segurando e falando:

- Calma, amor. Calma. Foi somente um sonho, calma - a abraça, sentindo o coração acelerado da cantora, que não emitia nenhum som.

Eu sinto você! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora