Gift suspirou de frustração, pois ele odiava escalar. O muro era gigante.
"Quer que eu faça os buracos?" Bravery perguntou, Gift deu de ombros, Bravery começou socando o concreto.
"Não é concreto puro, olha." Bravery sorriu, Gift assentiu. O tamanho do muro já afastava os humanos, por que usar concreto armado? Embora era estranho um Nova Espécie morar ali e não se preocupar com isso.
Bravery foi socando o muro e Gift foi subindo atrás dele, quando chegaram a uma altura que lhes possibilitasse pular, os dois saltaram para dentro da casa enorme.
O Nova Espécie fodia uma humana, eles já tinham ouvido os sons, Bravery olhou para Gift com uma interrogação nos olhos.
"O coração dela está disparado, mas por causa do sexo. Ela não está morrendo, vamos." Eles entraram na casa sem fazer barulho, não havia mais ninguém no lugar, só o macho e a humana.
"Vou fazer isso durar, você é deliciosa demais para que eu te saboreie rapidamente." O macho disse por entre os barulhos de suas estocadas contra a fêmea humana que só gemeu em resposta.
Bravery fez uma careta de nojo, Gift não se abalou. Quase nada o abalava.
Eles subiram as escadas e entraram no quarto ao lado do quarto master.
Gift e Bravery sairam pela janela, se penduraram na estrutura do telhado e de lá chegaram até a janela da suíte. Gift se suspendeu , subiu no telhado e passou para o outro lado da grande janela aberta, Bravery continuou onde estava. Quando Gift voltou a se segurar na estrutura do telhado do outro lado da janela, eles acenaram um para o outro e entraram no quarto.
O macho, para crédito dele, largou a humana e se jogou em Bravery no menor tempo de reação que Gift já tivesse visto, foi incrível mesmo, ainda que ineficiente, já que Bravery era mais forte fisicamente, mesmo que fosse menor que Gift. Mas o macho não tinha como saber que sendo muito mais velho que Gift, Bravery era mais forte.
O macho socou a cara de Bravery e foi só. Bravery o segurou pelo pescoço com tanta força que ele se rendeu. Se se mexesse muito, seu pescoço quebraria.
Bravery suspendeu o macho com o braço, ele teve de esticar seu braço ao máximo, pois o macho era bem alto.
Gift aplicou a droga paralisante na coluna dele, Bravery o soltou, o macho ficou no chão imóvel.
"Quem são vocês?" A humana disse, Gift a examinou, ela não tinha gritado, só ficou na cama olhando tudo com os olhos arregalados.
"Vá embora." Gift disse, ela fez que não com a cabeça.
"Não posso deixá-lo. Eu o amo, eu preciso dele!" Ela disse as palavras de forma devagar, como se estivesse bêbada e Gift entendeu que ela estava viciada nele. Como que embriagada e foi por isso que ela não teve reação quando eles entraram.
"Bravery." Gift comandou, Bravery foi até a humana e lhe ergueu o rosto.
"Eu preciso dele. Por favor, vão embora." Ela suplicou e lágrimas desceram pelo rosto bonito dela. Gift se perguntou se ela sabia que iria morrer em breve. Talvez ela não se importasse.
"Volte para casa. Esqueça ele, esqueça o que sentiu com ele. Volte à sua vida e seja feliz." Bravery disse, seus olhos se avermelharam, mas ele continuou firme.
A fêmea humana piscou algumas vezes, mas logo vestiu um roupão e saiu do quarto. Bravery respirou fundo algumas vezes, seus olhos voltaram ao castanho esverdeado de sempre.
"Sabe que eu odeio fazer isso."
"Por mim que ela morresse de abstinência, afinal ela procurou por isso, foi burra ao se envolver com ele." Gift não tinha dó de quem procurava sua própria destruição. Se todos tivessem que arcar com o peso de seus atos, pensariam duas vezes antes de fazer qualquer coisa, teriam noção do quão frágil e preciosa era a vida, mas não era o senso comum. A maioria das pessoas se jogava de cabeça em situações perigosas e não pensavam nos riscos, nos perigos. Ele bufou, humanos eram idiotas!
O macho sibilou, Gift o jogou na cama, seu membro enorme e branco balançou, foi a vez de Gift fazer cara de nojo.
Bravery o cobriu com um lençol, ele sorriu um sorriso nojento.
"Eu não tenho vergonha do meu corpo. Eu sou perfeito. Talvez meu pênis seja um pouco maior do que vocês esperavam e isso lhes desperte um sentimento de inferioridade? Não sintam, muitos dizem que mais importante que o tam..."
"Cale a boca. Pare de falar merda ou aplicarei isso em sua garganta." Gift disse. O macho o encarou com seus olhos escuros por lentes de contato e o examinou bem.
"Eu sinto algo em você. Você não é como ele." Gift deu de ombros.
"Queremos respostas, só isso. Você fala e iremos embora."
"Por que eu lhes obedeceria? Eu ganharia o que com isso?" Ele sorriu e Bravery olhou para Gift meio perdido. Gift gostava de Bravery, gostava mesmo, talvez Bravery fosse seu amigo mais próximo, mas ele era mole demais.
"Você vai falar, por que se não, iremos lhe tirar todo o seu veneno. E não importa o tamanho do seu pau, ou todo o seu dinheiro, é o veneno que faz com que as fêmeas te amem e você não vive sem isso." Gift disse, ele piscou e sorriu. Gift sabia muito bem que cordões apertar e também sabia que aquele macho era muito inteligente. Ele não se renderia fácil.
"E podemos dar sua localização para Candid. Se lembra dele? Quando você matou Don Vickers. Lembra que Candid foi salvá-lo e quase morreu? O que acha que Candid vai fazer com você se tiver sua localização?" O macho piscou mais algumas vezes e lambeu os lábios. Gift achou engraçado que Brave também fazia muito isso. A língua deles era uma parte muito sensível.
"Ele não pode me tocar. Eu escolho quem me toca e quem morre ao me tocar." Ele disse.
Gift sorriu e o ajeitou na cama, para que ficasse sentado. Ele aplicou a droga paralisante em sua coluna no lugar exato em que ele não moveria nem braços, nem pernas.
"Acha que ninguém pode tocar em você?" Gift perguntou.
"Que tal um beijinho? Gostei dos seus lábios." O macho disse vibrando a língua para fora da boca. Gift se afastou com nojo, ele riu.
"Você me paralisou e te dou isso, mas se eu lambesse sua boca bonita, você morreria em segundos." Bravery encarou Gift, Gift se afastou.
Não, mil vezes não! Gift pensou, Bravery o encarou apertando os lábios.
"Como faz para evitar matar quem te toca? Nos responda e iremos embora."
Gift disse, Bravery fez que não com a cabeça.
"Eu não tenho por que responder! Vocês são idiotas? Por que eu diria? Para que um de vocês, e eu aposto em você, para que um de vocês foda a deliciosa Bronzy? Por que eu ajudaria?" Ele disse apontando para Gift.
"Eu posso tocá-la, esse não é o problema." Gift disse.
"Não. Não pode! E eu estava certo, você está louco pela bucetinha intocada dela, não é?" Gift o socou com tanta força que o maxilar dele quebrou em dois lugares, a cara dele ficou grotesca.
"Não fale assim dela!" Gift rosnou.
Ele tentou rir com a mandíbula quebrada, Bravery olhou para Gift como que pedindo para ele consertar o rosto do macho, afinal ele não podia tocá-lo, só Gift.
Mas o macho continuou rindo com a cara torta até que os ossos de seu rosto voltassem ao lugar. Ele tinha lágrimas nos olhos, mas ninguém nunca tinha podido fazer algo como aquilo, Bravery, para desgosto de Gift, arregalou os olhos.
"Eu não sou só uma carinha bonita com um pênis delicioso, eu sou cheio de truques." Ele disse sorrindo.
"Você deve ter uma fórmula. Nós dê e iremos embora." Gift disse.
O macho o encarou e começou a piscar enquanto o olhava até que as lentes de contato lhe saíssem dos olhos. Olhos verdes de cobra, feios, com uma pupila enorme. Ele sorriu.
"Você pode mesmo me tocar e isso só pode significar uma coisa. Uma coisa bem embaraçosa." Ele começou a rir, gargalhar, Gift ia voar nele, Bravery o segurou.
"Lembre-se do que Noah disse. Ele é astuto como uma cobra, lembre-se disso, Gift, por que eu não posso com ele." Bravery sussurrou.
Ainda que o tempo de reação do macho quando eles entraram no quarto foi muito rápido, ele esqueceu de fazer seu corpo liberar veneno e quando Bravery o pegou pelo pescoço, ele ainda estava no estado em que era possível tocá-lo. Mas agora, ele estaria mortal. E para deixar isso bem claro, o macho cuspiu neles, Gift só teve tempo de ficar a frente de Bravery e receber a cuspida em seu rosto. Mesmo sendo imune sua pele ardeu até que ele limpasse sua bochecha com a mão.
"Você só pode ser filho de Sophia. O irmão gêmeo de Bronzy? Ou um dos outros dois?"
"Fale onde está a fórmula e vamos embora." Gift disse.
"Ou o quê? Você não parecia tão idiota quando entrou aqui. Você não tem com o que barganhar. Eu tenho o que você quer e você não tem nada que... Que eu queira." Gift sorriu, olhou para Bravery, Bravery assentiu e foi ficar atrás da cama, fora do alcance do macho. Gift saiu como um raio do quarto.
"Matt! Corra! Fuja, meu filho! Fuja!" O macho gritou a plenos pulmões, mas Gift foi mais rápido. O tal Matt entrou no carro que tinha deixado parado na entrada da casa, mas era brincadeira de criança para Gift pegá-lo.
Foi tão fácil que Gift mal suou. Ele saltou sobre o carro, Matt, jogou o veículo de um lado a outro, mas Gift socou o teto do carro até que o rompeu e pelo buraco bateu a cabeça de Matt contra o volante muitas vezes até o carro parar contra um muro. Gift pulou no chão e arrancou a porta do carro, mas Matt estava preparado para ele. Quase preparado. Gift desviou da primeira cuspida de veneno, a segunda lhe acertou bem num olho, isso o enfureceu tanto que Gift lhe jogou do carro e subindo sobre seu corpo socou sua cabeça muitas vezes, mesmo Matt já tendo desmaiado.
"Filho da puta!" Gift disse com muita raiva ao sentir seu olho queimando. Ele entrou no carro dando graças a Deus por ter uma garrafa de água no porta copos. Gift lavou seu olho usando toda a água até que seu olho parou de arder.
Sua visão ficou um pouco embaçada, mas seus genes Nova Espécie dariam um jeito naquilo.
Ele jogou o idiota dentro do carro, colocou também a porta arrancada sobre o capô e empurrou o carro de volta a casa.
A casa ficava num lugar ermo, desses que você tinha que ter muito dinheiro para comprar, mas isso serviu ao propósito de Gift no fim das contas.
Ele deixou o carro na entrada, fechou o portão, jogou o macho nos ombros e voltou ao quarto. Lá o macho estava com a cara coberta por uma calça jeans e Bravery se lavava no banheiro.
O ar estava saturado de veneno, Gift entendeu quando Noah lhe pediu que cuidasse de Bravery.
"Bravery, fique um pouco lá fora, eu dou conta." Gift disse, Bravery, porém apareceu no quarto com um grande balde cheio d'água e o jogou sobre o macho na cama.
Gift sorriu, enquanto Bravery ia ao banheiro e enchia o balde de novo. O macho sibilou por baixo da mordaça improvisada.
Gift aplicou a droga paralisante em Matt e o sentou na cabeceira ao lado de seu pai. Bravery veio com mais água fria e jogou neles, Gift riu.
"Parece que agora temos o que barganhar com você. Fale e não mato seu filhote."
O macho balbuciou por baixo da mordaça, Gift a tirou.
"Você não o mataria. Você é Nova Espécie, vocês são incapazes de matar."
"Você também é Nova Espécie."
"Eu não diria isso. Eu sou diferente."
Ele disse, Gift sorriu.
"Eu sou ofídico também, então, isso significa que posso te matar. Ou matar ele. Eu faria. Por minha irmã."
"Você a ama. Como seus pais lidam com isso? Vocês são irmãos."
"Isso não é da sua conta. Diga o que eu quero saber e eu e Bravery iremos embora."
"Pai? Quem são eles?" Matt disse com a voz baixa, ele tentou erguer as mãos e sibilou ao ver que não conseguia.
"O que fizeram comigo? Pai! Quem são eles?" Ele disse desesperado, Gift sorriu para o macho mais velho.
"Eles são Novas Espécies, filho. Querem saber como podemos tocar as pessoas. A irmã desse aqui, ela não pode."
"Nós podemos tocar os outros, nós nascemos assim! Eu sinto muito por sua... Peraí, sua irmã é..." Ele arregalou os olhos, Gift apertou os olhos para ele.
"Exato, Matt. A irmã dele é a Bronzy."
"Mas você disse que ela tinha morrido! Você disse que a casa foi invadida!"
"Foi. Ela tinha desaparecido, eu pensei que ela morreu. E ninguém pediu mais o antídoto para ela, o que queria que eu pensasse? Ela não viveria sem o antídoto." O macho disse para seu filho.
"Eu faço o que você quer, mas eu quero vê-la." Matt disse, Bravery sorriu, o idiota.
"Não. Você não está em posição de barganhar. Me dê o antídoto ou morre."
"Não. Ou eu falo com ela, ou nada de ajuda." Matt disse e seus olhos de cobra estavam determinados.
"Bronzy não precisa mais da fórmula. Seria apenas para que ela pudesse tocar nas pessoas. Se não nos der a fórmula nos nossos termos, iremos embora." Gift disse.
Matt o encarou e ele viu uma alma simples, ainda que fosse sagaz como qualquer ofídico. Até Bells que era a simplicidade e pureza em pessoa tinha um ou outro momento de esperteza.
"Ela libera veneno quando goza. E não importa o que façam, não conseguirão impedir isso. Não há fórmula para impedir isso, mas eu posso ajudá-la, posso ensiná-la a controlar." Ele disse e era verdade, Bravery encarou Gift.
Gift travou a mandíbula. Já não bastavam Noah e Salvation? Agora mais aquele ali? E ele podia tocá-la, ele podia...
"Não. Você está mentindo. Me dê a fórmula ou morra."
Bravery olhou com espanto para Gift.
"Talvez..."
"Cale a boca, Bravery. Ela é minha irmã, eu decido." O macho mais velho começou a rir.
"Ele a ama. Mas são irmãos e pelo que parece ninguém apóia isso. Ou..." Gift lhe socou a cara, mas não com tanta força.
"Ou ela não o ama." O macho odioso continuou rindo, o filhote olhou Gift com pena. Gift queria sentir raiva dele, raiva dos olhos verdes, do cabelo estranho com alguns fios vermelhos, brancos e pretos, raiva do rosto perfeito, da pele branca e lisa. Mas ele era bom, Gift sentia isso, bom como um ofídico poderia ser, é claro.
"Faça o que quiser, irmão da Bronzy. Mas eu só vou ajudar se conversar com ela." Matt disse.
"Gift. Acho que não temos escolha." Bravery disse, Gift voou para cima de Matt e o socou várias vezes, muitas vezes. O pai dele sibilou e cuspiu e gritou de ódio, Gift o ignorou e continuou batendo. Depois, ele suspirou e saiu de cima da cama. O rosto bonito de Matt tinha virado uma pasta de sangue.
"Isso foi só um aviso. Toque-a do jeito errado e vai desejar ter morrido hoje."

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General FictionQue tal não dizer os protagonistas dessa história? Talvez ir escrevendo e deixar que eles assumam o protagonismo? Ou deixar vocês escolherem? Bom, essa é a proposta dessa história. Eu tenho dois personagens os quais /adoraria escrever, mas vou deix...