Medo

171 18 20
                                    

O choro contínuo escorria pelos belos olhos verdes e penetrantes de Adele, enquanto Roberth se divertia com seu medo ao puxar sua mão para trás e sussurrar:

- Vamos brincar?

No segundo andar, S/N olhava para Florence, que se mantinha parada e olhando para um canto qualquer da mansão avaliada em centenas de milhares de dólares, demonstrando não estar se importando ou hipnotizada por algo em particular.

- Florence?

A mulher de fios ruivos caminhou em direção a uma pequena escrivaninha, pegando uma bela e delicada caneta feita com pena e ponta afiada para tinta tinteiros, e nesse momento o grito de Adele ecoa e a cantora inglesa fecha os olhos e respira fundo, agarrando o objeto e voltando em direção as escadas, descendo lentamente e vendo o homem assustando Adele enquanto a prensava contra o sofá.

O medo da cantora de fios dourados era tanto que Florence conseguia ouvir sua súplica para que ele parasse e a deixasse em paz, mas ele apenas continuava e parou assim que Florence fala:

- Roberth?

Os olhos do mesmo deixaram Adele e encontraram os verdes da mulher alta, enquanto ela se aproximava lentamente com a caneta escondida em uma das mãos.

- Sai daqui! - aponta a arma em sua direção.

- Não! Deixa ela em paz!

- Sai!!

Adele se encolhia no sofá, tentando cobrir o corpo exposto e com o sutiã, apenas para se proteger de algo que sabia ser inevitável, e nesse momento S/N surge no pé da escada e corre até ela, se jogando em sua frente e encarrando o homem, que riu e disse:

- É bom vocês estarem aqui! Assim eu acabo tudo de uma vez!

Os olhos do homem sentiam a excitação do medo que estava causando, mas como uma fisgada de formiga, ele virou em direção a Florence, que sorriu ao sussurrar:

- Eu sei! É bom!

Roberth olhou para baixo, vendo a mão da cantora segurando firme uma espécie de caneta tinteiros e atravessando a pele de seu abdômen, começando a sangrar e ele apenas riu com a falha tentativa de morte.

- Você é patética, Florence!

- Sou?

- Ela pode não ter conseguido, Roberth, mas eu sim!

O homem sorriu ao ouvir a voz de S/N ecoando em firmeza profunda e certeza de que iria dar um fim em tudo aqui, então arrancou a caneta e acertou Florence com um tapa antes de virar e se glorificar de que iria ter uma madrugada animada, mas assim que virou lentamente e com um sorriso no rosto, encontrou S/N com uma pequena gloque empunhada com firmeza nas mãos, assim como sendo engatilhada e sua voz sussurrando:

- Você me ensinou a usar uma arma, lembra?

Adele se manteve atrás de S/N, escondida do olhar do homem que ergueu as duas mãos em visível medo, já que ele havia dado à mulher em sua frente todo o conhecimento que ele sabia sobre armas de pequeno porte.

- S/N? - recua, mas arregala os olhos e abre os lábios ao sentir algo lhe perfurar ainda mais fundo do que uma simples caneta, além de ouvir:

- Sua alma está entregue a mim, Roberth, e de mim você precisa pedir permissão para seguir.

Florence, que segurava uma faca, sorriu e sem pena do homem em sua frente, subiu o punhal cravado pelas costas e o ouviu suspirar e se entregar ao seu fim, mas antes complementou:

- Assim como você fez com a minha irmã, você vai morrer!

Roberth sentiu a mulher retirar o punhal com força e o manter na mão direita com seu sangue pingando, enquanto a dor se tornava insuportável e ele caia de joelhos no tapete da mansão, olhando-a nos olhos e vendo o sorriso desenhado nos lábios de Florence, que se ajoelhou em sua frente e ergueu uma das mãos, o tocando no rosto e dizendo:

- Nos encontramos no inferno, Fernando.

Ela se afastou assim que tentou tocá-la, mas acabou por cair de bruços no chão e ser abraçado por uma enorme poça de sangue que crescia a cada segundo, enquanto Adele e S/N se abraçavam e a artista plástica consolava a cantora inglesa.

Florence fechou os olhos e assim que os abriu, se viu segurando uma faca de cozinha e com as mãos cheias de sangue, mas não se lembrava de como havia feito e como havia conseguido tudo aqui, até sua ficha cair ao ver Roberth morto no chão e ela em frente.

- Não! não! Não!

A mulher olhou para frente, vendo Adele e S/N abraçadas e bem, mas ela se afastou, olhando ao redor e buscando uma explicação para o que ela própria havia feito e como matou alguém sem lembrar.

Os passos iam de um lado para o outro, até que ela parou quando ambas as outras mulheres a abraçaram e a ouviram chorar e se perguntar:

- O que foi que eu fiz?? Não! Não! Eu não matei ele!

- Calma, Florence. - pede S/N.

- Não! Não!

O corpo ensopado por sangue continuava no meio da sala como se fosse um troféu para quem quisesse observar, mas quando Florence o olhava, sentia medo por ter sido responsável por ele e não lembrar de absolutamente nada. Era como se seu corpo não fosse seu e aquele pequeno pedaço de lembrança se apagasse em um estalar de dedos.

Eu sinto você! - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora